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Entrevista com Julia Daltoé, jogadora do Internacional

Julia Daltoé, tem 18 anos, é jogadora do Internacional e coleciona convocações pela seleção brasileira nas categorias de base.

Desde bem nova, Julia já jogava futebol com primos e amigos. Mas começou a jogar mesmo futebol quando seus pais a colocaram em uma escolinha. “Mesmo nova era uma coisa que eu gostava de fazer muito, se eu não ia para escolinha eu chorava porque queria ir todos os dias”. O amor pelo esporte começou dessa maneira:  “Foi assim que tudo começou minha família me apoiando, me levando aos treinos, aos jogos, jogando futebol comigo”.

Aos 12 anos, participou de um teste para jogar em Chapecó. Sozinha, ela se mudou para Santa Catarina para seguir o sonho de jogar futebol. No começo da sua formação, intercalava entre campo e salão, algo bem comum entre muitas atletas. “Eu comecei no futsal e um ano antes de eu ir para o Inter eu me dediquei só ao campo”. Toda a sua formação foi na equipe da Chapecoense desde os seus 12 até os 16 anos.

Chegada no Inter

Em 2017, após participar da Copa Encantado com a Chapecoense, a técnica do Inter na época, Tatiele Silveira,  demonstrou interesse pela Julia e fez o contato para tentar levá-la para a equipe colorada. “Para qualquer guria que joga futebol, com certeza, é o sonho jogar no Inter. Então nem pensei duas vezes”. Voltar para o Rio Grande do Sul e estar mais perto da família também influenciou na sua decisão. Além, é claro, do fato de ser torcedora colorada.

Com 16 anos, chegou em Porto Alegre e já integrou a equipe profissional do Inter, jogando o Campeonato Brasileiro A2.  “Essa transição da base para o profissional foi muito boa para mim, a troca da Chape para o Inter naquele momento. Eu era nova e já estava tendo essa experiência de jogar com jogadoras adultas que já tinham passado pela seleção, que eram mais experientes que eu.”

“Em 2019, foi nosso primeiro ano no Brasileirão A1 e ficamos em quinto lugar. Foi um investimento muito grande por parte do Inter que deu muito resultado.” No mesmo ano, a equipe conquistou o campeonato gaúcho adulto também. Já pela categoria sub-18, Julia participou da conquista do Brasileiro sub-18. “O título mais importante do Inter até agora, desde que voltou com o feminino, foi o Brasileirão sub-18. É um título de muita expressão para futebol feminino gaúcho e brasileiro porque foi um título histórico. Foi a primeira edição do campeonato e foi disputado entre grandes clubes, como Santos, São Paulo, Chapecoense”.

julia
Seleção Brasileira

Em 2017 também, Julia foi convocada pela primeira vez para a seleção brasileira. “Eu recebi a notícia na escola, tava estudando foi muito legal porque eu não esperava”. No ano de 2018, disputou o campeonato sul-americano vestindo a amarelinha na Argentina. “Foi muito legal, meu pai tava lá me apoiando. A minha família estava assistindo porque era um campeonato transmitido. Minha primeira competição pela seleção brasileira e a gente pode ser campeãs.” Depois disso, participou também da Copa do Mundo, jogando contra grandes seleções, como Japão e México.

Como foi a experiência de poder disputar competições internacionais?

“Nós tivemos o prazer de jogar contra o Japão que é uma das melhores escolas do mundo. Elas jogam tudo igual tudo muito bem treinado. Não que o Brasil não esteja nesse nível, mas tá melhorando. Jogando contra, nós podemos perceber a diferença entre uma seleção e outra. Nós pudemos analisar os jogos. Eu vejo uma evolução muito grande aqui no Brasil em relação a isso, já foi muito mais distante. Cada escola tem seu jeito de jogar e treinar, mas logo, logo a gente está ali entre as tops seleções do mundo.”

Futebol feminino

Sobre a valorização do futebol feminino, a jogadora salientou a importância do papel da mídia em transmitir e apoiar o esporte. “ A transmissão, nesse último ano, aumentou bastante em comparação a quando agente começou a jogar. Por exemplo, fomos campeãs gaúchas e o jogo foi transmitido para o Rio Grande do Sul inteiro. A Band também transmite os jogos com frequência. O público está vendo o futebol feminino de um jeito diferente. Várias pessoas que nunca tinham assistido, agora estão vendo. Existe aquele preconceito que a mulher jogando não é a mesma coisa que o homem, que não vale a pena assistir. Mas o pessoal ao assistir percebe que não é bem assim e passa a gostar, admirar”.

Além disso, também comentou sobre o papel das federações e dos clubes no fortalecimento do futebol feminino no país. “ Ano passado teve o Campeonato Brasileiro Sub-18  e isso nunca tinha acontecido no Brasil. Tinha apenas campeonato nacional adulto. Agora tem sub-14, sub-16 e sub-18. Com mais competições, os clubes começam a investir e a mídia também.”

 “Inter, no ano passado, investiu muito. O clube contratou 10 meninas que eram titulares da seleção brasileira que estavam comigo lá. E isso está trazendo resultado. O Inter investindo faz o Grêmio querer investir, influenciando outros clubes também.”