Las canchas de Independiente: da rua Boyacá a Avellaneda

O Club Atlético Indepediente já teve várias casas ao longo de seus 115 anos. A atual é o Estádio Libertadores de América, em Avellaneda. Sua capacidade é de mais de 50 mil torcedores. A cancha que tem uma arquitetura diferente das que são comuns na América do Sul foi inaugurada neste século após a demolição da antiga casa do Rey de Copas.

Veja a história das canchas até a chegada em Avellaneda. Para um detalhamento maior, a história sobre os campos e estádios dos Diablos Rojos será divida em duas partes. Esta é a parte 1.

Lembrando que esta é a segunda matéria da série que conta as peculiaridades do Clube de Avellaneda. A primeira foi contanto a história de fundação da instituição e como foram os primeiros momentos lá na década de 1900. Além dessa, teremos outras pela frente. Confira no link abaixo a primeira.

Primeras Canchas

Por conta da falta de recursos e também da forma como o futebol se estruturava à época, o Indepediente Football Club não tinha um estádio e sim um campo arrendado. A primeira casa do time foi na rua Boyacá cruzando o Arroyo Maldonado. Ali era, até então, uma zona quase que rural de Buenos Aires. O field dos Diablos Rojos ficava próximo da sede do Argentino Juniors.

Apesar das dificuldades, os jovens fundadores estavam felizes, pois tinham um lugar para iniciar a história do que viria a ser um dos maiores clubes do mundo. O custo mensal era de doze pesos. O campo, marcado com cal, tinha 107×56 metros. Uma medida parecida com o atual padrão FIFA que é de 105×68 metros.

A primeira partida registrada na história do campo foi no dia 19 de março de 1905. A escalação para o jogo contra o Almirante Togo vinha com Arístides Langone; Víctor Camino e Andrés Ferrier; Cristóbal García, E. Marchese e Juan Darnay; Alfredo Langone, Rosendo Degiorgi, Antonio Cabana, Alejandro Dumé e Ernesto Degiorgi. O jogo não chegou no final, mas foi paralisado com vitória do Independiente por 1 a 0.

Foram 25 jogos ali, doze vitórias, quatro empates, cinco derrotas, um jogo suspenso e outros três com resultados desconhecidos. O último jogo ali foi dia 10 de setembro do mesmo ano contra o Estudiantes Juniors.

A segunda casa teve demora pouca. Durou apenas três meses, de setembro a novembro de 1905. O lugar era apenas a cinco quadras do antigo campo, que teve de ser deixado por conta da abertura da Rua Camarones. O local escolhido para a seguir ficava na Bella Vista com el Camino de San Martín (hoje, Donato Álvarez com Avenida San Martín).

Mesmo perto da antiga casa, ali era uma zona mais acessível a todos e isso provocou um crescimento do Indepediente. Com mais sócios e pessoas envolvidas, o Clube organizou seu primeiro campeonato: o Torneio Indepediente.

Veja um mapa de onde ficavam o primeiro, segundo e quatro campo do Independiente (Foto: Indepediente)

O terceiro lugar que o Independiente jogou ficava num lugar conhecido como Plaça de Exercícios Físicos do Colégio Nacional do Oeste (atual Colégio Nacional Mariano Moreno). Com uma nova diretoria, porém com poucas mudanças, a primeira ação foi essa mudança de casa para atender algumas necessidades do time.

Imagem da tercera cancha (Foto: Independiente)

O custo desse terreno era de dez pesos mensais, o que era mais vantajoso que o anterior e contia medidas regulares, alambrado e uma bilheteria. Com esse novo local, o Independiente começou a saga para se associar à AFA (Associação de Futebol Argentino), mas no momento de verificar o campo, ele foi negado pela instituição. O motivo foi o mau estado do gramado

Localização do terceiro campo do Independiente (Foto: Independiente)

Volta ao Arroyo Maldonado

Uma nova diretoria assume o Clube e decide voltar a zona de onde o time havia saído, a zona do Arroyo Maldonado em 1906. Não fazia sentido ficar no Colégio Nacional Oeste e não poder disputar partidas da liga ali.

