O inédito GreNal das Américas acaba em confusão na Arena do Grêmio

Nesta quinta-feira (12) o Tricolor entrou no gramado da Arena para, pela primeira vez na história, enfrentar seu maior rival, Internacional, em uma das competições mais importantes do mundo, a Libertadores da América. O GreNal das Américas acabou em 0x0.

Neste dia houve uma novidade feminina no setor Tricolor. Após mobilização intensa de gurias da torcida gremista, a prefeitura de Porto Alegre disponibilizou dois ônibus para a linha exclusiva feminina, com o intuito de incentivar as mulheres a comparecer mais aos jogos da cidade. A linha F04.1 Futebol Especial Arena Para Mulheres tem a ideia de ser uma opção para as torcedoras que não se sentem seguras nos outros transportes.

Em uma semana de Champions League, as atenções se voltaram às estrelas azuis e vermelhas e o GreNal 424 era o assunto para gremistas, colorados e todos aqueles apaixonados por futebol. Na Arena, 53.389 pessoas esperavam o maior clássico brasileiro iniciar. A transmissão da partida era apenas no Facebook da Conmebol Libertadores Bridgestone.

A festa foi linda… Bobinas, faixas, fogos e o som mais emocionante de “Canto pro meu Tricolor, meu único amor” fizeram da entrada dos jogadores um espetáculo para arrepiar qualquer um.

Com toda a certeza, era o duelo mais aguardado e difícil do grupo E da Libertadores. O #GreNalDasAméricas, às 21:00, pelos pés de Diego Souza, havia iniciado.

Nos primeiros 45′ de jogo, ambos os times não usaram muito da criatividade, foi um jogo mais truncado, nenhuma equipe se arriscava. Porém, houveram algumas chances de gol. Do lado vermelho, Boschilia teve a chance de abrir o placar mas, na cara de Vanderlei tentou cavar e mandou pra fora. Pelo Grêmio, Geromel cabeceou a bola e Lomba defendeu. A primeira etapa terminou em 0x0.

No período complementar da partida, as duas equipes entraram dispostas a sair com a vitória e liderança do grupo. Ainda assim, haviam sinais de tensão tanto do lado vermelho, quanto do lado azul. As alterações iniciaram com Jean Pyerre no lugar de Maicon, que saiu sentindo. O nosso camisa 21 já entrou dando trabalho ao goleiro colorado. Em chute de fora, Lomba fez uma bela defesa. Em resposta, Edenílson chuta e a bola bate na trave gremista. Percebendo a dificuldade do time, Renato tira Alisson e põem Pepê pra jogo, aplaudido pela torcida. Em sua primeira jogada, o craque sai da ponta direita, dribla todos os jogadores até chegar do lado esquerdo, invade a área e chuta cruzado mas Marcelo Lomba intercepta o que seria um belo gol de placa do guri.

As emoções não acabaram. O time colorado fez uma bela jogada coletiva, Guerrero lançou para Boschilia e o mesmo, livre, carimbou novamente o poste. O grito de gol vermelho e branco ficou entalado outra vez, para nosso alívio. No contra-ataque, Éverton faz lindo lance individual e pifa Luciano, que entrou no lugar de Diego Souza, o mesmo domina e sozinho, de frente para o goleiro, tenta cavar e chuta para fora. Era a chance do jogo, a chance da vitória, da liderança. Luciano a desperdiçou.

O jogo entrava nos seus minutos finais quando, Pepê sob marcação de Moisés cai no chão. O jogador colorado, na maldade, chuta o atacante na costela. A confusão se deu por iniciada. Pepê não se conforma e num cara-a-cara tornou-se pancadaria. Banco de ambas as equipes invadiram o gramado e houve um misto de jogadores que tentavam separar aqueles que, a chutes, tapas e socos, manchavam o clássico histórico. Nesta confusão, o árbitro expulsou Pepê, Moisés, Luciano e Edenílson.

Quando tudo parecia ter se acalmado, houve o início de uma nova confusão, com maior amplitude. Jogadores já haviam esquecido seu propósito, eram diversas brigas no gramado. Chutes em jogadores caídos, socos e discussões terminaram em mais expulsões. Desta vez, Caio Henrique, Paulo Miranda (banco), Victor Cuesta e Praxedes (banco) receberam cartão vermelho.

