Clodoaldo, do tempo em que volantes também eram craques

Guilherme Guarche, do Centro de Memória

Nos instantes finais da partida decisiva contra a Itália, ainda no meio de campo da defesa brasileira, Clodoaldo driblou um, dois, três, quatro oponentes. Depois, deu a bola para Rivelino, que tocou para Jairzinho, que achou Pelé. Este serviu o capitão Carlos Alberto para completar a obra-prima iniciada pelo jovem de 20 anos, mandando a bola para o fundo das redes italianas.

Este gol fechou a goleada de 4 a 1 que deu ao Brasil o seu tricampeonato mundial e consagrou o jovem camisa cinco do Santos e da Seleção Brasileira como um dos melhores do mundo na sua posição.

Clodoaldo Tavares Santana, filho de Irineu Vicente Santana e Petrina Tavares de Almeida, nasceu em um domingo, 25 de setembro de 1949, na cidade de Itabaiana, distante 54 Km da capital Aracaju, em Sergipe.

Seu começo de vida foi muito difícil. Perdeu os pais cedo e aos seis anos se viu obrigado a migrar para São Paulo, mais precisamente para a cidade de Praia Grande.

Passou a morar no litoral paulista com uma irmã e com seu irmão, Antônio. Lá ficou por três anos, mas, como houve uma separação na família, ele veio morar em Santos, com uma família no Morro do São Bento. Foi uma fase difícil na sua vida.

De 1959 a 1963 foi coroinha na Igreja do Valongo, ajudando o frei Cosme Damião nas missas. Ainda bem menino encontrou na religião a proteção e a paz espiritual que tanto precisava.

Com 11 anos começou a trabalhar para se sustentar. A princípio na feira e em mercearias, carregando as compras para as pessoas. Na adolescência trabalhou na Companhia de Produtores de Armazéns Gerais, no bairro do Macuco.

As adversidades que o garoto enfrentava na sua infância e adolescência poderiam tê-lo conduzido para outro caminho, mas o forte desejo de vencer na vida levaria Clodoaldo a ser um campeão.

A opção do futebol veio naturalmente, pela habilidade e desenvoltura que demonstrava na equipe amadora do Grêmio do Apito, administrado pelo árbitro Romualdo Arppi Filho, e depois na Sociedade Esportiva Barreiros.
No Barreiros, o time do bairro Chinês, foi dirigido pelo técnico Miro Caiçara e jogou com a camisa sete, dividindo o meio de campo com seu futuro parceiro no Santos, Walter Negreiros.

Ao vê-lo, o treinador dos amadores do Santos, Ernesto Marques, técnico que revelou vários jogadores no time santista, o convidou para treinar no Alvinegro Praiano.

Nicolau Moran, diretor de futebol do Peixe na época, também foi muito importante em sua formação como atleta e como homem, pois conseguiu que ele morasse em um alojamento no Estádio Urbano Caldeira.
Em entrevista ao Centro de Memória do Santos FC, Clodoaldo falou sobre essa etapa no clube: