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Palmeiras segura pressão intensa e volta à final da Libertadores depois de 20 anos

A noite da última terça-feira – 12 de janeiro de 2021 – foi eternizada na memória do torcedor palmeirense pela classificação heroica do Alviverde em cima do River Plate para disputar, pela quinta vez em sua história, uma final de Copa Libertadores da América. O Verdão não alcançava a final continental desde a edição de 2000, quando eliminou o arquirrival Corinthians na semifinal e acabou perdendo a decisão nos pênaltis para o Boca Juniors – que pode novamente ser o adversário do clube brasileiro na final do Maracanã.

Após a derrota por 3 a 0 sofrida em casa na semana passada, o técnico Marcelo Gallardo surpreendeu na escalação quando optou por uma formação com três zagueiros, escalando o defensor Díaz para o lugar do meio-campista Carrascal, suspenso pelo cartão vermelho recebido no jogo de ida. Dessa forma, a equipe argentina liberou os alas Montiel e Angileri para avançar e soltou os meias De La Cruz e Nacho Fernández por dentro, ocupando todos os espaços do ataque de maneira a encurralar o Palmeiras – que se defendia com uma linha de cinco atrás – no seu campo, ditando o que seria a dinâmica de toda a partida.

Ainda que sem a posse de bola, nos minutos iniciais a equipe comandada por Abel Ferreira quase não oferecia espaços, se impunha no jogo aéreo e buscava encaixar contra-ataques. Após vencer uma disputa no meio-campo, Gabriel Menino acionou Rony em profundidade que, na entrada da área, tentou driblar Armani e foi desarmado pelo goleiro com um tapa na bola, perdendo a primeira das raras oportunidades que o time teve de ampliar a vantagem. A partir daí, o jogo foi praticamente ataque do River contra defesa do Palmeiras, a equipe alviverde sem qualquer intensidade foi presa fácil a partir dos 15 minutos de partida e em dois momentos de desatenção da defesa brasileira, com bolas cruzadas na área, os argentinos fizeram 2 a 0 com Rojas e Borré ainda no primeiro tempo.

Assim como aconteceu com o River Plate em Avellaneda na ida, o Palmeiras se abalou demais com o segundo gol sofrido e passou a ceder muitos espaços no início do segundo tempo, sem pressionar o portador da bola, deixou os Millonarios criarem chances constantemente e foi salvo diversas vezes pelo goleiro Weverton. Logo aos 7 minutos da segunda etapa, em mais uma bola alçada na grande área, Angileri encontra Montiel livre no segundo pau para encher o pé e balançar as redes palmeirenses pela terceira vez na noite… gol que parecia legal para a maioria dos espectadores, mas foi anulado após ótima intervenção do VAR  que identificou posição de impedimento de Borré na origem da jogada. O gol anulado não estremeceu os argentinos, nem injetou ânimo aos brasileiros e a partida continuou um verdadeiro massacre em posse de bola e chances criadas.

O Palmeiras sofria demais com sua defesa exposta a todo momento que perdia as disputas no meio-campo e não conseguia encaixar uma troca de passes em sequência para jogar com o relógio a seu favor. Nem mesmo quando o zagueiro Rojas foi expulso pelo segundo cartão amarelo aos 27 minutos o Verdão soube aproveitar, seguia jogando o tempo todo sem a bola e dois minutos depois, Suárez recebe dentro da área, finta pra cima de Alan Empereur e se atira no gramado ao ver que o defensor palmeirense estica a perna, cavando a penalidade que foi marcada pelo árbitro no campo e posteriormente anulada em mais uma atuação correta do VAR.

Nos 15 minutos finais a superioridade psicológica dos argentinos tornava imperceptível a inferioridade numérica e a equipe de Gallardo seguia criando oportunidades e parando nos milagres operados pelas mãos de Weverton e até mesmo pela cabeça de Emerson Santos salvando em cima da linha após uma sequência incrível de finalizações do River. Ao final dos 9 minutos de acréscimos que duraram uma eternidade para a torcida palmeirense, veio o tão esperado apito final que selou a vaga na finalíssima da Copa Libertadores com o placar de 3 a 2 no agregado de uma eliminatória memorável.

Na entrevista coletiva pós-jogo, Abel Ferreira reconheceu Marcelo Gallardo como um treinador melhor que ele e a equipe do River como mais experiente que a dele, mas enfatizou a importância de noites como as de Avellaneda onde o Verdão massacrou o adversário, e do Allianz Parque onde soube suportar o massacre sofrido para garantir uma vaga histórica e criar “casca” na equipe. O Palmeiras espera por Santos ou Boca Juniors que decidem nesta quarta-feira (13) a outra vaga para a grande final do próximo dia 30, no Maracanã.

Foto de capa: Nelson Almeida/Getty Images