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Após a fila, o São Paulo saiu campeão

Uma geração inteira de são-paulinos nunca tinha visto o clube ser campeão. Desde 2012, o clube não sabia o que era pegar a medalha de ouro e levantar um troféu. E o detalhe é que nove temporadas atrás aquela conquista de Copa Sul-Americana não teve tanto brilho por todo o cenário que se deu, pois não teve segundo tempo no Morumbi. Ou seja, não teve apito final de título, tensão no final dos acréscimos e o grito de campeão a plenos pulmões.

A partir daquele 12 de dezembro de 2012, o São Paulo começou a colecionar vexames. Não foram poucos. Em 2013, queda para a Ponte Preta na semifinal da Sul-Americana. Em 2014, eliminação para o Bragantino na Copa do Brasil. Em 2015, despedida de Rogério Ceni na Libertadores com queda nas oitavas para o Cruzeiro e dois bailes para o Santos na semi da Copa do Brasil.

A partir de 2017, as vergonhas aumentaram. No Morumbi, empate com gols e eliminação para o Defensa y Justicia (guarde esse time) na primeira fase da Sula. Pela mesma competição, quem copou o Morumbi foi o Colón em 2018. E no mesmo ano, houve a entregada do título brasileiro depois de conquistar o turno. Não parou por aí. Pela Libertadores, duas vergonhas seguidas, eliminação nas prévias para o Talleres em 2019 e queda nos grupos em 2020. No Paulistão passado, eliminação no Morumbi para um catadão do Mirassol. Como desgraça pouca é bobagem, o Tricolor entregou outro Campeonato Brasileiro e viu o Flamengo ser campeão dentro do Morumbi com Rogério Ceni de treinador.

A cada ano citado nos últimos parágrafos, a pressão por um título aumentava. Passaram muitos treinadores com inúmeros estilos de jogo. Todos sem êxito. Uma hora a má fase tinha de passar. E ela passou graças a um treinador argentino que saiu lá do Defensa y Justicia. Hernán Crespo conquistou o primeiro título de primeiro patamar do time de Florencio Varela e saiu para comandar o único tricampeão da América e do mundo no Brasil, o São Paulo.

Em pouco tempo, a equipe virou uma máquina, chegou a ficar doze jogos sem perder, fez a melhor campanha do Paulistão na primeira fase e se classificou às oitavas da Libertadores. Tudo ia como o são-paulino sonhou. Mas, futebol é resultado, o campeão precisava voltar. E O CAMPEÃO VOLTOU.

O São Paulo salio campeón (como dizem na Argentina) do maior jejum que perdurava, o Campeonato Paulista. Torcedores gritavam do lado de fora do Morumbi. Quase tudo estava a favor dos comandados de Crespo: decisão em casa, agregado empatado e o alento do lado de fora. Na euforia dos gols, até se esquece dos desfalques do armador Martín Benítez e do craque Daniel Alves.

Hoje não tinha a necessidade de jogar bem e mesmo assim o time jogou. Palmeiras teve uma ou outra oportunidade anulada pela defesa tricolor. Quando o prata da casa Luan ajeitou, chutou de fora e a bola desviou, tenho certeza que todo são-paulino fechou o olho e pouco acreditou na rede balançando. O 1 a 0 do final do primeiro tempo bastava para o título. No entanto, 45 minutos separavam a inevitável comemoração deste 23 de maio.

O segundo tempo foi mais tranquilo, pela primeira vez em muitos anos, o time soube ser campeão. O renascimento se completou com Luciano antecipando o goleiro palmeirense e fazendo o gol do título. Nos minutos finais, aquele Morumbi que tinha nas costas do Tricolor se desfez. O apito final foi a gênese do grito de É CAMPEÃO.

Foto de capa: Divulgação/São Paulo