Após 12 minutos de briga generalizada, O #GreNalDasAméricas terminou em formato de society, 7×7. Neste momento, o Grêmio foi superior. Num ataque contra defesa e apenas um atacante, o Tricolor mostrou a superioridade que não teve no jogo todo. Nos últimos instantes, Lucas Silva teve a última bola do jogo e carimbou o travessão. Assim acabou o clássico. Empatado e marcado pra sempre na história como um dos maiores vexames do futebol.

A transmissão do jogo bateu o recorde do Facebook. No jogo entre Borussia Dortmund x PSG, 1,2M de internautas. No GreNal, 2,1M.

As entrevistas coletivas foram polêmicas, o presidente colorado Marcelo Medeiros afirmou “Ficamos com vergonha“. Renato foi mais sincero e disse “O Grêmio está a sete GreNais invicto. Nós procuramos jogar futebol. Já percebeu quem sempre começa as confusões? Não vamos dar a cara pra bater, mas meu time não vai apanhar. Se tem homens lá, aqui tem também“e concluiu, “Vergonhoso. Vergonhoso pro Grêmio, vergonhoso pro Internacional, uma coisa que ficou feia”. Pedro Geromel capitão do Tricolor, se diz triste pelo que ocorreu “Temos a oportunidade como jogador de futebol de dar o exemplo e não demos, me sinto envergonhado”.

Opinião:

Toda e qualquer violência no futebol deve ser repudiada. Times que são favoritos para conquistar a taça mais importante do continente não podem deixar uma briga tomar essa proporção. Foi errado. Foi errado, obviamente, Moisés chutar o Pepê. Foi errado Pepê cair na pilha. Para quem não sabe, Moisés já teve pedido de prisão do STJD/RJ por ter pisado de propósito em um atleta do Famengo em 2018, teve contrato rescindido com o Bahia por violência e no GreNal 423 pisou em Alisson. O mesmo atleta deu o estalar de dedos para o início da confusão. Não há como fugir disso. Não há como negar.

Nos dias de hoje muita gente critica o futebol por ter uma visão modernista, onde não se pode zoar o outro time, zoar os jogadores. Mas o GreNal é diferente. É um dos clássicos mais disputados no Brasil, as brincadeiras são regulares (Valsa dos 15 anos, GreNal do Trator, 5×0…), aqui parece que o “futebol é raiz”. Num clássico todos sabem que o sangue ferve, a vontade de vencer é presente, sabe que o Brasil para pra olhar pela história de rivalidade. Os jogadores sabem disso. Torcedor sabe. Em uma live no Facebook, 2,1 milhões de pessoas estavam assistindo a uma briga entre dois dos times mais tradicionais da América. São 2 milhões e 100 mil pessoas assistindo a outras 30 levarem socos, chutes e proferirem palavras ofensivas.

O futebol é uma das culturas mais presentes e lindas que esse país tem a oferecer. As brincadeiras são sim necessárias para manter a rivalidade sempre presente, para ser um clássico diferenciado dos outros. A amplitude dessa briga não foi necessária, foi errada, cruel e vergonhosa.

Chega ser engraçado ver os times em suas redes sociais pedindo com o maior apelo para que aja paz nas arquibancadas, para que torcedores não briguem, não pratiquem atos cruéis sendo que são os seus jogadores que praticam a violência dentro do gramado. A influência disso é totalmente negativa, o clássico não pode ser assunto por conta de confusões, ele deve ser mostrado por seu futebol intenso, suas brincadeiras e sua rivalidade. A paz no GreNal não vale apenas para torcedores.

Aos próximos clássicos do ano espero que o ocorrido não volte a acontecer. A rivalidade GreNal é maior que tudo isso.

Destaque: Pedro Geromel, sem dúvida, foi o cara do jogo. Desarmes precisos, presença na área e maturidade perante a confusão fez mais uma vez do nosso capitão o destaque de uma partida da Libertadores.

O Grêmio entra em campo amanhã, domingo (15/03) para enfrentar o São Luiz, em casa, pelo Campeonato Gaúcho, nesta rodada os portões estarão fechados por conta da pandemia do Coronavírus. No próximo dia 21/03 haverá outro clássico GreNal, no Beira-Rio, também pelo Campeonato Gaúcho.

Vamos, Grêmio!