Santos conquista o Bi da Libertadores na raça e no talento
Gabriel Pierin, do Centro de Memória
La Bombonera estava repleta. Os torcedores do Boca Juniors tinham um bom motivo para lotar o estádio e acreditar no título inédito. No primeiro jogo da decisão da Taça Libertadores de 1963, no Maracanã, o Santos vencia por 3 a 0, com dois gols de Coutinho e um de Lima, mas nos minutos finais Sanfilippo marcou duas vezes e a vitória foi ofuscada. Mais do que isso, a vantagem santista parecia possível de ser mantida com o Boca jogando em casa.
O Santos, campeão da Libertadores de 1962, entrou direto na semifinal da edição de 1963, quando enfrentou o rival brasileiro Botafogo, líder isolado de um grupo que tinha Alianza Lima, do Peru, e Milionários, da Colômbia. Santos e Botafogo formaram a base da Seleção na Copa do Mundo disputada naquele ano e o elenco carioca era o vice-campeão brasileiro, atrás do Peixe.
No primeiro duelo entre ambos, no Pacaembu, o Alvinegro da Vila Belmiro só conseguiu um empate por 1 a 1, e mesmo assim com um gol de Pelé aos 45 minutos do segundo tempo. Porém, no Maracanã, diante de mais de 44 mil espectadores, o Santos despachou o Botafogo por 4 a 0, com três gols de Pelé e um de Lima.
O Boca, por sua vez, era o campeão argentino e participava do torneio sul-americano pela primeira vez. Para chegar à final o time portenho liderou o seu grupo, superando Olimpia do Paraguai e Universidad de Chile, e na semifinal passou com duas vitórias pelo temido Peñarol, campeão uruguaio. A derrota por 3 a 2 para o Santos na primeira partida da final era mais um ingrediente poderoso no caldeirão que se formou para a partida de volta.
Na quarta-feira, 11 de setembro, o Santos entrava no estádio do Boca aos gritos de uma multidão enfurecida de 85 mil fanáticos e novo recorde de renda para partidas de futebol na América (120 000 dólares). A pressão era grande e o gramado estava péssimo. O time da Técnica e da Disciplina precisaria muito mais do que isso para superar as adversidades.