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Comentarista vê Balotelli injustiçado na Itália: ”Cresceu cercado de preconceito e rejeição”

Mario Balotelli, de 29 anos, é tido, por muitos, como uma eterna promessa do futebol. Acredita-se que poderia ter ido mais longe, mas o que impediu o jogador de evoluir ainda mais?.

Balotelli, filho de imigrantes ganeses, nasceu em Palermo, na Itália. Entretanto, só foi naturalizado como italiano aos 18 anos de idade. O comentarista da ESPN Mauro Cezar, disse acreditar que a infância conturbada do atleta e o não reconhecimento do próprio país de origem, afetaram diretamente a personalidade e a carreira do jogador.

”Isso é uma rejeição. Ele nasceu no país e simplesmente não o reconheciam como cidadão italiano, porque era negro e filho de imigrantes. Se fosse branco, filho de italiano, ”tudo bem”, mas imagine a vida desse cara.”

Craque dentro de campo pelo Milan, Manchester City, Liverpool e Seleção Italiana, mas polêmico fora dele. Por algumas vezes, após atos racistas, se recusou a jogar e até se retirou do gramado. Mauro acredita que, em muitos dos problemas que envolviam Balotelli, o italiano era vítima de uma série de preconceitos derramados sobre ele, pela sociedade.

”Por que sempre eu?”
Foto: Divulgação/Premier League

”A formação desse cidadão é absolutamente torta, por conta de uma sociedade racista. Tudo isso construiu uma personalidade, não é por acaso. Ele não foi criado no ambiente ideal, cresceu cercado de preconceitos e rejeição. Todas essas mágoas parecem estar ainda ali dentro, e ele põe para fora das formas mais ‘bizarras’, o que obviamente atrapalha sua carreira”, afirmou.

Destaca-se os dizeres: ”A culpa nem é dele. A culpa é da sociedade e das pessoas abjetas que nela habitam. Não dá para esperar que ele tenha um comportamento exemplar”.

A luta contra o racismo
Foto: Divulgação

Não é segredo que, no auge de sua carreira, Balotelli foi um dos melhores atacantes do mundo. As questões sociais, a infância conturbada, o racismo cotidiano e a rejeição por parte da Itália, contribuíram sim para a forte personalidade do jogador. Portanto, é incoerente dizer que o jogador ”se perdeu sozinho na própria carreira”.

Inibir a sociedade da culpa e marginalizar o atleta, assim como foi e ainda é feito diversas vezes, principalmente por veículos de comunicação, é ser conivente com tudo aquilo que repudiamos, ou ao menos deveríamos, em um conceito de ”sociedade ideal”.

A técnica não é tudo para um atleta. Suporte, reconhecimento e respeito são fundamentais para o desenvolvimento de um jogador, seja ele qual for, dentro e fora de campo, fatores básicos que, por muitas vezes, foram ausentes na carreira de Balotelli.

A partir do momento em que o futebol, a torcida e o próprio país passam a ser contribuintes na carreira de um profissional, de forma retrógrada, o esporte passa a ser um peso para o atleta. Sendo assim, o esporte dos milhões, que não deveria aceitar nenhuma forma de segregação, passa a ir contra a própria história.

Foto de capa: Divulgação