Chicago Cubs quebra jejum de 108 anos e vence a World Series
A última vez que os Cubs chegaram numa World Series (final da MLB, Major League Baseball) foi em 1945, quando um acontecimento bizarro marcou a história do clube e entrou para o folclore do esporte.
“O Chicago Cubs nunca mais vai ganhar uma World Series enquanto não deixar um bode entrar Wrigley Field (estádio do Chicago Cubs)”
A série final estava 2×1 para Chicago e terminou 4×3 para o Detroit Tigers. Desde então o time nunca tinha disputado uma World Series, e não foi por falta de tentativas de acabar com a praga da torcida: já levaram bodes até o centro de Wrigley Field, pais de santo e exorcistas benzeram o estádio. Nada tinha dado certo. Um gato preto cruzou o campo durante uma partida em 1969, para o desespero dos mais supersticiosos.
A “maldição” foi lembrada em 2003. O time chegara à final de conferência (equivalente a semi-final do campeonato) contra o Flórida Mariners e estava ganhando a série por 3×2, e o sexto jogo era no Wrigley Field. Na oitava entrada, quando o placar estava 3-0 para os Cubs, diversos espectadores tentaram segurar a bola (que seria uma foul ball) rebatida por Luis Castillo. Um dos fãs, Steve Bartman, tocou na bola, impedindo uma possível pegada do outfielder dos Cubs, Moisés Alou. O Chicago se desestabilizou em campo e acabou perdendo por 8×3 e não conseguiu se recuperar no jogo 7. Confira o lance no vídeo ao lado.
Logo em seguida torcedores arremessaram copos de cerveja pedaços de pizzas em direção a Bartman, que teve que ser retirado do estádio sob escolta. Um fanático pelos Cubs que não podia sair de casa. O governador da Flórida chegou até a oferecer asilo para Steve, tamanha era a rejeição na cidade.
Como torcedor dos Cubs (torço para todos os times de Chicago e escolhi o Cubs por causa dos Bears, já acompanhava a NFL a mais tempo), me acostumei a mediocridade, campanhas patéticas e poucas transmissões para o Brasil (quem vai mostrar um time lixoso?). Os momentos de maior alegria eram as eliminações do St. Louis Cardinals, maior rival. No entanto esse cenário começou a mudar e o sonho já não parecia um absurdo, longe disso…
>> A reconstrução
Se engana quem acha que esse time foi uma simples obra do acaso. Theo Epstein, GM que tirou o Red Sox da fila de 86 anos sem títulos, chegou a Chicago como presidente de operações do Cubs em 2011 com o objetivo de conseguir o mesmo êxito que em Boston, e conseguiu.
(mesmo tendo muito crédito eu saí xingado-o bastante por escolhas erradas no jogo, mas no fim tudo deu certo, amém).
O ano de 2015 já havia sido excelente para os Cubs. Com uma crescente absurda no fim da temporada, Chicago acabou conquistando uma vaga no Wild Card e foi até a final da conferência americana. Para a tristeza dos amantes de “De volta para o futuro”, a equipe foi varrida pelos Mets e não confirmaram a previsão de Marty McFly e cia, mas se via uma semente plantada ali. Com o time mais maduro e adições pontuais, o título acabou vindo.
>> Montanha russa de emoções
Voltando ao jogo de quarta a noite, a partida foi um verdadeiro épico. Não vou me alongar muito no jogo em si, se você tiver tempo e disponibilidade veja, pois tudo que você possa imaginar aconteceu durante aproximadamente 4 horas.
Kluber, tão dominante nos jogos 1 e 4 da série, viu Dexter Fowler, primeiro jogador a ir ao bastão, fazer um home run e deixar o jogo 1×0 logo de cara. A partir daí o Chicago quase sempre esteve a frente do placar (excetuando o fim da terceira, quando o Cleveland empatou em 1×1), embora o jogo fosse apertado.
Mas era o Chicago Cubs, o jogo do título não poderia ter um final tranquilo (desculpa o clichê, mas foi necessário).
O jogo estava 6×3 e o Cleveland com 2 eliminados e ninguém em base na parte baixa da oitava quando Lester cedeu uma rebatida simples a Jose Ramírez e Maddon não pensou duas vezes: executou o plano de segurança, colocar Aroldis Chapman para eliminar o perigosíssimo Guyer e garantir a vitória na nona. Falar qualquer coisa agora vai parecer coisa de engenheiro de obra pronta e nem é o momento para isso, mas realmente o Lester tava bem e o Aroldão poderia ser guardado para a nona.
