Vasco da Gama

No dia do folclore, entenda como um Corvo revolucionou o folclore do futebol carioca

Para entender uma das mais interessantes histórias da “história folclórica vascaína” contada por Alvaro do Nascimento, pelo “Manchete Esportiva” em 14 de janeiro de 1956. Precisamos voltar até 1947, ano em que o “Expresso da Vitória” não tinha adversários, campeão carioca invicto daquela temporada com 17 vitórias e 3 empates, goleando também, seus rivais Flamengo por 5×2 e Fluminense por 5×3.

“Dom Corvo I” era o mascote do Vasco da Gama durante o período de ouro do lendário “Expresso da Vitória”, principal e histórico time da história do clube da Colina. O primeiro desenho de Otelo Caçador para o “Jornal dos Sports” trouxe uma tirinha com uma caravela do Almirante Cruzmaltino, atual mascote do Vasco, comandando uma luta contra o Pato Donald, mascote do Botafogo, na época. Já que esse foi o primeiro jogo daquele campeonato de 1947. O desenhista também colocou no alto de um mastro, um corvo assistindo à luta. Em Portugal, país da origem do clube, o corvo é visto como “ave da sorte”, e, depois do desenho, no Brasil também, pois o Vasco embalado, atropelava quem pintava pela frente.

Tirinha de Otelo edição 1947 – Tudo começou com uma tirinha despretensiosa de Otelo, em que um Corvo acompanhava a batalha de Vasco da Gama e Botafogo, do alto da vela. Era pra ser só um detalhe, mas a torcida do Vasco comprou a ideia de que um corvo traria sorte ao Almirante.
Foto: Manchete Esportiva, edição de 14 de Janeiro de 1956 – Dona Leonor Nascimento, cuidadora de Dom Corvo I e Único, mascote do Vasco no final dos anos 40.

O momento não poderia ser melhor, para a apresentação de um mascote “importado” e depois do sucesso, a ave virou sua majestade “Dom Corvo I e Único”, virou mascote do Vasco da Gama, e, acabou contribuindo para a criação da “Ordem do Corvo”, instaurada pela torcida do Vasco em 1947, grupo o qual consiste em um movimento de vascaínos contemporâneo da organizada mais antiga do Rio. O grupo de torcida mais antiga do Rio de Janeiro, foi fundada em 1947, inspirado no personagem de Otelo Caçador. E seu principal objetivo, é manter viva a memória do Corvo.

Tirinha de Otelo edição 1947 – A tirinha retrata o momento que o Corvo se torna o “Dom Corvo l” e depois disso a criação da Ordem do Corvo

A Ordem do Corvo, surge a partir do momento que os vascaínos, querem criar uma biblioteca, que se trata da “biblioteca infantojuvenil do Vasco”. Para a arrecadação de livros, cria-se a Ordem do Corvo, pois, cada pessoa que doasse um livro, era condecorada com um título honorífico da Ordem. O valor do título era determinado de acordo com o valor de livros que a pessoa doasse, como por exemplo: Barão, Conde, Visconde e Duque. Que podia variar de acordo com o valor da doação, ou da quantidade.

Foto: Manchete Esportiva, edição de 14 de Janeiro de 1956
Tirinha de Otelo edição 1947 – A tirinha retrata o Almirante com o Corvo e como outros clubes do Rio, também com mascotes animais, “reconheciam” o Corvo “da sorte” naquela época.

Como outros clubes do Rio de Janeiro planejaram um mascote animal, seguindo o exemplo do Corvo:

Foto: O Globo Esportivo, edição de 1948

Para ver como outros clubes planejaram um mascote animal, seguindo o exemplo do Corvo, “mergulhando” na história, em 1947, marcado como “o ano dos mascotes animais no futebol carioca”. O Corvo vascaíno, embalava o “Expresso da Vitória”, rumo ao título. Ary Barroso, flamenguista de coração, usou o Urubu, atual mascote, para explicar o “azar na Gávea em contraste com a sorte na Colina”. O “Urubu sem sorte” era visto naquela época como um animal sem muita sorte no futebol, ele começou aparecer também nas histórias de Otelo, como mascote do marinheiro Popeye, personagem o qual, era mascote do Flamengo na época, além disso, os torcedores não gostavam muito do “urubu sem sorte” associado ao time.

Tirinha de Otelo edição 1947 – O “urubu sem sorte” começa a aparecer nas histórias de Otelo, como mascote do marinheiro Popeye, personagem que era mascote do Flamengo na época.
Foto: Jornal dos Sports, edição de novembro de 1947

A primeira vez que a imprensa encontrou gritos de “É Urubu”, foi no Clássico dos Milhões: “Antes do jogo – a torcida do Flamengo começou a gritar em coro – dirigindo-se aos vascaínos: “É bacalhau, é bacalhau”. Mas a resposta instantânea foi genial: “É urubu, é urubu”. Trecho da nota do O Jornal, em junho de 1968, isso porque conheciam a mística do urubu no futebol e como o Flamengo estava envolvido nela.

A torcida do Flamengo adotou o novo mascote, após vencer o Botafogo, acabando com um “azar” que já durava 3 anos. A partir daquela vitória, segundo eles, o animal não dava mais “azar” e, assim o urubu é adotado como mascote e “talismã”.

Tirinha de Otelo edição 1947 – A tirinha retrata o marinheiro Popeye (mascote do Flamengo naquela época) com o Urubu, atual mascote.

Adrielli Porto

Vascaína cursando Jornalismo Esportivo, colunista, cronista, streamer, comentarista esportiva e apaixonada por futebol feminino e masculino. Da vida, aprendiz.

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