Arnaldo Silveira, o primeiro presente dos deuses do futebol
Odir Cunha, do Centro de Memória
O time do Santos se mantém apaixonante pela leva de garotos que surgem quando todas as esperanças de se manter uma equipe competitiva parecem perdidas. Esta sina, na verdade, o acompanha desde a sua fundação. Por isso, pode-se dizer que Arnaldo Silveira foi o primeiro presente dos deuses do futebol ao Alvinegro Praiano.
Nascido na progressiva Santos ainda no século XIX, em 6 de agosto de 1984, Arnaldo Patusca da Silveira, sobrinho de Sizino Patusca, o primeiro presidente do Santos, e portanto primo de Ary e de Araken Patusca, era um jovem de 17 anos quando, ao lado de outros 38 estudantes e comerciários da cidade, fundou o time que se tornaria o melhor e mais conhecido no mundo.
Entre os fundadores havia outros bons de bola, como o driblador ponta direita Adolpho Millon, de 16 anos, mas Arnaldo se destacava não só pelo futebol objetivo e o chute forte, que o tornava um temido cobrador de faltas, mas também pela personalidade. Em uma época em que os homens amadureciam mais cedo, era o tipo de sujeito que assumia responsabilidades e por isso logo se tornou um líder da equipe.
Suas façanhas não podem ser esquecidas. Em 15 de setembro de 1912 marcou o primeiro gol oficial na história do Santos, na vitória por 3 a 2 sobre o Santos Athletic Club, no campo da Avenida Ana Costa. Em 22 de junho de 1913 jogou muito e marcou dois gols na goleada de 6 a 3 sobre o Corinthians, em São Paulo, no primeiro clássico paulista.
Em uma ascensão só comparável aos melhores Meninos da Vila, aos 20 anos já era titular da Seleção Brasileira vencedora da Copa Roca, contra a Argentina, no primeiro título do futebol brasileiro, e aos 25 capitaneou a Seleção campeã do Sul-americano de 1919, até ali a conquista mais importante do futebol nacional.