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Saiba como está Caio Couto, campeão Brasileiro 2017 no comando das Sereias da Vila

Em entrevista exclusiva ao Mercado do Futebol, o técnico conta como foi sua passagem pelo Santos e revela os planos para a carreira

O técnico carioca, Caio Couto, teve passagem, assim como ele mesmo intitula, marcante e vencedora pelo clube paulista, Santos. Foram três temporadas no comando das Sereias da Vila, começando pelo desafio de estruturar o departamento que não existia dentro do clube, e recolocando o nome do time como referência no futebol feminino nacional.

“Quando a gente montou o departamento, falávamos de planejamento estratégico, metodologia de treinamento, processos internos… Nada existia e tudo foi instaurado com uma visão, que era fazer do Santos novamente uma referência do futebol feminino no Brasil, para que o torcedor e mídia em geral, quando pensassem em futebol feminino se lembrassem do Santos“.

Sua carreira no futebol feminino começa entre os anos de 2011 e 2012, já como técnico da Seleção sub-20. Caio era treinador da base masculina do Fluminense, e na época a CBF estava buscando novos nomes para inserir conceitos nas seleções. Ele foi indicado, passou por duas entrevistas e foi contratado para técnico da base da Seleção. Fez trabalho simultâneo no Sub-17 do Fluminense e na Seleção Feminina Brasileira Sub-20, tendo conquistado pela segunda o Campeonato Sul-americano em 2012. Após isso, esteve no Vitória de Pernambuco, treinando primeiramente o time masculino e depois o feminino. Chegou no clube por intermédio de duas atletas que o indicaram, Ketlen e Thaisinha (atletas do Santos atualmente). Ambas trabalharam com Caio na Seleção Sub-20.

Em 2015 inicia sua história pelo Santos. Tudo começa quando é convidado pelo então presidente, Modesto Roma Júnior, a ser treinador do futebol feminino do time. Modesto estava buscando desenvolver a modalidade feminina no clube da Vila. Caio se interessou pelo projeto proposto e pela oportunidade que teria ali de fortalecer o futebol feminino nacional. Na passagem, levou o time à duas finais, conquistando o vice campeonato Paulista em 2016 e o título de campeão Brasileiro em 2017.

“Fomos coroados em 2017 com o título de campeão brasileiro, é o único que o Santos tem até hoje. Venceu em 2017 e não conseguiu mais vencer“.

Em 2018, sua passagem chega ao fim. Aquele era o momento de eleições dentro do Santos, e com a saída da atual política, Caio precisou ir embora também.

“Os clubes brasileiros são parecidos com a política pública. Quando tem eleição e entra um determinado candidato que vence, não há aquela preocupação de observar o trabalho executado pelos profissionais. Não se veste a camisa do clube, na verdade cada um tem o seus interesses. Não estou falando só do Santos, é de maneira geral“.

Caio diz não guardar rancor ou mágoa do clube devido essa decisão, pelo contrário, aponta sempre ter sido tratado muito bem dentro e fora de campo.

ERA PIA E CRESCIMENTO DO FUTEBOL FEMININO

Há um ano no comando da Seleção Feminina Brasileira, Pia Sundhage coleciona conquistas significativas, desde a primeira vitória na história do futebol feminino do Brasil sobre a Inglaterra, à subida no ranking da Fifa de 11° para 8° lugar.

Couto defende que o torcedor deve ter paciência com o trabalho da técnica na Seleção. Destaca que as demais seleções têm trabalhos á longo prazo mais aplicados que no Brasil, e que seguindo a lógica, toda essa organização se coloca à frente da nossa Seleção. Como o futebol é imprevisível, o técnico diz que o resultado à curto prazo pode até vir a acontecer, mas não em uma Copa do Mundo, e sim nas Olimpíadas.

“Nas Olimpíada têm poucas equipes europeias participando, então basicamente vai ter um europeu ou outro e os EUA como adversário. A olimpíada é uma competição mais fácil do que um mundial, mas é possível conquistar. Na vida nada é impossível, mas tem que ter paciência pq acho que o trabalho dela não é um trabalho para se avaliar a curto prazo, porque é um trabalho de médio ou longo prazo“.


RÁDIO NOVA FM E TRABALHO NA CHINA

Antes do corona vírus estourar no mundo, Caio estava de malas prontas para novo desafio de trabalho do outro lado do planeta. O plano era ir para a China, trabalhar como coordenador metodológico. Lá ele organizaria a metodologia de treinamento do CT, trabalhando com meninas e meninos, crianças e jovens.

“Se você acompanhar, a China tem um governo que gosta muito de futebol. Estaria indo trabalhar lá pensando em um projeto há longo prazo. O objetivo é passar treinamento para que essas crianças e jovens possam estar futuramente jogando futebol de alto nível e servindo à seleção nacional“.

Couto ainda tem contrato assinado com duração de dois anos, porém como não está trabalhando, também não está recebendo. Mantém contato direto com os agentes que estão em movimentação para que o visto do futuro coordenador mercadológico seja tirado com o intuito de que ele possa enfim viajar e começar os trabalhos.

Enquanto aguarda todo esse processo, o técnico está atuando como comentarista na Rádio Nova FM, uma experiência diferente para ele. Vê esse novo desafio como algo completamente diferente do que fazia na beira do campo, podendo aprender coisas sobre o mundo da comunicação, como o próprio menciona.

“Convenhamos, comentar é muito tranquilo, difícil é você estar lá na beira do campo. Do lado de fora comentando em cima do que estão fazendo ou que podem fazer, é fácil demais, você nunca erra, né? O erro é sempre de que está lá dentro. Mas tenho gostado sim“, finalizou.

Yasmin Dias