Com exclusividade ao Mercado do Futebol, Marcelo Teixeira fala sobre seu futuro no Santos

Presidente do atual Conselho Deliberativo do Santos, Presidente do clube em duas oportunidades, a primeira em 1991, aos 26 anos, e depois um retorno triunfante em 2000 até 2009, Marcelo Teixeira foi o presidente mais jovem de um grande clube no Brasil. Dentre seus feitos, também podemos destacar o fim da fila de 18 anos, quando com um time repleto de jogadores da base e liderado por Diego e Robinho, o Santos sagrou-se campeão brasileiro em 2002. Sob seu comando, no início dos anos 2000, o Santos saiu do jejum e voltou às grandes conquistas, com dois campeonatos brasileiros (2002 e 2004) e dois vices (2003 e 2007), bicampeonato paulista (2006 e 2007) e dois vices (2000 e 2009), além do vice-campeonato da Libertadores de 2003.

Se dentro de campo os feitos foram marcantes, fora de campo não foi diferente. Dentro do seu segundo mandato foi inaugurado o Memorial de Conquistas Milton Teixeira, homenagem mais que justa ao ex-presidente santista e seu pai, o CT Rei Pelé, que foi considerado um dos centros de treinamento mais completos do mundo, com hotel 5 estrelas para os jogadores, o CEPRAF (Centro de Excelência em Prevenção e Recuperação de Atletas de Futebol), e o CT Meninos da Vila, para as categorias de base.

Atualmente, Marcelo é o presidente do Conselho Deliberativo, na gestão de José Carlos Peres, e com a proximidade das eleições santistas, mesmo ainda negandoa disputa, seu nome é forte para o cargo máximo santista, o que seria a terceira vez comandando o Peixe, caso resolva se candidatar e vença a eleição.

Em entrevista exclusiva ao Mercado do Futebol, Marcelo fala um pouco sobre suas passagens pelo Santos, o atual momento e também, sobre um possível retorno à presidência santista.

Mercado do Futebol – Nos dias de hoje, há uma máxima na Imprensa Esportiva que jovens devem gerir os clubes e que dirigentes do passado atrasam o futebol brasileiro. Você, quando assumiu o SFC em sua primeira passagem, tinha apenas 26 anos, conseguiu montar um ótimo time em 93, mas não conseguiu conquistar títulos. Em sua segunda passagem, assumiu o Santos com apenas 35 anos e ali você despontou como um dos maiores presidentes da História do SFC. Nos dias de hoje, aos 55 anos, você vê exageros da imprensa esportiva ao citar dirigentes de outrora como ultrapassados? E mais, caso assumisse o SFC, você conseguiria mediar um modelo de Gestão Moderna, levando-se em conta os sucessos que obteve nos anos 2000?

Marcelo Teixeira: A cada surgimento de uma nova geração, o velho disco começa a tocar em tom de desconfiança. E, desta vez, o que será do futuro desses jovens? Discutir a idade das pessoas é irrelevante, temos que analisar a sua capacidade. Existem jovens ansiosos e ambiciosos, entretanto, pela pouca experiência, querem conquistar o mundo da forma mais rápida, por outro lado, existe a parcela dos preguiçosos, arrogantes e descomprometidos.

Grande parte ganha a maturidade conforme os seus desafios. Em minha vida, todas as atividades profissionais foram precoces, trabalho desde os 8 anos de idade, com uma trajetória muito intensa. Considero como ideal a união de gerações, pois acredito que seja preponderante a maturidade para exercer as mais diversas funções. Identifico-me com a impetuosidade da juventude, admiro os que estudam e aperfeiçoam seus conhecimentos, assim como  aqueles que vão à luta para ocupar seus espaços na sociedade. É extremamente legítima a forma ríspida com que se posicionam, até os inúmeros questionamentos, pois isso demonstra as suas vitalidades e personalidades.

