40 anos da Primeira Geração dos “Meninos da Vila”
Nesta última sexta-feira, a geração que marcou a expressão “Meninos da Vila”, se reuniu para comemorar os 40 anos do título paulista de 1978. A conquista foi sobre o São Paulo, em três jogos, e ficou marcado como o primeiro título pós-Pelé, que havia saído do Santos em 1974. Naquela época, a situação santista não era boa, pois ainda não tinha se encontrado sem Pelé em campo, e as dificuldades financeiras obrigaram o time a optar em usar vários jogadores da base, como Pita, Juari e João Paulo, mesclando com a experiência de Clodoaldo, e poucos reforços, como Gilberto Sorriso e Ailton Lira.
O comando daquele time era de Chico Formiga, que sempre acompanhou de perto o trabalho de base santista, o que acabou facilitando esta opção nos atletas da base, e o Campeonato Paulista de 1978 acabou se tornando uma verdadeira maratona para os santistas, pois terminou em meados de 1979. Para muitos jogadores, o título foi marcante. O atacante Pita, cita a importância da conquista: “Foi o título mais importante da minha carreira, porque foi uma transição dos juniores pro profissional, que é difícil de se adaptar. E nós conseguimos o título logo que fomos lançados”. Ainda sobre a conquista, Pita cita com muito orgulho, o peso de se vestir a camisa santista: “O torcedor sabia que não ia aparecer um gênio como Pelé. E eu, como branco, canhoto, totalmente diferente, acabei me adaptando e marcando o nome Pita na camisa 10”.
Outro jogador que veio da base e foi fundamental para a conquista, foi o atacante João Paulo. O atacante fala sobre o menosprezo dos adversários com o Santos, pelo fato de ter vários jogadores da base. “Ninguém acreditava, mas juntamos a experiência de alguns atletas com a molecada e isso foi importante para chegarmos ao título. Foi uma revolução que fizemos no futebol do Santos”.
O título de 1978 no Campeonato Paulista mostrou um Santos com poder ofensivo destacado. Ao todo, foram 56 jogos na competição, com 80 gols marcados, sendo 29 deles, marcados pelo seu camisa 9, o atacante Juary, que tinha como característica, comemorar dançando ao redor da bandeirinha do escanteio. Para Juary, aquele momento é algo que ficará marcado na memória de todo santista por toda sua história. “É inesquecível uma coisa qu ficou marcada, todos nós aqui deixamos essa marca. E aconteça o que acontecer, eles vão ter que lembrar da gente sempre”.
Se por um lado nascia a primeira geração de “Meninos da Vila”, por outro, é de se destacar muito a postura dos “experientes” em campo. Naquele time, jogadores de muita experiência como Clodoaldo, Gilberto Sorriso e Nelsinho equilibravam as ações junto dos “Meninos da Vila”, todos ao comando do treinador Formiga, e do presidente Rubens Quintas Ovalle. Durante a solenidade, Gilberto ressalta a importância de ser um dos líderes do time e de poder ajudar os jogadores novos a se desenvolver. “Quando eu assumi essa plataforma foi cumprida, prestigiar a base e lançar a base para cima. Foi o campeonato mais longo da história do futebol paulista, três turnos. Eu já tinha uns 27 anos. O que mais marcou naquele time, foi a alegria que tinha a garotada. E conseguimos um título em cima do São Paulo, time do qual eu havia recém saído”.
O último remanescente da “era Pelé”, Clodoaldo, participou ativamente da ‘reconstrução’ do Santos, após a aposentadoria de Pelé, e falou a importância daquele momento. “Todo mundo desacreditava que o Santos pudesse dar uma continuidade à sua linda história no futebol do Brasil e mundial. Muitos saíram, mas eu permaneci, acreditei sempre na possibilidade de o Santos buscar novas conquistas”.