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Entrevista com o zagueiro Thiago Matias (ex-Palmeiras, Ceará e Santa Cruz)

Thiago Matias, como é conhecido, já jogou por diversos clubes do futebol brasileiro, como Palmeiras, Santa Cruz, Ceará, Ponte Preta, Paulista e vários outros. Confira sua entrevista ao site Mercado do Futebol

 

1- Thiago do Carmo Matias nasceu na cidade de São Paulo no dia 17/10/1982. Iniciou sua carreira profissional no Palmeiras, conte como foi seu grande início com a camisa alviverde logo aos 17 anos, e a importância em sua formação em uma das melhores bases do país?

R: Primeiramente é um grande prazer falar com todos vocês, obrigado pela oportunidade de participar e fazer essa entrevista! Para mim foi um sonho no início de carreira jogar no Palmeiras, um garoto da zona leste de São Paulo, com o sonho de ser Jogador, passou a vida inteira jogando e sempre tentando. Meu pai fez um time para mim jogar quando tinha 4 anos de idade, ele falava que eu era ruim e acabou fazendo o time para pelo menos ali eu jogar. Acabei passando por algumas equipes como Portuguesa e o São Paulo, até eu chegar em 96 no Palmeiras, acabei conseguindo no primeiro ano, logo no primeiro campeonato disputei a Copa Nike pelo infantil, onde me destaquei, foi o professor Niltinho me colocou no grupo que era o infantil principal do Palmeiras, por conta que esse campeonato era para alguns que estavam fazendo testes.

R: Acabei passando 96 jogando e em 97 fui capitão do time, em 98 e 99 acabei subindo para o juvenil e no final de 1999 estava tendo a Copa São Paulo de Juniores, onde o treinador pediu só para mim treinar, acabei treinando e nos treinos o Murtosa acabou gostando de mim e pediu para treinar no principal, onde o Felipão acabou gostando e eu fiquei permanecendo no time principal. Em questão de 2 semanas, eu treinando, já fui jogar um Palmeiras x Fluminense no Maracanã, sendo minha estréia. Então aqui ali para mim foi um sonho, uma coisa inacreditável para mim! Por que no primeiro jogo eu entrar no Maracanã. Eu fiquei olhando para os lados onde até o Felipão perguntou “Tá com medo Guri” e eu respondi “Não, professor” nunca sonhei em estar aqui e hoje estou, então isso para mim foi uma grande honra.

 

2- Ainda pelo Palestra, teve a oportunidade de jogar com grandes jogadores e ídolos da torcida palmeirense, como Marcos, Alex, Roque Júnior e dentre tantos outros, o quão importante foram para sua carreira e aprendizado ? Um desses, conservando uma amizade até os dias atuais, conte-nos como é sua relação com o ex-goleiro Marcos?

R: Eu joguei com bastante pessoas que eram grandes destaques no Palmeiras, ídolos. Eu tive a sorte logo que subi, com 17 anos, de todos gostaram de mim, o Marcos até me apelidou, o Marcão me colocou o apelido de “Belica” Roque Júnior, Asprilla, o Arce o Roque, Argel, todos eles deram uma contribuição grande para mim né, você sobe e pessoas que são ídolos que a torcida inteira do Palmeiras sempre estava querendo tirar uma foto, e quando eu chegava no treino eles me chamavam para brincar, para estar do lado deles. E para mim foi um grande aprendizado, uma experiência e tanto, acabei observando e vendo tudo que eles estavam fazendo, do jeito que eles faziam para mim tentar fazer igual, não dentro de campo mas o que eles faziam, os treinamentos e como se dedicavam, para mim foi uma grande honra.

R: O Marcão foi um cara que a gente levou a amizade ainda para fora de campo, pessoa que até me ajudou na escolha da minha casa, onde hoje meus pais moram. Foi uma pessoa que quando o Palmeiras ia me dar uma casa, foi comigo para escolher a casa, foi até então que a gente viu a casa e ele disse Essa tem que ser a casa para você e eu perguntei: Tem certeza mano? Ele disse que essa era a casa! E graças a Deus até hoje meus pais estão lá, é uma casa maravilhosa. Então para mim as amizades de hoje, nós conversamos e nos abraçamos, foi para mim um grande aprendizado e uma felicidade imensa ter pessoas como eles como amigos.

3- Com o ótimo início de carreira, mesmo aos 17 anos, logo foi procurado por grande clubes do futebol europeu, como Porto e Udinese. Naquele período, você tinha o interesse de jogar fora do país? O que te impediu e fez com que você ficasse no Verdão?

R: Assim que eu comecei a jogar, a gente tinha o Rivaldo, César Sampaio e o Carlito, eles tinham feito uma empresa e o César Sampaio foi um cara que me acolheu muito bem, deu muita moral quando subi para o profissional, e eu subi, logo no primeiro jogo contra o União São João, (se eu não me engano) e aí acabou o jogo e ele falou: olha eu estou como uma proposta para te levar para a Itália, então essa proposta da Udinese foi o César Sampaio que consegui e acabou colocando a proposta para o Mustafá, e ele logo em seguida disse que já havia uma outra proposta do Porto, mas ele preferiu esperar.

