Conteúdo desenvolvido pelo Centro de Memória do Santos Futebol Clube
Campeão espanhol da temporada 1976/77, o orgulhoso Atlético de Madrid disputa com um Santos renovado a final da Taça Governador do Estado, em um Morumbi recheado de santistas. Trinta e cinco minutos de jogo, zero a zero. Uma bola espirrada vai em direção ao elegante zagueiro Luis Pereira, chamado de mago pela imprensa espanhola. Este, displicentemente, vira as costas para o santista mais próximo e deixa que ela passe para o goleiro Reina. Só que o atacante era o velocista Juary, o aniversariante deste 16 de junho.
No auge dos seus 18 anos, Juary acelera, ganha a frente de Pereira e ainda tem tempo de tocar na saída do goleiro espanhol, fazendo o estádio explodir e mostrando a cara atrevida dos Meninos da Vila que seriam campeões paulistas de 1978.
Um dos mais rápidos centroavantes que vestiu a nove do Santos, Juary Jorge dos Santos Filho nasceu em uma terça-feira, 16 de junho de 1959, na cidade de São João de Meriti, Baixada Fluminense, a 27quilômetros do centro da cidade do Rio de Janeiro.
Começou jogando na equipe da Pavunense, agremiação esportiva do bairro carioca da Pavuna. Apesar da baixa estatura, 1,66 m, o jovem franzino marcava presença pela habilidade e por ser um atacante insinuante, que não fugia dos pontapés dos zagueiros adversários.
Seu amigo Nélson Luiz Faria Pimenta de Mello, o ponta-direita Babá, que jogou com ele na Pavunense, foi quem o convidou para o juvenil do Santos. Juary chegou à Vila Belmiro em 1976, aos 16 anos e passou a morar na concentração do clube, no estádio Urbano Caldeira.
– Meu pai me trouxe e me deixou em frente à Vila Belmiro. Disse que ia na esquina comprar cigarro e fiquei esperando. Depois de muito tempo alguém passou, perguntou o que eu estava fazendo ali e disse que meu pai não voltaria mais e eu moraria no alojamento do Santos. Acho que ele não quis se despedir – contou Juary anos depois.
Seus melhores amigos – e mentores – nessa nova fase de sua vida foram o técnico Olavo Martins e os dirigentes santistas Odair Ribeiro Leal e Antônio Gaia de Oliveira.
A estreia no time, que estava atravessando uma das piores fases de sua história e era comandado por Alfredo Sampaio, o Alfredinho, ocorreu em um amistoso que o Santos perdeu por 3 a 0 para o Volta Redonda, em 27 de maio de 1976, uma noite de quinta-feira, no campo do adversário.
Ele entrou no lugar de Léo Oliveira, em um time que jogou com Ricardo, Tuca, Vicente, Fausto e Fernando; Carlos Roberto e Léo Oliveira (Juary); Admundo, César, Didi e Edu.
Nas primeiras partidas ele jogava como ponta-direita. Com a chegada do técnico Oto Glória, em 1977, passou a ser aproveitado como centroavante, ganhando a condição de titular no ataque do Peixe.
O veloz atacante se tornaria um dos destaques da jovem equipe santista que em junho de 1979 venceria o Campeonato Paulista pela décima quarta vez. O time, comandado pelo técnico Chico Formiga, ficou conhecido como “Meninos da Vila” e Juary foi o artilheiro da competição, referente ao ano de 1978, com 29 gols.
O ataque que até hoje é reverenciado pela torcida alvinegra era composto por Nilton Batata, Juary e João Paulo, além de contar, no meio de campo, com Clodoaldo, Ailton Lira e Pita. Pelos gols marcados e pela boa fase, Juary foi convocado para defender a camisa amarelinha do Brasil em 1979. Jogou três partidas e marcou um gol, contra a Seleção da Bahia.
No ano seguinte a diretoria santista aceitou uma proposta de 13 milhões de cruzeiros e o jovem artilheiro foi defender o time da Universidad de Guadalajara por dois anos. Depois, seguiu para a Itália, atuando em quatro equipes daquele país: Avellino (1982 e 83), Internazionale de Milão (1983 e 84), Ascoli (1984 e 85) e Cremonese (1985 e 86).