Erros do United na janela de transferências não são recentes: Como chegará o clube à temporada 2019/2020
Em quase três insanos meses, diversos jogadores foram especulados para vestir a camisa do clube mais tradicional da terra da rainha. De Eriksen, dos Spurs, até Lemina, do Southampton. Mas antes de analisar a atual conjuntura dos diabos vermelhos, voltemos à janela de transferências da temporada 2014/15, e façamos uma análise de desempenho dos principais jogadores que adentraram, e daqueles que se desvencilharam do clube durante os períodos que Louis Van Gaal e José Mourinho eram técnicos, e também analisando a primeira janela de Ole Gunnar Solskjær.
Saídas da temporada 14/15:
Danny
Welbeck – Arsenal – 20 milhões de euros.
Shinji
Kagawa – Borussia Dortmund – 8 milhões de euros.
Wilfried
Zaha – Crystal Palace – 3.8 milhões de euros.
Chicharito
Hernandez – Real Madrid – Taxa de empréstimo: 3 milhões de euros.
Nani
– Sporting – Empréstimo.
Vidic
– Internazionale – Passe livre.
Fernadinand
– QPR – Passe livre.
Chegadas na temporada 14/15:
Di
Maria – 75 milhões de euros.
Luke
Shaw – 37,50 milhões de euros.
Ander
Herrera – 36 milhões de euros.
Marcos
Rojo – 20 milhões de euros.
Radamel
Falcao – Taxa de empréstimo: 7,60 milhões de euros.
Com isso, a base do time de Van Gaal ia sendo formada, e o fim de jogadores que marcaram época no United chegava, como de Vidic, Rio e Nani. Kagawa, que havia chegado como um grande talento saiu pela parte de trás. Porém, apesar de perder grandes heróis de sua história, o United, aparentemente, fez boas movimentações. Trouxe o ex-Galático Angel Di Maria, a promessa Luke Shaw para o defasado setor esquerdo, o polivalente Ander Herrera, Marcos Rojo que teve um constante desempenho com a seleção argentina na Copa de 2014. E também a vinda do artilheiro Radamel Falcao. Um questionamento que circundava a gestão de Van Gaal era: Qual seria a identidade do Manchester United? O questionamento não era mais sobre padrões técnicos utilizados pelo holandês, mas pela mentalidade que ele tentava inserir ao time. A diretoria sonhava com o sucesso do holandês, que chegou badalado após conquistar a medalha de bronze na histórica Copa de 2014 com a seleção holandesa. As contratações não eram ruins, porém somente renderam um quarto lugar aos Diabos Vermelhos. Angel Di Maria não desempenhou o que era esperado de um jogador de seu calibre, além da frustração com o atacante Falcao, que em 26 jogos marcou apenas três gols. Passando a temporada em branco, o time de Old Trafford já pensava na próxima temporada, com as seguintes movimentações para a temporada 2015/16:
Saídas na temporada 2015/16:
Angel
Di Maria – Paris Saint Germain – 63 milhões de euros.
Chicharito
– Bayer Leverkusen – 12 milhões de euros.
Robin
Van Persie – Fenerbahce – 6.50 milhões de euros.
Nani
– Fenerbahce – 6 milhões de euros.
Chegadas na temporada 2015/16:
Anthony
Martial – 60 milhões de euros.
Morgan
Schneiderlin – 35 milhões de euros.
Memphis
Depay – 34 milhões de euros.
Matteo
Darmian – 18 milhões de euros.
Bastian
Schweinsteiger – 9 milhões de euros.
Sergio
Romero – Passe livre.
Obs:
Nesta temporada Marcus Rashford foi incluído no time principal.