Meu saudoso pai me dizia: “Marcelo, os mais velhos devem ser respeitados por seus feitos, você é jovem, tem muita vontade, mas eles têm o que só o tempo lhe dará, a experiência vivida”. Procurei sempre reconhecer o passado. Em várias oportunidades, prestei homenagens aos alvinegros que não estavam esquecidos, mas que jamais poderiam ser apagados de nossa história, nominando dependências inauguradas de novas instalações do Clube, reconhecendo e respeitando aqueles que tanto lutaram desde a fundação da agremiação. É preponderante implantar uma filosofia profissional em todos os setores do Clube, com planejamento de seus respectivos gestores, independente de suas idades, é também indispensável que cada qual tenha o seu perfil, atribuindo responsabilidades e metas em suas áreas, para, assim, alcançar os objetivos de acordo com o anseio do quadro associativo alvinegro. Na década de 2000 foi assim, por isso o reconhecimento do sucesso no modelo de gestão conforme as suas próprias citações na pergunta acima, pelas conquistas dentro de campo e os significativos avanços fora das quatro linhas.

Mercado do Futebol – O seu pai, o Milton Teixeira, contribuiu para o Setor da Educação brasileira, publicando livros e gerindo umas das maiores Universidades do Brasil. Além de ser um Gestor da Educação, também foi um apaixonado pelo Santos e conquistou o título Paulista de 84. Quais são as maiores lembranças que você pode nos trazer do seu pai como Presidente do Santos?

Marcelo Teixeira: Era uma época diferente, romântica e amadora, porém o futebol tinha as mesmas exigências de resultados. Meu pai era um ser espiritualizado, acima de seu tempo, apaixonado pelo esporte, principalmente pelo Santos FC. Em 1977, contratou, com os seus próprios recursos financeiros e doados ao Clube, Nilton Batata, Joãozinho, João Paulo, Neto, Ailton Lira, Nelsinho, Gilberto, entre outros atletas, que se sagraram campeões paulistas de 1978. O mesmo ocorreu posteriormente, em 1982, quando também contribuiu para trazer Paulo Isidoro, Serginho, Márcio, Dema, Rodolfo Rodrigues, Lino, Humberto, Zé Sergio, que se sagraram vice-campeões brasileiros de 1983 e campeões paulistas, em 1984.

Mercado do Futebol – Você foi o Presidente responsável por melhorar o CT do Santos, construir o Hotel, investir e conquistar muitos títulos com o futebol feminino, além de iniciar o CT da base do Clube. Houve também, em sua gestão, uma modernização significativa da Vila Belmiro, todavia essa modernização deu início a uma série de críticas por parte de alguns santistas, pois, segundo essa corrente, tais reformas teriam “elitizado” a Vila e afastado os torcedores mais pobres do Estádio. Entre as críticas estão o extinto Setor Visa (hoje com cadeiras numeradas), conhecido como “retão” nos anos 90, além da ampliação do tão criticado Setor das atuais Cativas. Como você recebe tais críticas? Você teria em mente alguma solução que atraísse o torcedor de baixa renda de volta à Vila?

Marcelo Teixeira: Verdade, foram inúmeras melhorias e avanços patrimoniais. Tenho orgulho de ter conquistado a área do CT em 1992, anteriormente utilizado pela prefeitura como Conjunto Esportivo Chico Guimarães, no bairro do Jabaquara, de ter feito os maiores investimentos a partir de 2000, sendo referência no País. Fizemos importantes ampliações em uma época em que os clubes não valorizavam os trabalhos fora de campo, tampouco os departamentos específicos de apoio às Comissões Técnicas. Lembro-me, por exemplo, da lista de centenas de atletas brasileiros que solicitavam tratamentos em nosso CEPRAF, vindos de todas as partes do mundo. Os atletas queriam defender o Santos por sua invejável infraestrutura.

Assumimos o Clube com os atletas utilizando vestiários em contêineres e edificamos o maior e mais moderno complexo futebolístico do Brasil. Vale lembrar que a seleção do México o escolheu para preparação e treinamentos para a Copa de 2014, como a sua casa no Brasil. Investimentos também foram feitos, como você enalteceu na pergunta. Criamos o CT Meninos da Vila na entrada da cidade de Santos, um terreno abandonado, com mato alto e muita areia, resolvendo o grave problema da falta de campos para treinamentos das categorias de Base e do Futebol Feminino. Recuperamos a Vila Belmiro em todos os setores internos e externos para oferecer maior beleza e conforto ao torcedor, independente de sua classe social, toda a fachada externa do estádio, instalamos moderno placar eletrônico, reformamos e ampliamos o Ginásio de Esportes Athié Jorge Coury para atividades esportivas, reativamos o Salão de Mármore Vasco José Faé para eventos sociais. Não posso esquecer o nosso lindo Memorial das Conquistas “Milton Teixeira”, um dos equipamentos turísticos mais visitados do Estado de São Paulo.