R: Eu com 17 anos não tinha o interesse ainda em sair do Palmeiras, ainda para mim aquilo era um sonho, queria fazer história no Palmeiras, então acabou que eu nem liguei muito, deixei na mão do meu empresário que era o Ruan Figger e do Mustafá para que eles decidissem o que fosse melhor para mim, onde acabou negando a proposta tanto da Udinese, quanto do Porto e eu acabei não indo. Se eu tivesse ido para o Porto, por exemplo, eu teria ido junto quando foi o Carlos Alberto, aquele time que foi campeão do mundo, então provavelmente eu estaria nesse time aí jogando nesta equipe que foi campeão do mundo. Mas foi tranquilo, não tem problema nenhum, o homem lá de cima escolhe eu tinha que ficar e acabei ficando, para mim foi um prazer enorme ter continuado e jogado no Palmeiras.

 

4- Em 2005 e 2006, teve uma passagem importante pela Ponte Preta e pelo Paulista, onde se sagrou campeão da Copa do Brasil daquele ano pela equipe de Jundiaí. Como foi a experiência de um título tão importante como a Copa do Brasil e a sua motivação após voltar ao alto nível dentro dos gramados?

R: Depois de todos esses anos, 2005 eu acabei chegando no Paulista, eu não tinha a certeza será que eu vou ainda a jogar um futebol de alto nível como estava jogando antes. Apesar do que eu havia passado pelo Londrina no Campeonato Paranaense, logo na minha saída, fiquei mais 6 meses treinando em casa nos dias de terça e quinta, o Palmeiras me colocou para treinar nestes dias. Eu acabei chegando no Paulista e o Mancini me chamou e me perguntou o que eu queria, disse que ” queria provar para mim mesmo que sou capaz de jogar ” e ele disse que iria me ajudar, se dedique, treine, entre em forma e pegue ritmo de jogo que nós vamos fazer você jogar.

R: Tive uma passagem maravilhosa pelo Paulista de Jundiaí foi ali onde acordei e voltei ao futebol de verdade né, eu até brinco com quem converso, no Paulista o atacante vinha, eu fechava o olho, abria a bola estava nos meus pés, então tudo o que fazia dava certo, fiz grande jogos, grandes atuações, tanto que no final fui jogar o brasileiro pela Ponte Preta. Tivemos uma sequência muito boa na Ponte também, começando o primeiro turno na primeira colocação, a cidade de Campinas “parou” como a gente no primeiro lugar, e o Vadão acabou indo para o Japão e nosso time caiu de produção, mas eu tive 2005 e 2006 na Ponte, dois anos assim de bastante orgulho do que eu fiz e do que joguei. Acho que até hoje os torcedores reconhecem a vontade de jogar, de tudo que eu fiz, algumas coisas coisas não deram certo mas consegui fazer grandes atuações também.

 

Foto: Ceará SC.
 

5- Já 2011 teve a oportunidade de atuar em dois grandes clubes do cenário nacional, Santa Cruz e Ceará onde marcou 14 gols pela equipe pernambucana. Conte sobre sua fase de artilheiro no Santa e a importância de voltar a jogar a Série A pelo Vozão?

R: Então, 2011 cheguei no Santa Cruz, mas já tive uma grande passagem em 2009, fui considerado o melhor zagueiro do Campeonato Pernambucano daquele ano. Em 2011 voltei com um status de como posso dizer, um dos destaques do time mesmo antes do campeonato começar, lembro da minha primeira entrevista em 2011, Santa Cruz tinha que jogar para classificar para a Série D, históricos de não pagar, ia fazer 2 anos do time jogando um futebol de baixo nível, eu cheguei na minha primeira entrevista, sentei na cadeira e falei para os repórteres: vim para ser campeão. Eu lembro que todos deram risada, por não acreditar, as duas outras equipes rivais, uma na Série A e outra na B, com elencos fortes e tudo, não aceitavam. Nós começamos um ano maravilhoso, eu fiz 14 gols pelo Santa Cruz, era capitão do time, conseguimos ser campeão pernambucano em cima do nosso maior rival, um clube que estava com investimento altíssimo, de série A, e o nosso clube com o elenco mesclado de alguns jogadores conhecidos e a maioria meninos da base e conseguimos fazer um excelente campeonato, conquistando o título que o Santa não conquistava deste 2005. Nós formamos um elenco muito forte, eu como zagueiro fiz 14 gols, era o zagueiro que mais gols tinha marcado no Brasil, então para mim esse ano de 2011 foi um dos auge da minha carreira, no começo lá em 2000 e em 2011, foi o auge.