Após mais uma janela – aparentemente – promissora, o United começava a temporada com expectativas no alto. Martial e Depay chegavam como grandes talentos a serem lapidados. Schneiderlin como pilar para o meio campo. Darmian como opção para a lateral-direita e também o veterano Schweinsteiger. Uma cena curiosa se repetia. Em 12 de agosto – 15 anos antes – o Manchester United contratava não só um grande jogador, campeão do mundo, mas também um astro em ascensão, e eles eram: Kleberson e Cristiano Ronaldo, respectivamente. Em 2015, o United também trouxe um campeão do mundo e outro astro em ascensão, esses eram: Schweinsteiger e Depay. Logicamente, a história destes casos foi bem distinta. Kleberson não se firmou no United, e Cristiano Ronaldo foi o melhor jogador do mundo pela Fifa em 2008, ganhando inúmeros prêmios individuais e coletivos pelo clube. Schweinsteiger também não se firmou em Manchester, porém o astro em ascensão – desta vez – não correspondeu às expectativas. Ao desenrolar da temporada, Martial surpreendeu ao amadurecer rapidamente ao estilo de jogo da Premier League, que em 49 partidas na temporada, balançou a rede por 17 vezes. Apesar da aparente ascensão de Martial, o United teve uma temporada desastrosa, acumulou desempenhos ruins, a eliminação precoce na fase de grupos da Champions League, foi eliminado nas oitavas de final da Europa League pelo Liverpool e amargou uma quinta colocação na Premier League. Nem a vitória na final da F.A Cup fez com o que os torcedores acalmassem os ânimos. O United venceu a competição pela décima segunda vez em sua história, porém não foi o suficiente para salvar Louis Van Gaal, que foi demitido ao final da temporada. Dando a vez a José Mourinho, que seria o técnico dos diabos vermelhos a partir da temporada 2016/17.
Saídas na temporada 2016/17:
Morgan
Schneiderlin – Everton – 22.90 Milhões de euros.
Memphis
Depay – Olympique Lyon – 16 milhões de euros
Disposto a mudar o rumo do Manchester United, José Mourinho apostou alto, trouxe Paul Pogba, um talento nato para o meio campo. Trouxe também Henrikh Mkhitaryan, que vinha de uma temporada excelente, foi o líder em assistência da Bundesliga, e também esteve presente no time ideal do campeonato. Eric Bailly chegou como um defensor completo, poderia jogar centralizado, como também ambas as laterais e um vigor físico incrível. E obviamente, a cereja do bolo – financeiramente falando – Zlatan Ibrahimovic. O goleador sueco vinha após um tetracampeonato francês, quatro nomeações à bola de ouro Fifa. Chuteira de Ouro, e tantos outros prêmios individuais pelo Paris Saint Germain, sem contar suas passagens por Ajax, Juventus, Internazionale, Barcelona e Milan. Em sua primeira temporada no comando dos Diabos Vermelhos, Mourinho guiou o clube às conquistas da: EFL Cup, Community Shield e também ao inédito título da Uefa Europa League. Apesar dos títulos, a torcida teve que se contentar com um modesto sexto lugar na Premier League. Mourinho terminou a temporada deixando os fãs dos Diabos Vermelhos com muitas expectativas para a próxima temporada, após vislumbres de um futebol bem jogado, com qualidade técnica de jogadores como Pogba, Rashford – que agora já aflorava pelo time titular, Martial, além de ibrahimovic, que terminou a temporada como artilheiro do time com 28 gols.
Saídas na temporada 2017/18:
Henrikh
Mkhitaryan – Arsenal – 34 milhões de euros.
Adnan
Januzaj – Real Sociedad – 8.50 Milhões de euros.
Andreas
Pereira – Valencia – Taxa de Empréstimo: 3 milhões de euros.
Zlatan
Ibrahimovic – LA Galaxy – Passe livre.
Wayne
Rooney – Everton – Passe livre.
Chegadas na temporada 2017/18:
Romelu
Lukaku – 84.70 Milhões de euros.
Nemanja
Matic – 44.70 milhões de euros.
Victor
Lindelöf – 35 milhões de euros.
Alexis
Sánchez – 34 milhões de euros.
Obs:
Nesta temporada Scott McTominay foi incluído no time principal.
