Noite de apagão no Serra Dourada
Nesta sexta o estádio Serra Dourada foi palco de Vila Nova x Guarani. No começo do primeiro tempo, em uma partida esquentada, o estádio sofreu um apagão. Assim como o elenco do Vila Nova. A torcida, linda como sempre, fez a festa mesmo diante aquela situação escandalosa com quem pagou para ver um jogo (no concreto duro, na chuva e no escuro). Quando a energia voltou, porém, quem fez festa foi o Guarani.
Até poético a ressonância entre os refletores do estádio e a equipe. O Vila Nova voltou do apagão totalmente acovardado. Não vencia nenhuma disputa de bola, terrestre ou aérea. Chegava ao ataque com cruzamentos para uma área vazia, as vezes com um jogador no meio de 5 do Guarani. Sem conseguir criar, vencer disputas de bola ou ganhar espaços, o fatal aconteceu.
Como não surpreende a ninguém, o gol foi de bola aérea. Creio que escrevo há mais de 9 meses neste site sobre o Vila Nova. Nunca fiquei mais de duas semanas sem lamentar o quanto a equipe de Hemerson Maria é hilariante em bola aérea. Não apenas na defesa, como no ataque. Torcedor nenhum se surpreende quando, em um cruzamento, o atacante prefere torcer para o zagueiro falhar do que buscar a bola lá em cima. Agora, todos os torcedores se surpreendem e muito em lances como o gol e a bola na trave de Geovane, ambas de bolas aéreas. Seria o caso do Tigre da Vila continuar essa série de surpresas. Nem que acontecessem cinco vezes por jogo o torcedor deixaria de ficar surpreso.
No segundo tempo, a situação se inverteu. O colorado goiano foi pra cima, se impôs na defesa e foi ofensivamente forte, buscou a virada. A torcida sequer teve coragem de vaiar. Mesmo assim, mais uma vez, saímos do estádio com um empate nas mãos. Mais uma vez, saímos do estádio comentando com qualquer desconhecido como seria o futuro se o passado tivesse sido diferente. Mais uma vez, amparamos a nós mesmos fantasiando com um lugar onde a cabeçada não bateu na trave, o chute do Geovane foi um pouquinho mais alto, o Elias não foi bloqueado. Mais uma vez, restou à torcida um passado possível, um futuro inexistente e uma certeza inquestionável: no próximo jogo, faremos a mesma coisa se for necessário. E para sempre vai ser assim. Quando o mundo se colocar contra nós, estaremos com o Vila, independente do mundo.