Esta temporada vem sendo uma aventura intrigante. Entre lampejos de Alex Ferguson e de Silas Pereira, o técnico Ole Gunnar Solskjær é protagonista das discussões envolvendo o futuro do Manchester United. Talvez não seja o maior taticista da Premier League, muito menos o mais vencedor. Porém é quem a instituição mancuniana escolheu para ser o epicentro do projeto que visa o retorno ao topo do futebol europeu.
OGS consegue, gradativamente, aprimorar os jovens talentos do Manchester United | Foto: EPA/Telegraph
Hoje, sem saber que era possível tornar um domingo ainda mais melancólico, o United sofreu o primeiro baque desde o retorno do futebol na Inglaterra. Os 19 jogos de invencibilidade, que já acendiam os espíritos da torcida e voltavam os olhares novamente ao Old Trafford, chegaram ao fim.
Só que esse fim não precisa ser um esmorecimento da alma do clube.
Jogo após jogo o United foi adquirindo uma aura que não correspondia ao que de fato é. A limitação da equipe ia sendo marginalizada por números que ilustravam o placar final de uma partida. O fato não é que o elenco não seja capacitado para uma boa campanha, pois o talento é nítido e promissor.
Porém ainda falta.
Resultado após resultado as falhas iam ficando mais claras, até que Frank Lampard, na semi-final da F.A Cup de hoje, armou o time do Chelsea com um único objetivo: expôr, completamente, as imperfeições do time treinado pelo norueguês.
Desmantelado, o resultado – por incrível que pareça – pouco falou de como realmente foi o jogo. United assistiu a dominância de Kovačić. Foi infernizado pelo bom posicionamento de Giroud, além da sólida performance de Reece James e o equilíbrio do experiente Azpilicueta.
No entanto isso – de maneira alguma – deve ser motivo para pânico e críticas exageradas ao elenco ou comissão técnica.
O processo que o Manchester United vive não vem sendo respeitado por uma parcela considerável de sua torcida. O elenco quebrado, por legado de José Mourinho, foi consertado por Ole. As notícias que davam como certa a saída de Pogba para o Real Madrid acabaram mudando foco enquanto, hoje, noticiam sobre a possível renovação do francês. O atacante Martial, nada constante até então, tornou-se a principal presença de área da equipe. O menino prodígio, Marcus Rashford, acabou por se tornar um dos protagonistas da nova geração de talentos da seleção inglesa.
O trabalho pode ser vagaroso, no entanto a recompensa já vai se materializando num futuro nem tão distante. Hoje Ole perdeu a chance de chegar mais perto de seu primeiro título como técnico do Manchester United, entretanto teve a humildade de falar que o elenco está aprendendo e se desenvolvendo.
A hora é de botar o pé no chão, apreciar o crescimento não só de Mason Greenwood, Brandon Williams ou de Rashford, mas também de Ole. A apoteose, criada pelo passado de sucesso, do maior clube inglês ia se desenhando, porém não há problema. Era a hora de retornarmos os olhos ao projeto – mais realista – que nos levará novamente à glória.