O futebol é a paixão do brasileiro, uma das importantes diversões  das pessoas menos favorecidas, por isso procuramos sempre flexibilizar o atendimento a todos os segmentos da sociedade. O futebol é um entretenimento de inclusão, é dever de todo presidente ter esse objetivo. Mesmo com as reformas, a Vila Belmiro serviu de alçapão, um enorme desafio aos adversários. Tivemos, entre 2000 e 2009, grande presença de público, foram as melhores médias em jogos do masculino e feminino. A Vila Belmiro é uma importante fonte de receita. Para o estádio ter sua lotação completa, as administrações devem promover ações, incentivar o ingresso no quadro associativo e manter equipes fortes e identificadas com o torcedor.

Mercado do Futebol – Em sua gestão, houve o ótimo patrocínio Máster junto à Panasonic e, anos mais tarde, um bom patrocínio Máster junto à Semp Toshiba, no que diz respeito aos valores da época, é claro? Desde então, houve bons acordos com a Seara e com o grupo BMG na Gestão do Laor, mas, desde então, o Santos nunca mais conseguiu valores condizentes com a grandeza do Clube e a marca internacionalmente conhecida como é a camisa do Santos. O que falta para o Santos conseguir alavancar valores com um Patrocínio Máster, como nos anos de 2004/2005 com a Panasonic e 2006/2009 com a Semp Toshiba?

Marcelo Teixeira – Credibilidade e transparência na gestão, ídolos em campo e títulos na galeria do Memorial, sempre com responsabilidade para não ser imediatista e gastar o que o Clube não consiga suportar. Basicamente, estes tópicos nos fizeram selar parcerias unindo fortes marcas durante as temporadas. Contamos com uma dedicada equipe de profissionais que prospectava muito bem no mercado, recordo de parceiros como a Bombril e a Copagaz, fundamentais para o crescimento do futebol masculino e feminino.

Mercado do Futebol – Com a proximidade das eleições, como aconteceu nos últimos pleitos, seu nome sempre é ventilado e cotado como forte candidato. Nesta eleição, você aceitaria ser candidato novamente?

Marcelo Teixeira – Considero ter contribuído muito para o engrandecimento do Santos Futebol Clube. Alguns torcedores com até os seus 23 anos de idade não imaginam o que sofremos até conquistar o título brasileiro de 2002, mesmo com tanto esforço de dirigentes que nos antecederam, que se dedicaram para mudar este duro panorama. Ouvíamos nas arquibancadas torcedores adversários cantarem “parabéns para você”, gritando números de 1 até 15, 16, 17, 18 anos, pelo jejum de títulos, doía ouvir os gritos de “Pelé parou, o Santos acabou”, era humilhante.

Atualmente ocupo o honroso cargo de presidente do Conselho Deliberativo e confesso que a minha candidatura para exercer essa digna função não foi por pretensão própria. Em minha sala, no Complexo Santa Cecília, tinham aproximadamente 60 alvinegros e tentávamos convencer conselheiros para disputar a eleição para a Mesa do Conselho. Apesar dos inúmeros telefonemas e contatos, ninguém queria se arriscar para apresentar uma chapa oposicionista, já que o grupo vencedor para dirigir o Clube tinha escolhido os seus nomes, supostamente possuíam o maior número de conselheiros eleitos pelas chapas. Nunca, em toda a história alvinegra, uma chapa oposicionista venceu a eleição no Conselho Deliberativo contra os nomes indicados pelo grupo da situação. Faltava menos de uma hora para o fim do registro das chapas, um dos presentes começou a puxar o hino do Santos, em sequência os demais também cantaram, e som ecoava para as pessoas que passavam pelas ruas, foi de arrepiar! Quando percebi, colocaram um papel em minha mesa e me deram uma caneta nas mãos, exigindo que assumisse mais aquele compromisso para ser opção na votação em plenário, já que a tendência era ser chapa única. Olhei para o meu filho, Marcelinho Teixeira e, ao vê-lo balançar a cabeça de forma positiva, percebi, no brilho dos seus olhos, que era um novo chamado para eu servir ao Clube.  Aceitei esse desafio, não por mim, mas pela causa, pelos meus pares que clamaram por aquela decisão. Quando se assumem compromissos públicos, já não há mais controle sobre as próprias vontades.

