Na dúvida, trabalhe

 

“Ser corintiano é mergulhar
No oceano da ilusão que afoga
Não importa o plano do destino
Cada jogo é o coração que joga”

Que maravilhoso é começar um texto citando Gilberto Gil. Como é fácil ser torcedor. Como é fácil dizer “nunca critiquei” no final de tudo.  Como é fácil sentar em uma mesa redonda, na hora do almoço, e dizer que fulano errou nisso e naquilo para formar uma opinião na cabeça do torcedor.

O Tite, a comissão técnica, o departamento médico e a diretoria tinham todas as desculpas do mundo para fazer um ano ruim, sem almejar nada, mas decidiram exercer sua funções. O time fez pré -temporada fora do Brasil, tirou foto com o Mickey, teve um início avassalador na Libertadores, caiu do próprio salto alto ao escolher campeonato por 3 vezes. Isso tudo em Itaquera. Moleza?

Enquanto Levir Culpi, ou melhor, Levir “culpa”, tentava achar o culpado para a competência de Tite, Adenor se preocupava em se importar com cada adversário, construir a trilha com pedra por pedra. Quando não deu na técnica, foi na raça. Foi Corinthians. Sócrates dizia que nunca viu o Corinthians se entregar. Isso não é uma verdade tão absoluta assim. O corinthiano presenciou passar por 3 quedas por “escolher campeonato” este ano. Mas nesse brasileiro a entrega foi incontestável.

Sabe quando um pai passa confiança para o filho? Foi isso que o Tite passou para os jogadores.Um elenco onde todos são protagonistas. Não tem melhor e nem pior. Não para ele. E nem para o ex-presidente Andres que deu uma declaração no mínimo interessante: “Aqui não existe reserva e titular.  Uns jogam mais e outros jogam menos. É isso que vocês da imprensa têm que entender. Isso é planejamento” – completou o “cacique”. Isso resume muito bem o time na temporada. Algumas peças ficaram pelo caminho. Peças muito importantes. No final, elas foram mais importantes para o elenco se reinventar e explorar o seu melhor do que para outra coisa.

Foi só um título, mas para um time que foi tachado como a “Nova Era Dualib”, Roberto de Andrade mostrou que quem come quieto, sempre comerá melhor. Corte de gastos, contratos mais simétricos, acertos de dividas pendentes com ex-funcionários do clube e por aí vai. Love e Cristian vieram de graça. Ainda é pouco? Claro que é. São 5,6 milhões só para a “Terra Prometida”, a Arena, mensalmente. Andrade cuida do dinheiro como se fosse dele, o que se espera de um administrador.

Parafraseando o resto da letra… “Ser corinthiano é decidir que todo ano a gente vai sofrer”. É uma escolha nossa. Foi a minha melhor escolha. Mas desde quando escolher sofrer é uma boa escolha? Essa deve ser a pergunta de muitos, mas a resposta é uma só: Só escolhendo para entender.

Por fim, fica o refrão da maravilhosa letra de Gil “Mas de repente o ano é santo e a gente ta no céu. O time é forte, a sorte é grande e o axé tá com a Fiel…”

Obrigada a todos pelo empenho esse ano. O bando de lúcidos fizeram a alegria de um bando de loucos. Falando pouco e jogando muito (pegando aqui o embalo do marketing). Vai, Corinthians!