Conheça mais sobre Ricardo Agostinho, candidato à Presidência do Santos

Nós, do Mercado do Futebol, faremos entrevista com os pré-candidatos à presidência do Santos. O intuito é conhecer um pouco mais de cada candidato, seus planos e anseios para chegar ao cargo de mandatário santista. Neste sentido, nosso primeiro entrevistado encabeça a chapa Transforma Santos, que tem Ricardo Agostinho como seu candidato. Além de apaixonado pelo Santos, Ricardo é fundador da Embaixada do Santos em São Paulo e embaixador por três anos, com uma gestão inclusiva e participativa, o que sempre rendeu muitos elogios pelas suas ações promovendo a marca do Santos e também no âmbito social.

MF – Ricardo, você dirigiu a Embaixada do Santos em São Paulo por três anos, com destaque. O que te faz acreditar que você está preparado para comandar um clube do tamanho do Santos, e com quem você conta para lhe dar respaldo e suporte para gerir a instituição Santos Futebol Clube?

R.A. – Os três anos em que estive à frente da Embaixada foram de grande aprendizado e muita reflexão em relação à instituição Santos F.C. Como torcedor que sempre fui, acompanhando o time em estádios pelo Brasil e pelo mundo, já me parecia clara a urgência em reforçar a sensação de pertencimento do associado e dos santistas em geral em relação ao clube. E foi o que fizemos, desde o primeiro dia: promovemos eventos que reuniram milhares de santistas não só da Capital, mas de todo país; tivemos ídolos históricos ao nosso redor, criamos ações sociais com diversas comunidades em situação de risco social da periferia de São Paulo e fortalecemos a importância não só da Embaixada de São Paulo, como de todas as
demais. Entender como pensa o associado santista, portanto, é algo que tenho feito há algum tempo. Ao mesmo tempo, pelas atribuições desempenhadas como Embaixador, também me aprofundei quanto ao funcionamento do Santos FC enquanto instituição, pois era necessário
não só recorrer ao clube para poder viabilizar e concretizar nossos projetos, como também apresentar nossos resultados e mostrar como estávamos contribuindo para seu engrandecimento. A toda esta bagagem soma-se hoje o amplo estudo realizado pela chapa Transforma Santos há mais de dois anos para mapear e entender o atual cenário do Santos FC, visando a construção de nossa plataforma para esta eleição. Acredito que, ao considerar estas três visões distintas em um futuro mandato, com o respaldo do Comitê de Gestão e do Comitê de Inteligência que será criado, poderemos conduzir o Santos à tão necessária transformação pela qual ele precisa passar. Entre os nomes que já divulgamos para compor estes dois órgãos, estão santistas de reconhecida trajetória profissional em diversas áreas, como David Grinberg, Álvaro Simões, Cassiano De Stefano, Adriana Petrella, José Luiz Tehon, Zé Schiavoni, Marcelo Tucci Lisboa, Ronald Monteiro e outros. A lista atualizada com todos os nomes está em nosso site, assim como o resumo de nossas propostas: www.transformasantos.com.br.

MF – O atual momento do clube é delicado na questão financeira, principalmente pela pandemia do novo coronavírus, fato este que deve ir até parte do próximo ano. Que ações você acha possível fazer, para que o clube sofra menos, na questão financeira, já que não tem a presença do público em campo, e tem que viver das rendas de TV, os patrocinadores e o programa Sócio Rei?


MF – A atual situação financeira do Santos é extremamente preocupante, onde inclusive o time já foi punido na Fifa, ficando banido de contratações, enquanto não acerte seus débitos. Na sua visão, como sair deste atual cenário?

R.A. – Gostaria de responder a estas duas perguntas juntas, pois estão relacionadas. Os números do Santos continuam extremamente preocupantes, apesar de algumas medidas que estão sendo implementadas mais pela urgência do que por algum tipo de planejamento. O primeiro passo para buscar uma estabilidade mínima é recuperar a confiança do mercado, dos fornecedores, das federações e dos atletas. Temos uma equipe de especialistas em renegociação de dívidas pronta para atuar, que se reunirá com todos os credores, pontuando cuidadosamente as possibilidades de pagamento das dívidas, com sinceridade e transparência para que possamos cumprir os prazos acordados. A partir daí, com um Plano Diretor de Finanças, reduzir as despesas supérfluas, retomar o crescimento da base de sócios e investir no aprimoramento das seis fontes que consideramos primárias em termos de receita e que podem ser trabalhadas desde o primeiro dia de mandato, mesmo no caso de um prolongamento das medidas restritivas relacionadas ao coronavírus: licenciamento, uniforme, transmissão, jogos, CRM e atletas. Precisamos de uma gestão sustentável e de austeridade financeira para tornar
o clube minimamente administrável a curto prazo e, posteriormente, reverter o cenário por completo a médio e longo prazos.