Nunca me omiti, também não deixarei de ajudar pela história de minha família com a entidade, independente dos homens que nela estejam, porque eles passarão, e o Santos FC permanecerá! Depois de minha família, o Complexo Santa Cecília e o Santos, são os amores na minha vida. Neste momento, me proponho a criar um grupo de santistas das mais diversas cidades do País, que queiram contribuir, construindo um projeto para reinventar o Clube para os próximos anos, independente daqueles que venham a presidir ou ocupar cargos diretivos, porque o mais importante será o engajamento das pessoas para a consolidação de um amplo projeto para essa nova década.

Mercado do Futebol – O atual momento político santista está conturbado, considerando que o atual presidente inclusive passou por processo de impeachment, e vemos, no atual cenário, que são várias frentes de pensamentos diferentes no CD. Qual sua opinião a respeito desta situação?

Marcelo Teixeira – Muito triste. Os debates já deixaram de ser ideológicos, passaram a ser pessoais, semelhantes ao cenário político no Brasil. Não consigo compreender como pessoas que têm bons propósitos pelo mesmo Clube possam ter sentimentos tão diferentes, alguns fomentando a discórdia e o rancor. A maioria dos associados já perceberam  esse ambiente e irão avaliar o perfil dessas pessoas nos próximos processos eleitorais. Ou caminhamos para uma grande coalizão de alvinegros bem intencionados, sem vaidades, ou a tendência é piorar. Divergências são normais, desde que as críticas sejam construtivas e discutidas nos momentos e nos locais apropriados.

Mercado do Futebol – Na questão financeira, sem patrocínio máster há muito tempo, o Clube vem dependendo da negociação de jogadores para igualar as finanças no fim da temporada, isto quando consegue, sem contar a dívida gigantesca que o Clube tem. O que se pode fazer para amenizar tal situação, em sua opinião?

Marcelo Teixeira – Investir na Base. O que me preocupa bastante é a falta de foco nesse setor, apesar dos esforços dos dirigentes das últimas  gestões. A arrecadação dos clubes tem crescido, gradativamente, porém as dívidas também aumentam, às vezes, em proporções até maiores na maioria dos clubes brasileiros, com raras exceções. O futebol vem mudando, criando alternativas de novas receitas, o Santos precisa acompanhar para não ficar para trás de seus adversários. Devemos sempre ser protagonistas, e não apenas figurantes. Ao final de 2009, recusamos todas as propostas de clubes do Brasil e principalmente do exterior direcionadas aos nossos principais jogadores. Se concretizássemos naquele momento, o Clube ficaria com um caixa positivo, talvez nunca visto antes. Entretanto, o nosso idealismo e amor pelo Clube foram mais fortes. Eu não poderia interromper a continuidade de uma geração, que criamos e plantamos desde 2004, apenas por uma questão pessoal de ter deixado o Clube com muito dinheiro em caixa.

Deixamos, sim, em dezembro de 2009, como legado após a missão de 10 anos de mandato, a incrível e abençoada sequência de títulos, as contas equilibradas, um plantel de grandes estrelas, a que a nova gestão, a partir de 2010, deu prosseguimento, conquistando o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil, assim como o tricampeonato da Libertadores, dando o direito de disputar o Campeonato Mundial de Clubes. O maior legado foi a filosofia no Departamento de Base, somada à permanência no plantel e aos investimentos no patrimônio, sem sombra de dúvida, as gerações que se tornaram ídolos, como Robinho, Diego, Neymar, Ganso e diversos outros jogadores que brilharam no cenário futebolístico nacional e internacional, renderam títulos, aumento de nossa torcida e recursos financeiros. Até hoje, pela Lei de Solidariedade,  valores financeiros significativos entram nos cofres do Clube, mesmo com esses atletas em outros clubes. Gabigol e Rodrygo foram as últimas vendas de atletas formados ainda na nossa gestão.

