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Un día como hoy: Figueirense não entrava em campo como protesto

Em protestos contra salários atrasados, Figueirense não entrou em campo contra Cuiabá em protesto contra diretoria de Claúdio Honigman

O Figueirense Futebol Clube é um dos maiores clubes de Santa Catarina, com 18 títulos estaduais, 12 participações da Elite do Brasileirão no século, campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior e vice-campeão da Copa do Brasil de 2007. Entretanto, recentemente o clube passa por uma grande crise financeira, e em decorrência dos salários atrasados, grande caos interno e muitas mentiras da diretoria, os jogadores não jogaram contra o Cuiabá. É este o marcante episódio do futebol latino que a coluna “Un día como hoy” traz hoje, o aniversário de 1 ano do WO do Figueirense Futebol Clube

Contexto

No início de 2019, o Figueirense mudou o seu gestor, mas ainda existia o comando da empresa Elephant, que entrou em 2017 com promessas de salvar o clube e colocá-lo entre os grandes do país. Na presidência, estava saindo Claúdio Vernalha e entrava Claúdio Honigman. Para trabalhar com o futebol, veio o manezinho Hemerson Maria, que havia passado muito tempo nas categorias de base no clube, e voltava para tentar trazer resultado com um time mais limitado.

Na Copa do Brasil, a equipe passou o “vexame” de ser eliminada na segunda fase pelo Luverdense e no estadual ficou em terceiro lugar, entretanto caiu nas semifinais para a Chapecoense. Enfim chegava o principal desafio do ano: a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, competição onde a equipe começou bem. No dia 11 de junho venceu o Botafogo-SP em casa por 2 a 1 e ia para a parada da Copa América em 8º lugar, com três vitórias, quatro empates e apenas uma derrota.

Já no retorno da competição, os jogadores se recusaram a se concentrar para enfrentar o Brusque na Recopa Catarinense e só se apresentaram na manhã do dia do jogo, vencendo o jogo à noite por 1 a 0. No retorno do Brasileiro venceu o América Mineiro com um sonoro 4 a 0 fora de casa, mas começava um atrito entre grupo de jogadores/comissão técnica e diretoria, que ficou claro após o empate por 1 a 1 com o Criciúma no sul de Santa Catarina, no dia 27 de julho. O técnico Hemerson Maria se mostrou muito incomodado em sua coletiva pós-jogo, realizando um desabafo e comentando a possibilidade de o time não entrar em campo contra o Vitória, no dia 30 de julho.

Foto: Matheus Dias/FFC

No dia 29 o técnico decidiu deixar o clube, por conta da péssima administração, declarando poder retornar ao clube, entretanto só em uma nova administração. O técnico ainda mandou um recado para a nação alvinegra: “Decisão difícil, pois além do lado profissional tem a paixão pelo clube onde passei mais de 20 anos da minha vida. Quero pedir desculpa ao torcedor e às pessoas que sempre nos apoiaram. A gente torce que o Figueirense em breve retome o caminho da credibilidade, de um clube de respeito”. Depois do ocorrido, o goleiro Dênis também decidiu rescindir o seu contrato com o clube.

O episódio

Chegaram ao Figueirense Viniciús Eutrópio e Antônio Lopes, a crise já se estendia pra dentro de campo com um jejum de sete rodadas sem vitória, desde o América Mineiro. No grupo de jogadores tinha muita união, e após diversas mentiras do presidente Claúdio Honigman para com eles, saiu a decisão de entrar em campo apenas após a quitação dos atrasos, o que não ocorreu, assim como o jogo entre Cuiabá e Figueirense.

No dia seguinte, após o desembarque em Florianópolis, os atletas receberam um apoio de parte da torcida, que recebeu o elenco no aeroporto com cantos apoiando os atletas. Na sua chegada ao estádio Orlando Scarpelli, foram aplaudidos pelos funcionários, que mesmo com salários mais simples, também não recebiam e apoiavam a greve do elenco.

Foto: Robson Boamorte

A atitude dos atletas também teve tamanha repercussão, que foi assunto nos programas de debate esportivo no Brasil. A imagem dos atletas perfilados na hora do hino, sem os do Figueirense correu o mundo. Todos descobriram a crise vivida pelo clube, que chegou a ser citado nominalmente pelo treinador do Manchester City, Pep Guardiola.

Resultados

O “W.O.” causou uma pressão enorme para com a Elephant, e praticamente um mês depois disso, no dia 19 de setembro, o clube conseguiu rescindir o contrato com a empresa e se livrar de Claúdio Honigman. Já no dia 24, na partida contra o Bragantino, a nação alvinegra se mobilizou para empurrar o clube contra o líder e iniciar uma “Retomada Alvinegra”, e mesmo com a equipe perdendo de 3 a 0 para o líder, a torcida cantou muito no final da partida, encantando o Brasil com a prova de amor.

No campo, a retomada se iniciou no mesmo Orlando Scarpelli, no dia 12 de outubro, encerrando ali 18 jogos sem vencer, para através dali, ficarem mais 10 jogos invictos, além da partida anterior, um 0x0 com o Botafogo-SP, somando assim 12 jogos invictos com 3 vitórias e 9 empates, que salvaram o clube do rebaixamento, já que antes da vitória, estava na lanterna.