MF – A presença do público feminino nas arquibancadas é algo que sempre se tem muita reclamação, seja pelo risco de violência, ou pela estrutura que o clube oferece, principalmente vendo como os rivais da capital dão condições em suas arenas. Qual será sua ação que possa aumentar o número de mulheres nos jogos do Santos, dando segurança e conforto? Ainda sobre as mulheres, na sua gestão, elas terão espaço para participar na política do Clube?

R.A. – Definitivamente. Queremos realizar desde o primeiro dia um trabalho efetivo junto às mulheres para que a identificação delas com o clube se torne cada vez mais sólida, resultando não só em presença efetiva no estádio, mas para que também estejam devidamente representadas nas decisões de nossa gestão. Já temos uma célula de trabalho focada no público feminino em construção, que conta com a expertise da Adriana Petrella, executiva que atua há mais de 16 anos com foco em liderança feminina, diversidade e inclusão, homenageada este ano pela Câmara Municipal de São Paulo com o prêmio “Mulheres Em Destaque”. Também as teremos devidamente representadas em nossa Chapa, pois elas são fundamentais para que nosso compromisso em contar com pelo menos 50% de pessoas que nunca ocuparam uma cadeira no Conselho Deliberativo do clube seja honrado.

MF – As categorias de base do Santos sempre rendem ótimos resultados, e geram receitas com frequência, o que ajuda a manter a administração do clube, porém nos últimos anos, pouco revelou e não ganhou títulos, além de perder jogadores sem render nenhum centavo aos cofres do clube. O que você vê pode ser melhorado para que o Santos revele mais jogadores nos próximos anos e não perca jogadores sem retorno financeiro?

R.A. – Temos um diagnóstico bastante aprofundado sobre a atual situação da base do Santos FC. Entendemos que a estrutura está em plena decadência, com os direitos econômicos de novos talentos fartamente distribuídos nas mãos de empresários e um processo de formação bem aquém das possibilidades que o clube pode oferecer, inclusive em relação ao engajamento de ex-atletas no processo de formação. Mas temos um plano estabelecido para reverter este cenário tão preocupante. Como já divulgamos durante a campanha, nosso projeto prevê a construção de um CT exclusivo e moderno para o futebol profissional masculino, na região metropolitana da Baixada Santista. Além do upgrade nas condições de trabalho da equipe principal, isso implicará no remanejamento dos atuais Centros de Treinamento, com o CT Rei Pelé passando a abrigar exclusivamente as categorias de base e o CT Meninos da Vila sendo destinado ao futebol feminino. Ou seja, o impacto estrutural resultará em mais cuidado com todas as modalidades futebolísticas do clube, em todas as suas categorias. É um passo fundamental e que retomará o ciclo virtuoso de nossos Meninos e Meninas da Vila. Também vamos implantar uma gestão profissionalizada nas categorias de base, com comissões técnicas permanentes e em constante integração, para que 100% dos atletas seja aproveitada, seja no clube, ou resultando em transferências após a profissionalização. Isto será possível com um trabalho eficiente quanto à mudança de foco: nossa rede de observação precisa voltar a priorizar a descoberta de talentos e não as benesses ambicionadas por empresários e terceiros. Aliás, estabelecer um percentual mínimo de 80% de direitos econômicos dos jovens atletas para o clube é outra de nossas premissas, a ser viabilizada assim que assumirmos a gestão.

MF – No Futebol Feminino, quais são os planos para dar melhores condições para a categoria? Será feito um trabalho para se ampliar categorias de base para o futebol feminino também?

R.A. – Sim. O nosso objetivo é que o futebol feminino retome seu protagonismo no Santos FC, sendo gerido de forma profissional tanto técnica quanto administrativamente. Só assim serão restabelecidas sua tradição vencedora e sua visibilidade institucional como modalidade. A criação de escolinhas femininas, a implantação das mesmas categorias de base que compõem o futebol masculino e a já mencionada destinação exclusiva do CT Meninos da Vila ao plantel feminino (rebatizado de CT Sereias da Vila) estão em nosso plano de gestão. Também teremos mais jogos das Sereias na Vila Belmiro, com ações de Match Day para uma presença cada vez maior de mulheres e crianças no estádio.