Mesmo com o sucesso de gerações, são muito preocupantes os atuais números do Balanço Patrimonial, há a necessidade de implantar uma nova filosofia para o aumento das receitas e controle das despesas, ainda mais depois desta pandemia.

Mercado do Futebol – A Vila Belmiro é um estádio centenário e, mesmo com as reformas feitas, é considerado um estádio antigo, com pouca capacidade para receber a torcida santista. Sobre uma possível reforma, a negociação para se fazer o retrofit ampliando a capacidade para 25 mil pessoas, com toda a modernização do estádio, você vê viabilidade para a execução do projeto?

Marcelo Teixeira – Sim, dependendo do projeto e as garantias ao Clube.

Mercado do Futebol – Com a paralisação do futebol para intensificar o combate à pandemia da Covid-19, todos os clubes do Brasil e do mundo passarão por diferentes momentos financeiros, deverá haver adequações nas folhas salariais e no quadro de funcionários para uma realidade da economia do país. O que você pensa a respeito, para amenizar este caos financeiro para a instituição?

Marcelo Teixeira: Há uma grande necessidade de se reinventar neste momento, avaliar conceitos, pois, sendo uma crise mundial, todos os clubes sentirão grandes dificuldades. Em janeiro de 2000, quando assumimos o Clube, me recordo bem, contávamos com apenas 14 jogadores no plantel de profissionais. Não tínhamos número mínimo de atletas nem para disputar um coletivo, mas nem por isso ficamos lamentando ou olhando pelo retrovisor, montamos um grupo e, em menos de quatro meses, fomos disputar a  final do Campeonato Paulista, que não ocorria há 16 anos.

Em 2002, novo desafio, ficamos 4 meses sem atividades esportivas, com a desclassificação precoce do Torneio Rio São Paulo e pela realização da Copa do Mundo. Esse momento exigiu criatividade, eficiência e sacrifício próprio de minha família e de nosso grupo, com medidas e ações para honrar os compromissos do Clube, mantendo as expectativas do quadro associativo. Não basta lamentar, é uma dura realidade, deve ser enfrentada com coragem e com decisões certas e justas.

Mercado do Futebol – Sobre o futuro do Santos, qual dos cenários você enxerga para o Santos nos próximos anos a partir das eleições. Com uma visão pessimista, como parte da imprensa paulistana aponta, com o Clube endividado e muito distante financeiramente e, consequentemente, tecnicamente do trio de ferro, ou um Santos que encontre o caminho do equilíbrio financeiro e com uma Gestão comprometida em manter o legado histórico do Santos, mantendo-o entre os gigantes brasileiros e saudável financeiramente?

Marcelo Teixeira: Já se vão 16 anos sem um título Brasileiro. Fomos e sempre seremos o maior clube de futebol do Brasil e um dos mais conhecidos do mundo. Espero da próxima gestão, acima de tudo, um grupo comprometido, experiente, bem intencionado, que tenha uma administração com decisões colegiadas, que interaja de forma harmônica e respeite os poderes e o estatuto do Clube. Ter como referência o sucesso como um bom administrador de seus negócios, ser bem-sucedido em sua área profissional não significa que o dirigente conseguirá o mesmo em um clube de futebol. Já vimos muitos PhDs em seus setores terem diversas dificuldades e não conseguirem alcançar seus objetivos nas agremiações esportivas. Não se pode depender do histórico de pessoas, os currículos servem como parâmetros, mas o trabalho deve ser compartilhado e exigir responsabilidades de todos os membros da diretoria e dos seus profissionais.

Sou otimista, confio na marca e no potencial do Santos FC. Com um projeto a médio e longo prazos, objetivos a ser alcançados, o Clube pode reverter este quadro, tenho essa expectativa e esperança. Essas definições caberão aos postulantes e ao quadro associativo.

(Foto: Leandro Amaral)