A trajetória de Martelotte no Santa Cruz, como jogador e treinador, provavelmente é a mais vitoriosa de um profissional que atuou dentro e fora das quatro linhas na história centenária do clube. Afinal, foram ao todo dois acessos (1999 e 2015) e dois títulos (1993 e 2013).
É de se esperar que um profissional com cem por cento de aproveitamento nas suas quatro passagens pelo clube se identifique com a instituição e guarde dentro de si pelo menos gratidão por ter lhe sido aberta as portas por quatro vezes, sendo na última, diga-se de passagem, a contragosto de boa parcela da torcida.
A primeira passagem de Martelotte como treinador do Santa Cruz em 2013 foi um verdadeiro casamento relâmpago com a torcida, com direito a romance e divórcio pra nenhuma novela botar defeito. Até então, ele havia treinado interinamente o Santos Futebol Clube e feito um trabalho regular no Ituano, mas veio comandar o Santa Cruz pelo fato de conhecer o futebol paulista e ter um salário compatível com o que o clube podia pagar.
Naquela época, com poucos recursos e na série C, o treinador coral teve dificuldades no início, sofreu pressão da torcida e depois conseguiu fazer com que o Santa Cruz jogasse um futebol convincente a ponto de bater seus rivais com superioridade e conquistar o Campeonato Estadual em plena Ilha do Retiro.
Quando se imaginou que dali em diante o Santa Cruz conquistaria o acesso à série C com Martelotte ao leme, o treinador recebeu proposta do clube da Praça da Bandeira à noite e na manhã seguinte estava se apresentando como novo treinador do maior rival do seu ex-clube.
A atitude do treinador foi criticada pelos diretores corais e pela maioria da torcida, com direito a retaliação em rede social de diretor. Ocorre que o Clube das Multidões nunca dependeu de um treinador para conquistar suas glórias, e acabou naquele ano sagrando-se Campeão Brasileiro da série C. Já Martelotte, por sua vez, não teve a mesma sorte e acabou sendo demitido do clube que assumiu e em seguida treinou o rebaixado Náutico.
Mas, como o mundo do futebol é dinâmico, eis que o treinador, depois de ter feito trabalhos sem expressão, novamente assumiu o Santa Cruz na série B de 2015 e o resultado todo mundo sabe: recuperação improvável na tabela, vice-campeonato e acesso à série A.
Depois das comemorações do heroico acesso, tudo levou a crer que o treinador continuaria seu trabalho no clube e se projetaria ainda mais no cenário nacional com um projeto que consolidasse sua carreira na série A. No entanto, o que o torcedor está assistindo é uma repetição da condução da saída do treinador em 2013, quando o lado financeiro pesou mais do que o profissional.
Aqui, vale um esclarecimento: entendo que todo profissional deve lutar por melhores condições de trabalho e por aumento salarial, principalmente quando atinge metas e obtém sucesso, como é o caso de Martelotte. Mas, da mesma forma que deve lutar por melhorias pessoais, também deve ter cautela ao administrar sua carreira e fazer escolhas que podem determinar seu futuro, fechando portas com diretoria e torcida.
O que se especulou nos meios de comunicação foi que para permanecer o treinador vice-campeão da série B havia pedido aumento em dobro e pagamento das premiações atrasadas. Informou-se ainda que a diretoria coral havia anuído com o pedido de dobra salarial e que a negociação estava perto de um desfecho satisfatório para as duas partes.
Acontece que a negociação tomou outro rumo, Martelotte bateu o pé e condicionou a sua permanência ao pagamento das premiações em parcela única, adiantando que tem propostas de outros clubes. Para completar, o seu empresário, João Ricardo Zloccowick, em entrevista ao Jornal Baiano “A Tarde”, declarou que caso recebesse proposta do Bahia, o treinador “nem ouviria mais o tricolor pernambucano”.
A diretoria coral, por sua vez, manteve a postura de pés no chão e já declarou que não fará leilão pelo treinador, acertando mais uma vez ao demonstrar que o clube não se submeterá a caprichos de empresários.
Caso Martelotte permaneça no Arruda, a possibilidade de novas conquistas é grande, o que traria benefícios para ambas as partes. Caso opte por não permanecer, a torcida coral sabe que desde que o novo modelo de administração foi implementado no clube e os sucessivos acessos aconteceram, a diretoria, em especial Constantino Júnior e Jomar Rocha, encontrou soluções criativas com muita competência e mesmo sem dispor de recursos conseguiu contratar profissionais que atingiram as metas estabelecidas.
O Santa Cruz está na série A, vive nova realidade administrativa e caso Martelotte não continue no comando outras boas opções serão oferecidas ao clube.
Vida que segue.
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