MF – Uma fonte de renda importante para os clubes é o programa de sócio-torcedor. No Santos, o programa Sócio Rei atualmente tem pouco mais de 23 mil associados. Para ampliar este número e aumentar a receita, quais são os planos? O que poderá ser feito como benefício aos torcedores, a fim de aumentar a arrecadação?

R.A. – O torcedor do Santos FC precisa sentir-se mais próximo e participativo dentro do clube, em todos os momentos. Permitir que isso ocorra é o principal caminho para retomar a confiança dos santistas e motivá-los a se associarem, ou, em muitos casos, a retornarem ao quadro associativo. Um plano consistente para reverter a inadimplência, planos de associação partindo de preços populares (com benefícios proporcionais) e ampliação do número de parceiros com abrangência nacional são ações que estão em nosso radar. Vejam o caso do Grêmio e do Internacional, que em 2019 foram os dois clubes que mais faturaram com seus programas de sócios-torcedores (R$ 75 mi e R$ 74 mi, respectivamente) e continuam investindo e incrementando seus pacotes, mesmo em um cenário de pandemia. Hoje o Grêmio tem planos a partir de R$ 35 e cerca de 85 mil sócios; e o Inter, planos a partir de R$ 10 e aproximadamente 120 mil sócios. É inadmissível que o Santos FC, com uma torcida que também figura entre as 10 maiores do país, igualmente fanática e com pacotes de associação disponíveis a partir de R$ 27, tenha um engajamento tão baixo (hoje, cerca de 22 mil sócios). Há ainda outros pontos. Também defendemos a consulta periódica aos associados para auxiliar nas tomadas de decisão da gestão, desde escolha de modelos de terceiro uniforme até a construção de um calendário antecipado dos mandos de jogo, para que os torcedores possam se programar e também o nosso Marketing, por exemplo. E outro passo fundamental nós já encaminhamos: a aprovação do voto à distância, que há duas eleições tem sido “adiado” por falta de vontade política, mas que agora está assegurado, como prevê nosso Estatuto Social desde 2011. A Chapa Transforma Santos liderou a mobilização por esta aprovação no Conselho Deliberativo e continua atenta para que as etapas seguintes sejam cumpridas até que o voto online de fato ocorra dia 12 de dezembro, como opção ao presencial. Assegurar aos santistas de todo país e do mundo o direito ao voto, sem dúvida, também é uma forma de trazê-lo para mais perto do clube.

MF – Nos últimos anos, o Santos fez várias contratações de jogadores que não vingaram, e fortunas foram pagas, sem contar, os compromissos que foram feitos, não cumpridos, e agora geram punições da Fifa. Como você pretende lidar com esses problemas que estão acontecendo?

R.A. – Este problema tem dois aspectos necessários: resolver erros do passado e não cometê-los novamente. Os valores pendentes de pagamentos precisam ser cuidados diretamente pela equipe de profissionais, especializados em renegociações de dívidas, que temos pronta para começar a
operar. São profissionais especialistas com passagens em cargos de gestão por grandes bancos mundo afora. É retomar credibilidade para ampliar prazo de negociação e pagamento. Mas ainda mais importante que isso é não voltar a contrair dívidas absurdas. Contratações de jogadores precisam ser parametrizados pelo viés técnico e conforme o caixa do clube, não norteadas por proximidade com empresários. Quando falo de viés técnico, falo de uma equipe focada em prospecção e análise de novos diamantes, jovens, em clubes menores para virem se desenvolver no Santos. Grandes clubes fazem isso. Com o dinheiro do Cueva, descobriríamos e atrairíamos quantos jovens de talento para o clube? Não é apenas o volume de dinheiro que se
investe, mas como investir com inteligência.

MF – A reforma da Vila Belmiro é algo que vários presidentes vem com projetos e propostas e o assunto não vai adiante, quando muito, poucas melhorias são feitas no Estádio, principalmente quando o time ou a gestão está em crise. Você tem algum projeto neste sentido? Qual a sua opinião neste caso, dando a entender que a “Reforma da Vila”, volta sempre para abafar as crises e problemas maiores do time?