O
time dos diabos vermelhos fez boas movimentações na janela de transferências –
financeiramente falando – trouxe um dos melhores atacantes do futebol europeu –
Romelu Lukaku – para substituir Zlatan
Ibrahimovic. Nemanja Matic como referência para organização do meio campo, além
de Alexis Sanchez, um ala habilidoso para o setor esquerdo do time. Além destes
três, o United apostou no zagueiro sueco Victor Lindelöf, que vinha de uma boa
temporada com o Benfica. Apesar das – aparentes – boas movimentações, o United
deu adeus a um de seus maiores ídolos, Wayne Rooney, o maior artilheiro da
história do clube. Os diabos vermelhos caminhavam em direção a uma temporada
sólida, com uma boa base ofensiva, porém com um nível defensivo questionável.
Apesar do vice-campeonato na Premier League, o time alternou entre bons e maus
momentos, foi eliminado nas oitavas de final da Champions League pelo modesto –
mas muito aguerrido – Sevilla. Perdeu a final da F.A Cup para o Chelsea. Sem
contar a eliminação vergonhosa diante do Bristol City pela Copa da Liga. O trabalho do “Choosen One” ia sendo colocado
à prova. A insatisfação da torcida com o mau desempenho e falta de vontade dos
jogadores já era expressiva. Apesar dos maus resultados, Lukaku se destacou com
27 gols ao final da temporada, mostrando ser uma escolha acertada de Ed
Woodward, assim como Nemanja Matic, que se mostrou uma escolha inteligente. Porém
a decepção ficou com Alexis Sanchez, que jogou apenas 18 jogos, balançando a
rede três vezes, e com Lindelöf, que oscilou em sua primeira temporada com os
diabos vermelhos. Apesar da segunda colocação, o saldo final da temporada era
negativo, o futebol mostrado não era de encher os olhos, e José Mourinho e sua
filosofia “Park the Bus” ia irritando os torcedores. Então caminhamos para a –
interessante – temporada 2018/19:
Saídas na temporada 2018/19:
Daley
Blind – Ajax – 16 milhões de euros.
Marouane
Fellaini – SD Luneng – 7.20 milhões de euros.
Michael
Carrick – Aposentadoria.
Chegadas na temporada 2018/19:
Fred
– 59 milhões de euros.
Diogo
Dalot – 22 milhões de euros.
Poucas vendas e poucas contratações. Fred foi um jogador inconsistente durante sua primeira temporada. Dalot se mostrou uma bela opção para o futuro do clube, podendo jogar em ambas as laterais, mostrando velocidade e vigor físico. Os resultados, pelo menos na primeira metade, foram desanimadores. O United em 17 jogos: Venceu sete, empatou cinco e perdeu cinco. No dia 18 de dezembro de 2018, para a alegria da torcida, o português José Mourinho era demitido, por inúmeros fatores: time desentrosado, desentendimentos nos bastidores – o que ocasionou em Pogba ser sacado, além da insatisfação da torcida. Após isso, algo que pode ter mudado o rumo dos diabos vermelhos, Ole Gunnar Solskjær era apontado como interino do Manchester United. Após isso, foram 6 vitórias seguidas, com 8 vitórias em 10 jogos. Apesar de um amargo sexto lugar, o clube terminou a temporada com diversos pontos positivos, como: a consolidação de Pogba como líder, contrariando a narrativa que o circundava. Boa temporada dos jovens jogadores. O ponto alto da temporada para a torcida foi o jogo da volta das oitavas de final da Champions League. O United havia perdido por 2 a 0 em casa, além de Pogba ter sido expulso, diminuindo ainda mais as chances de uma virada. Porém, os diabos vermelhos – no jogo da volta, entraram determinados a lutar. Em grande noite de Lukaku, o Manchester triunfou sobre o Paris Saint-Germain, arrancando uma vitória heroica aos 94 minutos, com um gol de pênalti convertido por Rashford. Porém, o sonho durou pouco, e o United foi eliminado na próxima fase pelo poderoso Barcelona. Com o fim da temporada, e também da janela de transferências, vamos às ponderações que devem ser feitas para a próxima temporada:
Saídas na temporada 2019/20:
Antonio Valencia – LDU – Passe livre.
