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Entrevista com Gabi Marranghello, jogadora do Internacional

Gabriela Marranghello Luizelli, natural de Porto Alegre tem 31 anos e joga como volante no Internacional

 

1- Para torcida colorada conhecer um pouco mais sobre a Gabi, comente um pouco sobre a sua carreira, jogando no Brasil e na Itália.

R: Fiz toda minha base dentro do Inter. Até 2004, quando o Inter desativou o futebol feminino. Fazia parte na época do sub-15. Após isso, passei muitos anos jogando futsal, o esporte que me abriu muitas oportunidades e desafios, inclusive de jogar fora do país. Passei por clubes tradicionais no Brasil e Itália. Ganhei títulos e principalmente, cresci muito como atleta e pessoa. Em 2017, retornei a Porto Alegre quando o Inter reativou o departamento feminino. No ano de 2018, por algumas escolhas pessoais, acabei indo jogar em Foz do Iguaçu, tendo um ano de muito aprendizado lá, disputando o Campeonato Brasileiro A-1 e o Campeonato Estadual. Em 2019, tive mais uma curta passagem pela Itália no primeiro semestre do ano, e após isso, retorno ao Inter novamente, onde estou até hoje.

 

2- Durante a sua carreira, quais as maiores dificuldades que você encontrou pelo caminho para seguir no futebol feminino?

R: Acho que a maior dificuldade que encontrei foi, após a desativação do futebol feminino no Inter e Grêmio no meio da minha base, ter bons campeonatos e estruturas para seguir no esporte. A falta de incentivos na época, e dos clubes de expressão também, dificultou muito o desenvolvimento do futebol feminino como um todo de atletas e equipes.

 

3- A sua irmã, Duda, é uma referência no futebol feminina no estado. Qual foi a influência dela na sua decisão de se tornar jogadora?

R: A influência com certeza e total. Ela que me incentivou desde pequena e ao mesmo tempo sempre me deixou a responsabilidade de frente. Cresci dentro do Beira-Rio por causa dela. E isso me permitiu vivenciar tudo desde cedo e ter certeza do que eu queria fazer quando crescesse.

 

4- Como está sendo a sua trajetória vestindo a camisa colorada? Tem algum sonho vestindo a camisa do Internacional?

R: É uma experiência única defender o teu time de coração. Eu sou muito grata por estar realizando um sonho de criança, e poder vivenciar o crescimento do futebol feminino no país e, principalmente, dentro do clube. O sonho hoje é um objetivo: é colocar o Inter entre os melhores times do Brasil. Ganhar o Campeonato Brasileiro, com certeza, seria uma grande conquista.

 
Foto: Mari Capra/SC Internacional.
 

5- Em 2017, a equipe colorada venceu o Grêmio de virada por 3 a 1 e conquistou o título do Gauchão nos pênaltis. A virada começou com um gol seu. Como foi o caminho percorrido pela equipe naquele ano até a final? E o que significou esse título para você?

R: Foi um ano muito especial. Ver o departamento feminino voltar e receber o convite pra abraçar aquele projeto foi incrível. Recomeçamos do zero. Passo a passo criamos um grupo espetacular que abraçou a ideia de todos os envolvidos. O título, em cima do Grêmio, que vinha da disputa de um Campeonato Brasileiro, foi uma conquista pra solidificar todo o trabalho de reestruturação do departamento feminino. Um projeto que foi crescendo e ganhando espaço e visibilidade devido ao planejamento e aos resultados que fomos apresentando. O dia da final dentro do Beira-Rio o ambiente parecia mágico. Aquele dia vai ficar pra sempre na minha memória. Levantar a taça dentro do estádio que eu cresci, com a camisa que eu sempre amei, talvez não tenham palavras pra descrever.

 

6- Ano passado, as Gurias Coloradas tiveram uma campanha impecável e conquistaram o Gauchão. Como o trabalho realizado ano passado contribui para o desenvolvimento da equipe esse ano em busca dos objetivos?

R: Ano passado foi um ano especial também. O primeiro ano do time na elite do futebol feminino do país. Foi um ano de afirmação, mas acima de tudo, de muito crescimento para todos. Com certeza, o ano passado nos deixou muitos aprendizados e elevou nossos objetivos para esse ano. A responsabilidade aumenta, mas a motivação mais ainda.

 

7- Em relação ao apoio ao futebol feminino, na visão da atleta, acredita que já houve mudança desde que começou a carreira? O que acredita que ainda precisa melhorar?

R: Ver o crescimento do futebol feminino do país é uma das coisas que mais me deixa feliz. A visibilidade que estamos ganhando é muito importante. Ainda temos muito o que crescer, o potencial é enorme. Arrisco a dizer que será uma das modalidades que mais vai crescer nos próximos anos.

 

8- Quer deixar uma mensagem para torcida colorada e para os amantes de futebol feminino? E para as gurias que sonham em jogar futebol, algum recado em especial?

R: A mensagem é uma frase que tenho tatuada em latim. Com trabalho e empenho tudo se alcança. Não existe fórmula mágica. O sucesso só vem com o esforço diário de cada um que faz parte de um grupo. O objetivo e a motivação precisam sempre ser maiores que tudo. Para as meninas que sonham em jogar futebol: acreditem, treinem e venham jogar no Inter.

 

Foto em destaque: Mari Capra.