Chapman definitivamente não foi feliz nesse fim de entrada. Guyer conseguiu uma dupla que impulsionou a corrida do 6×4 e num confronto que teoricamente não teria tantos problemas, contra Rajai Davis, veio o anti-clímax para os Cubs: um home-run para empatar o jogo.
Nesse momento as cabeças dos torcedores dos Cubs foram tomadas pelas lembranças derrotistas: maldição do bode, o gato preto, Steve Bartman e qualquer outra coisa ruim. Mas a equipe manteve a postura e mostrou a resiliência que a fez campeã.
A nona entrada apenas marcou a “redenção” de Chapman: conseguiu eliminar os principais rebatedores de Cleveland (só um obs: fiquei completamente cagado numa bola fora de Jason Kipnis, parecia que seria HR).
Após horas de um dramático empate no jogo 7, vamos à prorrogação, certo? Começa a chover em Cleveland e o jogo é interrompido. Depois descobrem um sinistro tweet de 2014, e o apocalipse era iminente:
O mundo não acabou e a chuva parou, era hora de mais drama.
O turno de Chicago na décima entrada era o dos sonhos: Schwarber, Bryant e Rizzo. E o sonho virou realidade. Com corridas impulsionadas pelo MVP das finais Zorbist e Montero, a vantagem de 8×6 devolveu o sorriso ao rosto dos torcedores dos Cubs.
Era a vez de Cleveland, para Chicago só bastava eliminar 3 jogadores para finalmente levar o título para Illinois. Numa decisão que deixou os torcedores bem aflitos, Maddon colocou o novato Edwards pra fechar o jogo, e o arremessador começou muito bem, fazendo 2 eliminações de cara. O problema é que vinham os rebatedores quem empataram o jogo na oitava.
Edwards cedeu um walk para Guyer e quem iria com para o bastão com a chance de empatar o jogo num home run? O mesmo Rajai Davis. O drama parecia que seria eterno.
Davis consegue uma rebatida simples e impulsiona Guyer, 8×7.
Agora era a vez de Michael Martínez.
Mike Montgomery entra para fazer a última eliminação e fechar o jogo, e no segundo lançamento acontece a bola rasteira capturada por Bryant, do gif no início desse texto. O último homem estava eliminado, acabava a seca de 108 anos.
>> A emoção de gerações e o fim da maldição
A emoção tomou conta de Cleveland, Chicago e todo o mundo. Gerações de torcedores que fariam de tudo para ver seu time campeão foram lembradas. Foram várias mensagens emocionantes em redes sociais, verdadeiras declarações como as que vemos ao lado (clique na imagem para ver em tamanho maior). “Sei que meu avô e meu pai estão no céu felizes, bebendo e comemorando o título dos Cubbies”, “Obrigado pai por me ensinar a amar os Cubs. Queria viver esse momento contigo, mas sei que em algum lugar você está muito feliz.” São outros exemplos.
Outro caso emocionante é o de Wayne Williams. Ele fez uma promessa de ver o título dos Cubs com seu pai, que infelizmente acabou por falecer. Para ver o jogo 7 junto ao seu pai, ele fez uma verdadeira viagem: percorreu mais de 1000km, chegando ao cemitério onde o corpo de seu progenitor está descansando. “Eles” ouviram e vibraram com o título de Chicago “juntos”, numa belíssima história. Veja uma matéria sobre no lindo vídeo ao lado.
Esse é o poder do esporte, uma importante ferramenta social capaz de mobilizar multidões e unir pessoas com histórias completamente diferentes através empatia. No Brasil existe a mania de ter uma visão “romântica” somente no futebol, por exemplo, se esse fosse um texto do esporte mais popular do país teríamos um monte de clichês como “não é só futebol, ainda dizem que é só um jogo.” Histórias como a da Rafaela Silva do judô tem que ter esse carinho também, o esporte é maravilhoso e
A história desse Chicago Cubs deve servir de inspiração para qualquer time, empresa e até mesmo pessoa de forma geral. A cultura derrotista de uma organização acostumada a fracassos foi substituída por uma mentalidade vencedora, que conseguiu unir gerações e até mesmo torcedores de outros clubes, mas empatizaram com a história de redenção dos “Cubbies”.
Em uma história que só o esporte pode proporcionar, os “adoráveis perdedores” (apelido dado pelos rivais devido aos sucessivos dos Cubs) protagonizaram uma virada épica numa série que estava 1×3 para 4×3 e são os vencedores.
A “maldição do bode” virou apenas uma boa história.
Steve Bartman pode sair feliz pelas ruas de Chicago como um bom torcedor dos Cubs.
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