3ª OLIMPÍADAS É PARA POUCOS!

 

Em meio aos anos 90, era apenas mais um “moleque”, alinhado para largada em provas de Mountain Bike, hoje, parte para a sua terceira olimpíada, feito alcançado por poucos atletas do Brasil. Trata-se do mineiro Rubens Donizete Valeriano, o Rubinho, para os mais próximos. Um “cara” simples, boa praça, dedicado e persistente no que mais gosta, o Mountain Bike. Natural de São Pedro da União/MG, na infância foi morar na cidade de Monte Santo de Minas/MG, onde surgiu o gosto pelo pedal. Rubinho trabalhava de servente de pedreiro, quando aos 14 anos, foi demitido do trabalho, e com o dinheiro do acerto, comprou uma bike nova, um pouco melhor. “Eu pensei em desistir do Mountain Bike, porque foi uma época muito difícil. Eu dependia do dia de trabalho para treinar. Quando tinha serviços muito pesados, o treino era leve, e vice-versa. Também não tinha uma alimentação adequada e já cheguei a liderar prova e parar, porque tive câimbra, além de chegar em competições minutos antes da largada” – comentou Rubinho

Como a vida é cheia de escolhas, um certo dia Rubinho fez a sua. “Eu fiz as contas. Tinha meses que eu ganhava muitas competições e dava quase o mesmo valor que eu recebia como servente de pedreiro e decidi me dedicar. Não demorou muito para conseguir um patrocinador que me levava para as competições e percebi que tinha escolhido o caminho certo – disse. Aos poucos, de atleta amador, passou a profissional, e a realização do maior sonho estava por vir, representar seu país em jogos olímpicos. Em 2008, o sonho fora realizado, na China, onde alcançou a melhor colocação de um brasileiro nas olimpíadas, o 21º lugar. 4 anos mais tarde, em Londres, disputou sua segunda olimpíada alcançou o 24º lugar. Para o Rio de Janeiro, o feito ainda foi maior, pois além de conquistar a vaga para a sua terceira olimpíada, a somatória dos pontos dos atletas brasileiros na UCI colocou o Brasil na 13º colocação do ranking mundial, dando ao país o direito de correr com 2 atletas, Rubens Valeriano e Henrique Avancini.

Vitória em prova no Chile este ano, valendo pontos preciosos no ranking da UCI, que o levaram a garantir a vaga aos jogos olímpicos.
Vitória em prova no Chile este ano, valendo pontos preciosos no ranking da UCI, que o levaram a garantir a vaga aos jogos olímpicos.

Num bate papo curto, mas muito prazeroso, Rubinho, como é chamado pelos amigos conta um pouco mais da trajetória, do feito de alcançar sua terceira olimpíada e os planos para o futuro:

MF – Rubinho, da vida simples do interior de Minas Gerais, para hoje ser referência nacional do Mountain Bike, inspiração para os novos no esporte e alcançar o feito de poucos, de participar de sua terceira olimpíada, como você encara este panorama?

Primeiramente, muito obrigado pela oportunidade em falar um pouco da minha carreira. Eu me sinto muito honrado em ser um atleta que inspira o nosso esporte o mountain bike, estou feliz demais de ser aquele atleta simples e com muita dedicação, humildade e perseverança consegui alcançar meus sonhos, hoje estou vendo que todos os esforços não foi em vão pois estarei representando o nosso país em um Jogos Olímpicos por isso estou encarando como se fosse a minha última olimpíada e dar o melhor, para que eu possa ter um excelente resultado.

MF – Você, ao longo destes mais 20 anos de carreira viu a evolução do Mountain Bike nacional, participou dela, mas é fato, que ainda temos que evoluir muito, perante aos principais países do mundo no esporte. O que você pode falar sobre isto?

Hoje vejo que a cada ano que passa, nosso esporte está evolui, mas está bem atrás em relação aos principais países que dominam o esporte, como Suíça, França, Espanha, República Tcheca e Itália. Hoje vejo que para o Brasil ser uma potência temos que competir em todas as competições que os melhores do mundo competem. Nos últimos anos, tenho competindo algumas provas internacionais com os melhores bikers da modalidade, em pistas com muita diferença das nossas pistas brasileiras, sem contar a diferença gritante de ritmo de prova dos atletas estrangeiros.

MF – Em 2007, mesmo gripado você foi medalha de prata no Panamericano do Rio em uma prova empolgante. Qual a sua expectativa para esta prova, desta vez nas Olimpíadas?

Nesta prova eu fiquei resfriado porque eu cheguei do Canadá, onde eu estava competindo em uma etapa da Copa do Mundo de Mountain Bike,  que estava 3 graus  e quando desembarquei no Brasil, fui direto para o Rio nos Jogos Panamericano  onde fazia um calor de quase 40 graus e corri gripado. Foi um aprendizado e tanto, agora me cuido muito pra que isso não aconteça de novo, porque quero estar na minha melhor forma no dia da competição.

MF – Muitas conquistas, vitórias e amigos você fez nestes anos de competições no mundo todo. O que marcou neste tempo?

O que mais me marcou nestes 20 anos de carreiras foi conhecer a Muralha da China em 2008 a onde eu fui pela primeira vez competir em nos Jogos  Olímpicos, e no dia seguinte da minha competição, fui conhecer a muralha da China. Quando cheguei lá, fiquei sem palavras. Agradeci a Deus por aquela oportunidade em conhecer uma das 7 maravilhas do Mundo e isso vai ficar marcado na minha vida!