Ander Herrera – PSG – Passe livre.
Romelu Lukaku – Internazionale – 65 milhões de euros.
Chegadas na temporada 2019/20:
Daniel
James – 17 milhões de euros.
Aaron
Wan-Bissaka – 50 milhões de euros.
Harry
Maguire – 87 milhões de euros.
Existem
alguns pontos a serem discutidos, e esses são:
1º
Ponto: Contratações pontuais – nem sempre envolvendo valores exorbitantes – na história
do clube. Nos últimos anos, vimos o
United desembolsar valores astronômicos por jogadores como: Alexis Sanchez,
Angel Di Maria, Paul Pogba, Harry Maguire, Romelu Lukaku, e até Fred. Se
analisarmos de um prisma de resultado, voltamos à temporada 2005/06, onde 60%
da base defensiva do United – por muitos anos – foi construída com menos de 25
milhões de euros, essa era: Nemanja Vidic (10,5 milhões de euros), Patrice Evra
(8 milhões de euros) e Edwin Van der Sar (4 milhões de euros). Em 2009/10, o United contratou Michael Owen
sem custo. Em 2010/11, contratou Chicharito Hernandez – que viria a ser uma
peça importante do time – por 7,5 milhões de euros. David De Gea foi contratado
por “apenas” 25 milhões de euros, hoje sendo o jogador mais importante do
elenco. Além de Robin Van Persie, contratado por 30,7 milhões de euros. O
United sempre fez um bom trabalho em conseguir talentos sem desembolsar valores
altos. A contratação de Daniel James lembra esses princípios. Apenas 17 milhões
de euros por uma promessa do futebol galês, elogiado por Giggs.
2º Ponto: United perde peças importantes e parece não se importar com reposições. O Clube demorou nove anos para conseguir um substituto – à altura – de Gary Neville para a lateral direita. Não trouxe um reserva para Shaw na lateral esquerda. Não contrataram substitutos para Fellaini e Herrera. Não há outro armador para uma eventual lesão de Pogba. Lukaku é vendido, sem considerar uma peça de reposição, deixando o ataque à mercê de jovens talentos como Rashford e Martial. O que é uma ideia interessante, e assustadora. Era esperado alguém muito grande, como Eriksen, ou o tão especulado Bruno Fernandes. Existiu um mito de uma reforma – por parte de Ole – que não aconteceu. A sonhada renovação foi demolida quando o clube renovou com Young, Mata, Jones e Smalling. E após o fechamento da janela, o clube pode fechar somente com Fernando Llorente, que está muito abaixo das expectativas da torcida.
3º
Ponto: O setor defensivo do Manchester United – finalmente – eleva seu patamar.
Wan-Bissaka e Harry Maguire dão outra atitude para a defesa do clube. Maguire
pode não ser o defensor que a torcida sonhava, mas tem números individuais
impressionantes, que o aproximam de Van Djik. O zagueiro mais caro da história
do futebol vem para o United com o objetivo de ser um dos pilares de Solskjær
para as próximas temporadas. Wan-Bissaka vem para – finalmente – ocupar a
lateral direita. Sendo um lateral de ofício, tem ótima qualidade técnica, e já
se mostrou um excelente defensor.
O United caminha para um novo rumo, mesmo que de maneira lenta. Solskjær pretende dar mais chance aos jogadores da base, tais como: Angel Gomez, Greenwood e Chong. O talento existe, Greenwood já demonstrou seu potencial durante a pré-temporada, porém a falta de referências pode fazer com que esses novos jogadores não desenvolvam da maneira ideal. Depender destes novos jogadores pode ser perigoso para o bom desempenho do clube nesta temporada que está para começar. Mesmo sem grandes nomes para o setor ofensivo, o United tem a obrigação de lutar pelo título da Europa League.