A localização (como pode ser vista no primeiro mapa) era em uma parte melhor da região, livre de alagamentos e com uma melhor condição para jogar futebol. O lote escolhido ficava em Espinosa e Dorrego, delimitado por Cuca Cucha e Fragata Sarmiento.

A estreia foi em 27 de maio de 1906 com uma vitória sobre o Mariano Moreno A por 3 a 0. Ao todo, o Rey de Copas disputou ali 15 partidas e encerrou seu segundo ano de vida ali.

Ida para Avellaneda

A história do Independiente não começou em Avellaneda apesar de todos associarmos a região ao Rey de Copas e foi ali que ele cresceu e conquistou o mundo. A ida para Avellaneda aconteceu por volta de 1907.

A comissão, composta por Arístides Langone, Antonio Diez, Juan Darnay, Severo Rodríguez e Carlos Degiorgi, foi designada a achar um novo campo para o Clube. A ideia de ir para a cidade de Avellaneda veio de um amigo de Degiorgi, Juan Irigoyen.

A zona escolhida era a chamada Quinta de Núñez e o campo ficava em frente a rua Manoel Ocantos. O custo do campo era de quinze pesos mensais e o vínculo era de cinco anos.

Além do campo em si, o Independiente alugou um prédio para colocar a sua bilheteria pelo custo de mais dez pesos. O Clube não tinha recursos próprios para manter-se ali e então, os diretores tiravam dinheiro do bolso para pagar o aluguel.

Eles também construíram outra bilheteria, um sala de banho que era usada como vestiário e ampliaram o campo. Tudo com suor e dinheiro deles. Eram dois turnos de trabalho: um com Degiorgi, Langone e Ernesto Maillard e outro turno com Diez, Severo Rodríguez e Juan Irigoyen. O primeiro construía a casinha e o segundo era responsável pela ampliação do campo.

O primeiro jogo disputado ali foi o com o Colón de San Telmo, no dia 3 de fevereiro de 1907, válido pelo Campeonato de Verão da Liga Central de Futebol.

Dois meses depois, 3 de abril de 1907, às 16 horas vivemos um dos relatos mais lindos da história do Independiente. Era o momento da inspeção da AFA para ver se o Clube seria aceito ou não na Associação. Quem comandava era o Doctor Reyna. Era a hora de ver se o esforço de meses e meses valeria ou seria em vão. Reyna verificou, avaliou e falou para Langone e Degiorgi que o campo não estava em condições.

Nesse momento, Degiordi trouxe Reyna para um canto e começou a argumentar com ele: “Você vê tudo isso? É uma obra de patriotismo e amor ao esporte, meus companheiros e eu que fizemos isso, investimos nosso físico e dinheiro aqui. Seria uma falta de consideração você inabilitar esse campo para o futebol. Logo, quero que você aceite para que no próximo ano a gente coloque em melhores condições”. Depois de uma curta deliberação dos membros da AFA, eles chegam com o veredito: “aceitamos vosso campo, não por suas condições, mas por seu sacrifício”.

No domingo, 27 de abril, o Independiente jogou sua primeira partida oficial da história e perdeu para o Club Comercio por 3 a 1. O time foi a campo com Ernesto Maillard; Elías Cafferata y José Irigoyen; Américo Pozzo, Alfredo Langone y José Hermida; E. García, Juan Irigoyen, Armando Guichandut, Miguel Fasullo y Blas Guichandut.

O primeiro triunfo foi contra o Nacional por 2 a 0 em 19 de maio. Foi nessa cancha que a camisa branca foi deixada para a vermelha assumir o protagonismo. A estreia com ela foi com uma goleada por 9 a 2 no Banfield. Tivemos ali o primeiro jogo internacional del Rojo, empate com o Bristol de Montevidéu em 1 a 1. Sua última partida ali foi contra o mesmo Nacional em junho de 1911.

Entre 1907 e 1911 foram 36 partidas, 24 vitórias, quatro empates e oito derrotas. Fez 83 gols e tomou 37. Além disso, passou 1908 invicto ali.

Cancha em Manoel Ocanto (Foto: Independiente)

E assim, encerro a primeira parte da história sobre os locais que o Independiente já mandou seus jogos. Na segunda, falarei sobre a consolidação do Clube em Avellaneda até a chegada no grande e belo Libertadores de América.