Há 45 anos, o Internacional conquistava o primeiro título Brasileiro do Rio Grande do Sul. Na tarde nublada do dia 14 de dezembro de 1975, Internacional recebia o Cruzeiro no Beira-Rio para o jogo único da final. Um risco de raio solar atravessou as nuvens iluminando o zagueiro Figueroa que consagrou a campanha magistral do colorado num cabeceio para o gol.
No começo do ano, Inter foi convidado a fazer uma turnê pela Europa. Durante 5 semanas, Rubens Minelli comandou o time, implementando sua filosofia de jogo. Uma das chaves para o sucesso da temporada foi o comprometimento da equipe com as ideias do técnico. Em uma entrevista para o site do clube, Rubens falou: “Os jogadores obedeceram, taticamente, religiosamente aquilo que eu pretendia. Eles passaram a acreditar em mim e então nós modificamos tudo. Começamos a marcar a saída de bola dos adversários, a treinar jogadas ensaiadas…”
O tempo na Europa foi fundamental para concretizar o estilo de jogo e para conquistar notoriedade. Foram 14 partidas, com 13 vitórias e 1 empate. Ao retornar para o Rio Grande do Sul, o Clube do Povo precisava defender o título gaúcho. A grande final foi um clássico Grenal, com vitória colorada com gol de Flávio na prorrogação. Assim, o Inter conquistava o Heptacampeonato gaúcho.
Na primeira fase do campeonato, foram 8 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota dentro do grupo D. Apesar de ser o time com maior pontos entre todos os grupos e com um dos melhores ataque, havia cobrança e até vaias por parte da torcida quando goleadas não aconteciam. O técnico Rubens Minelli precisou deixar um recado para os torcedores: “A torcida precisa se convencer de que, daqui para frente, goleadas serão exceção”.
Do mesmo modo, na segunda fase, Inter liderou o grupo 2. Com 5 vitórias, 4 empates e 1 derrota, somando 19 pontos. Já na terceira fase, o colorado ficou com a segunda posição, atrás do Santa Cruz. Classificado para as semifinais, o Clube do Povo encarou o líder do outro grupo, Fluminense.
O desafio de enfrentar o Maracanã com 97 mil pessoas não intimidou o time do Internacional. Com gols de Lula e Carpegiani, o clube gaúcho parou a “Máquina Tricolor”. Agora restava apenas um jogo para o Inter conquistar o primeiro título brasileiro.
Nos 7 dias, que separaram a semifinal e a grande final, o técnico Minelli sofreu com a dúvida de ter ou não a sua disposição o goleiro Manga e o craque Lula. Durante o treino na segunda-feira, Manga machucou dois dedos do pé. “Fui ao Hospital e colocaram uma tala de gesso. No domingo, estive no vestiário às duas da tarde e falei para o doutor que ía jogar. Ele não acreditava, mas eu pedi que ele tirasse o gesso”: contou ao site colorado. Já o camisa 11 permaneceu com o joelho inchado durante a semana devido um impacto no jogo contra o Fluminense. Lula, como Manga, também não deixaria de jogar esse jogo tão importante para história do clube: “Não vou ficar fora desta decisão de jeito nenhum.”
Com mais de 80 mil pessoas no Beira-Rio, Rubens Minelli escalou o time para enfrentar o Cruzeiro: Manga; Valdir, Hermínio, Don Elias e Chico Fraga; Caçapava, Carpegiani e Falcão; Valdomiro, Flávio e Lula. Do outro lado, o clube mineiro tinha nomes destaques no futebol como Nelinho, Raul Plasmann, Piazza, Zé Carlos, Palhinha e Joãozinho.
Aos 12 minutos do segundo tempo, após cruzamento de Valdomiro, o capitão subiu mais alto e cabeceou direto para o gol. O único raio de sol naquele momento no Beira-Rio, dito como divino por muitos, iluminou o zagueiro chileno que ao se deslocar em direção para grande área sabia que faria gol. Figueroa gritou: “Hermínio! Eu vou fazer o gol.” Dito e feito. Era a consagração do primeiro título brasileiro do Inter e do Rio Grande do Sul.
Fotos e informações de entrevistas do site do SCInternacional
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