Afastado do Santos, Peres nega endividamento de R$ 500 milhões

Desde o início de outubro, José Carlos Peres foi afastado da presidência do Santos, e aguarda o Conselho Deliberativo para fazer sua defesa. Com o afastamento, Orlando Rollo assumiu a presidência santista, por ter rachado com Peres desde o início do mandato, em fevereiro de 2018.

Afastado, José Carlos Peres nega ter endividado o Santos em quase R$ 500 milhões, porém o Santos responde por diversos processos por não pagamento na compra de jogadores. Até o momento, o atual presidente Orlando Rollo conseguiu quitar a dívida com o Hamburgo, pela compra do zagueiro Cléber Reis, e também com o Huachipato, que perdoou os débitos do Santos, em troca da totalidade nos direitos federativos do atleta Yeferson Soteldo. Neste caso, para o Santos, ficará uma comissão em caso de venda do atleta.

O Santos ainda tem processos em aberto, que geram punições impostas pela Fifa. O Atlético Nacional cobra pela venda do zagueiro Felipe Aguilar, que já foi vendido ao Athletico Paranaense, e o Krasnoodar/RUS também cobra o Santos pela compra do meia Christian Cueva. O Santos poderia ter tido mais uma cobrança, no caso de Eduardo Sasha, pelo Internacional, mas um acordo aconteceu quando o clube gaúcho contratou Yuri Alberto.

Para José Carlos Peres, em entrevista à Rádio Bandeirantes, seu feito não foi um endividamento, e sim investimento. “Eu não fiz dívida bancária. Só fizemos investimento e estouramos o orçamento em 2019, porque vendemos um jogador por 54 milhões de euros. Eu não endividei o clube. Estávamos prevendo fazer uma venda no final de 2019, para pagar o Soteldo. Deixei de pagar pela falta de uma venda que contávamos com ela, mas tem o ativo para vender, mas não dar de graça.”

Aguardando o Conselho Deliberativo, Peres afirma ter sua defesa pronta para ser apresentada à Comissão de Inquérito e Sindicância, a mesma que o suspendeu por 60 dias. Após a defesa feita, a CIS fará nova análise e deve colocar em votação no plenário do Conselho Deliberativo. Em sua defesa, Peres afirma que atualmente o Santos tem R$ 500 milhões em ativos no elenco profissional, e demonstra em sete jogadores:

• Marinho: De 8 a 10 milhões de euros (R$ 54 a R$ 67 milhões);
• Yeferson Soteldo: 20 milhões de euros (R$ 135 milhões);
• Felipe Jonatan: 7 milhões de euros (R$ 47 milhões);
• Diego Pituca: 6 milhões de euros (R$ 40 milhões);
• Kaio Jorge: De 15 a 20 milhões de euros (R$ 101 a R$ 135 milhões);
• Lucas Veríssimo: De 8 a 10 milhões de euros (R$ 54 a R$ 67 milhões).

Dentro de sua defesa, Peres aponta que em 2017, para cada R$ 1 de patrimônio, o Santos devia R$ 2,40, herança deixada pela gestão de Modesto Roma Jr. Em 2018, ele afirma ter conseguido derrubar o número para R$ 1,39 de dívida para cada R$ 1 de patrimônio, porém em 2019, o número subiu para R$ 2,09, para cada R$ 1.

Peres faz uma análise devida à experiência de ter trabalhado no mercado financeiro e aponta as dificuldades. “Vim do mercado financeiro. Os clubes são mal administrados, mas na maioria dos casos, é impossível você pagar estas dívidas de centenas de milhões de reais contando só com receitas, isto é impossível, principalmente nesta pandemia que já dura nove meses. Então, você tem que apostar em contratações que possam dar retorno em termos de premiações e competições e às vezes, dá errado, muito errado. Então, infelizmente, há poucas saídas. Você assume o clube com dívidas impagáveis, um curto prazo que asfixia. E cada vez fica maior, contas bloqueadas e receitas pífias diante do volume de contas a pagar. Enfim, presidentes dos clubes médios e grandes, eu calculo uns 30 se muito, vivem 24 horas em um moedor de carne incontrolável.”