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PANENKA – O “Pai” da Cavadinha

Antonin Panenka é o “pai” de um dos lances mais ousados para uma cobrança de penalti, a famosa Cavadinha. O foi feito pela primeira vez em 1976, quanto a Tchecoeslováquia venceu a Eurocopa, o principal título daquele país e também de uma seleção da Europa Comunista.

Panenka foi um meia armador de talento fino, de boa visão de jogo e especialista em bola parada, nas cobranças de faltas. Jogador do Bohemians Praga, equipe alternativa, que na sua época, era associada ao regime comunista. O jogador também foi o único representante do clube na Eurocopa em que sagrou-se campeão.

Na sua época, o fechamento político do leste Europeu, que foi até meados dos anos 80, Panenka fez vida longa na sua carreira dentro do Bohemians Praga, onde chegou em 1958, ainda nos juvenis, e fez sua estreia profissional em 1967. Panenka saiu do Bohemians em 1981, quando foi vendido ao Rapid Viena, da Áustria, onde teve boa projeção e chegou ao vice-campeonato continental em 1985, na Recopa Europeia, quando foi derrotado pelo Everton. No Rapid Viena, Panenko jogou até 1993, e depois se transferiu para o Kleinwiesendorf, onde encerrou a carreira.

Pela seleção Tcheca, Panenka estreou em 1973, onde jogou e foi campeão da Eurocopa de 1976, com seu gol de penalti decisivo, onde imortalizou a cavadinha. Depois, a Tchecoeslováquia não conseguiu classificação para a Copa do Mundo de 1978, e em 1982, Panenka jogou seu único mundial, na Espanha e, neste mundial, marcou os únicos gols da sua seleção no mundial, contra França e Inglaterra, ambos de pênalti, mas sem cavadinha.

Depois da invenção, a “cavadinha” foi repetida por muitos jogadores, com e sem sucesso. No Brasil, o mais emblemático na cobrança de pênaltis, foi o uruguaio Sebastian “Loco” Abreu, quando estava no Botafogo, na cobrança decisiva contra o Flamengo, fez seu gol com cavadinha e sagrou-se campeão. Depois, Loco Abreu repetiu o feito nas quartas de finais da Copa do Mundo de 2010, contra Gana, um dos jogos mais emocionantes daquele mundial. O feito também foi repetido com sucesso por Heder Postiga na Eurocopa de 2004, Zidane na Copa do Mundo de 2006, Andrea Pirlo em 2012 na Eurocopa e Alexis Sanchez, no primeiro título do Chile na Copa América em 2015.

Nem todos que tentaram, conseguiram marcar. Em 2010, Neymar, ainda pelo Santos, desperdiçou a cobrança durante a final da Copa do Brasil, mas o gol acabou não fazendo falta. O meia Maicosuel perdeu a cobrança contra o Braga, quando estava na Udinese, na Liga dos Campeões de 2012. Em 2011, Elano desperdiçou sua cobrança contra o Flamengo, em um dos jogos mais eletrizantes do século XXI, que terminou Santos 4 x 5 Flamengo, com o gol Puskas do Neymar e um show do meia Ronaldinho Gaúcho. Sobre o gol a Revista Panenka, da Espanha, que homenageou o jogador dando seu nome ao projeto, fez sua edição inaugural com o personagem na capa e seu editor, justificou: “É o espírito que Antonín Panenka teve ao bater aquele pênalti na final da Eurocopa em 1976. Para o público brasileiro, talvez não seja um personagem tão conhecido. Foi a busca de uma solução que ninguém havia buscado. Algo que surpreendeu, que foi diferente. Ninguém esperava aquela cavadinha. Nós estávamos num momento complicado no âmbito jornalístico na Espanha – no jornalismo esportivo, mais concretamente, sobretudo nos meios impressos. Optamos por fazer algo. Não era uma grande novidade, pois existiam outras publicações em outros países. Mas na Espanha não havia nada similar. Nosso objetivo é nos aproximar do mundo do futebol por meio de uma perspectiva cultural. Contar histórias de política, sociedade, arte, por meio do futebol. No fundo, o futebol também é arte”.