Santos: Marinho e João Paulo

Análise: Santos aposta em verticalidade para superar desfalques e vencer o Atlético-MG de Sampaoli

O Santos venceu a segunda partida consecutiva no Brasileirão e arrancou na tabela. Diante o Atlético-MG, em jogo na Vila Belmiro que terminou 3 a 1, a equipe comandada por Cuca teve como principal virtude a eficiência em finalizações.

Antes de mais nada, é importante dizer o quanto o Santos entrou no jogo desfalcado: Lucas Veríssimo, Luan Peres e Alison, suspensos, não jogaram. Luiz Felipe, o zagueiro reserva imediato, está lesionado. Pará foi poupado como precaução, e Kaio Jorge e Raniel estão com o novo coronavírus. Com isso, o treinador do Peixe colocou Jobson como zagueiro ao lado do jovem Alex Nascimento. Madson foi opção para a lateral direita e Diego Pituca começou como primeiro volante, onde rende melhor.

Cuca apostou em escalar quatro jogadores de ataque, mas com uma mentalidade parecida com o jogo contra o Ceará. Soteldo pela esquerda, Arthur Gomes como um meia ofensivo, Lucas Braga caindo pela direita e Marinho livre para flutuar entre as linhas do Galo e com poucas responsabilidades sem a bola. O objetivo era transições verticais rápidas explorando os espaços que times do Sampaoli costumam conceder de forma natural.

Erros individuais marcaram o começo do Santos. Jobson, acostumado a quebrar linhas com passes pelo meio-campo, abusou de errar passes perigosos. Inicialmente o plano não deu certo, mas a expulsão do goleiro Rafael foi crucial para que o Peixe, finalmente, se encontrasse no jogo.

Diferente da estratégia adotada contra o Flamengo, partida em que o Peixe procurou ter a bola nos pés no campo de ataque, Cuca buscou desenvolver jogadas com poucos passes e muita verticalidade. Isso ficou claro no segundo gol, que começou com bola longa e terminou em Marinho enfiado na grande área. No segundo tempo, com espaços, essa ideia de jogo apareceu ainda mais nitidamente.

Portanto, Cuca já mostrou que costuma moldar seu time de acordo com o adversário. As estratégias mudam de acordo com as peças e possibilidades que certa partida apresentam.

Analisando cada setor, é possível dizer que a defesa sofreu muito no primeiro tempo, tanto é que João Paulo foi o melhor do jogo. Na segunda etapa, evoluiu de rendimento e foi segura. O meio-campo teve Pituca como destaque, mas o setor ainda peca na criação. O ataque se movimentou bem e criou espaços, com destaque todo para Marinho novamente; Soteldo e Arthur Gomes também foram bem.

O JOGO

Os 15 primeiros minutos foram de amplo domínio do Galo. O time de Jorge Sampaoli encontrou facilidade de se impor no campo ofensivo e achar espaços na defesa do Santos. Com vários chances claras de gols, a equipe mineira parou em João Paulo.

Aos 16 minutos, Rafael foi expulso e mudou um pouco a cara do jogo. Mesmo com um a menos, o Atlético-MG continuou agressivo e procurando o gol. O Santos encontrou mais espaços para buscar passes verticais que anteriormente tinha dificuldades de achar. Aos 24′, Arthur Gomes marcou com falha de Victor.

Atrás no placar, o Galo não se acovardou, como disse Sampaoli na entrevista coletiva: “Jogar com um jogador a menos neste local (Vila Belmiro), e buscar como a equipe buscou, com a capacidade que tem, me parece valioso. Nunca abaixou a cabeça e foi buscar. Lamentavelmente, se você não converte no gol rival, leva-se gol no seu.”

O Santos cometeu muitos erros individuais e deu chances ao adversário. Erros na saída de bola, passes equivocados e meio-campo novamente ineficaz na criação. Em passe errado de Jobson, Eduardo Sasha partiu e tocou de lado para Alan Franco chegar batendo para empatar o jogo.

Sánchez, muito mal nos últimos jogos, participou de um lance crucial. Ele lançou para Madson, que bateu cruzado para Marinho empurrar para as redes, ainda no primeiro tempo. Depois do intervalo, o jogo ficou muito morno: o Atlético cansou fisicamente e o Santos soube administrar com segurança. Teve chances de aumentar, mas só conseguiu no apagar das luzes, em pênalti sofrido e convertido por Marinho.