R.A. – Em relação à Vila Belmiro, com as finanças deterioradas, não podemos prometer grandes reformas. Mas existem alguns cuidados mínimos, que não custam tanto, que podemos e devemos fazer. Nosso estádio precisa ser atrativo e confortável para todo perfil de torcedor, especialmente mulheres e crianças. Existem exemplos positivos na gestão de vários estádios do país que já observamos e podem inspirar nossas ações. Eu destacaria Grêmio, Corinthians, Inter, Athletico-PR, Atlético-MG e o Palmeiras, que além de ter o financiamento do estádio mais equilibrado com suas finanças, ainda montou um bom planejamento de match day e colheu frutos. Precisamos entender que estádio do século XXI não mais servir apenas para jogos. Deve servir também como estacionamento, disponibilizar camarotes para reuniões e pequenos eventos, ter um centro de convenções, restaurante, tour para torcedores, etc. Por outro lado, o aumento excessivo do ticket médio e a elitização da torcida, que têm acontecido em alguns deles, precisam ser evitados. Valorizar a experiência do torcedor e torna-la financeiramente viável é o ponto de equilíbrio que buscamos. Dito isso, creio que nossas premissas para tomada decisão em relação ao atual projeto do Retrofit da construtora W. Torre, atualmente em análise, são bastante claras. Assim que
tivermos mais detalhes do projeto (pois ainda não foi divulgado para fora do clube) vamos decidir qual melhor caminho tomar.

MF – O projeto Embaixada é uma ação de sucesso do Santos, que leva aos seus torcedores, principalmente no interior um pouco da história do clube, além de ajudar aumentar o número de sócio torcedores. O que você tem em mente para ampliar e melhorar o projeto?

R.A. – Defendo e luto pelas Embaixadas desde 2011. Elas incrementam nosso quadro associativo e nossas finanças, permitem que o clube aprofunde sua relação com praças importantes e fortalecem o relacionamento entre santistas, o que é bastante salutar e produtivo. Neste período, porém, algumas vezes esbarramos em dificuldades criadas dentro do próprio clube, devido ao histórico “temor” de alguns grupos políticos quanto à ampliação de nossas fronteiras, de olho em disputas eleitorais. Mas sabemos que o Santos FC é um clube de visibilidade nacional e internacional consolidada, mesmo sem estar trabalhando adequadamente esta vocação já há algum tempo. Apesar disso, avançamos muito na última década e também durante minha gestão na Embaixada de São Paulo, reforçando o diálogo com o clube e facilitando o percurso para o estabelecimento de mais Embaixadas, inclusive as que se iniciam de forma provisória até que possam atingir um número mínimo de membros para serem estabelecidas oficialmente. Em nossa gestão, o clube tomará a iniciativa para ampliar este projeto. Não podemos simplesmente esperar por este tipo de movimentação. Nossa ideia é mapear todo país e também redutos de brasileiros que moram no exterior, em busca de outras sedes com potencial para estabelecimento das Embaixadas, trabalhando junto a esses santistas para construir uma comunidade cada vez mais forte, interligada e participativa no futuro do clube.

MF – O Santos sempre foi muito famoso por reconhecer e prestigiar seus ídolos, inclusive muitos deles, com funções no clube, nas categorias de base e na parte promocional da marca Santos, e nos últimos anos, esta ação perdeu um pouco de sua força e importância. O que você pretende fazer a respeito desta situação?

R.A. – Fico bastante à vontade também para falar deste assunto, pois durante minha gestão na Embaixada de São Paulo, trouxemos ídolos de diversas gerações para os eventos que realizamos, entre eles Rodolfo Rodriguez, Juary, Nilton Batata, Giovanni e outros. Além destes, temos ainda muitos remanescentes da geração bicampeã mundial e entendemos que a presença deles no clube é importantíssima, inclusive em dias de jogos, onde devem ser recebidos, anunciados e aclamados com a reverência que lhes é devida. Ações de marketing que envolvam produtos relacionados aos ídolos (camisas, pôsteres, audiovisual e outros produtos licenciados) também podem ser melhor explorados, presença no Memorial das Conquistas como monitores (agendadas com antecedência), enfim, é um leque bastante convidativo de possibilidades, que precisam ser executadas com assiduidade e comprometimento por uma equipe capacitada.

Filipe Dias

Editor-chefe do MF. Paulista de São Paulo, Mineiro de Guaxupé, fundador da GuaxuPeixe, Torcida do Santos em Guaxupé e Setorista do Santos FC.

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