Coluna: Desfrutemos da Terceira Academia

Prefixo hendeca alude ao número 11. Sinceramente eu nem sabia o que isso significava. Assim como não sabia o que era engajamento até ser apresentado ao conceito de ‘palestrinidade’ – termo em si inagurado, de certa forma, por Abel Ferreira neste ano, mas que está presente na sociedade (Esportiva Palmeiras) desde 1914. Porém, mais uma vez o Maior Campeão do Brasil me ensinou algo. O Palmeiras, no caso. São sinônimos. E bem batizou Ademir da Guia, o Divino, esse atual momento: “Terceira Academia”. Cabe a nós, palmeirenses e jornalistas palmeirenses, desfrutarmos.

O Alviverde Imponente é hendecacampeão brasileiro. É um número surreal, assim como o é a comissão técnica portuguesa atualmente no comando. 11 taças. Onze títulos do principal torneio nacional. Marca igual à somatória de conquistas do Brasileirão dos clubes do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, juntos. É inacreditável. No total de troféus nacionais de primeiro escalão, são 15. No ranking, o segundo colocado é o Flamengo, com 12. A conta do GE diverge desta, mas mantém o Palmeiras na liderança. Não importa a métrica adotada, o clube de muro verde na Barra Funda é indiscutivelmente o Maior Campeão Nacional. Desde 2015, são: três Campeonatos Brasileiros, duas Libertadores, duas Copas do Brasil, dois Campeonatos Paulistas e uma Recopa Sul-Americana. O nível de incredulidade aumenta quando se recorda dos trágicos acontecimentos entre 2002 e 2012. Nesse sentido, fazê-lo é essencial para o bom funcionamento do Verdão.

O skatista brasileiro Sandro Dias foi recebido no jogo que marcou a festa do título do hendecacampeonato. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Primeiro motivo para isso é o risco de se cair na soberba. Um fenômeno que ocorreu com o São Paulo, após a fase de sucesso no começo dos anos 2000. “Soberano”, “nossa estrutura é o suficiente”: esqueçamos essa baboseira. Faz-se necessário estar sempre a par das últimas novidades do mundo do futebol, tanto dentro quanto fora de campo. Foi com responsabilidade fiscal, gestão técnica e nomes qualificados que o Paulo Nobre salvou o Palmeiras a partir de 2013. Trabalho e estudo. Não há escapatória. Assim, para manter o atual sucesso do clube demanda-se que a fórmula continue sendo seguida. De fato estamos na Terceira Academia, mas isso não pode ser motivo para que dirigentes, atletas e comissão técnica baixem a guarda. Os líderes do clube não podem se prender a isso. Nesse sentido, cito o ensinamento cuja autoria é atribuída ao filósofo e ex-parlamentar britânico Edmund Burke: “Um povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la”.

Já a segunda razão é psicológica. O palmeirense sofreu muito com times horrorosos no começo deste século. Perdíamos para todos os rivais, sempre. Pessoalmente, minha mente até apagou algumas memórias ruins, principalmente de 2012 e 2014, de tão traumáticas que foram. Assistir a um Palestra vitorioso foi o que mais pedi durante a infância. Agora que ele existe, o torcedor alviverde precisa aproveitar o momento. O próprio Abel Ferreira já disse que sofre mais com as derrotas que se alegra nas vitórias, o que não deve ocorrer com ninguém.

Em suma, desfrutemos da Terceira Academia. Estamos diante da fase mais vencedora do Maior Campeão do Brasil. Este termo não é força de expressão: é sinônimo de Palmeiras. Isto, contudo, não há de causar soberba em ninguém.