Vila Nova

Vila vence clássico e respira no campeonato

Muito estava em jogo neste clássico goiano. O perdedor do último, o Goiás, conseguiu inverter sua situação entre os turnos, entrou no G4 e estava na frente do vencedor do último confronto. A conjuntura tinha mudado de forma positiva de um lado, mas negativa para o outro.

O Vila Nova teve uma semana purgatória, com protestos da torcida (em pontuais vezes violentos) e uma dívida com o torcedor, que se sentia iludido com o começo de campeonato e a queda brusca de rendimento do elenco. O Tigre da Vila saiu do último clássico líder do campeonato e entrou nesse na nona colocação. O clima era de tensão. A torcida acusou os dirigentes de serem corruptos, não pagarem salários, os jogadores estarem de corpo mole e Maria foi eleito o Barbosa (goleiro do maracanazo) da vez.

Em meio a protestos e tentativas da torcida de conversar com os jogadores, houve um posicionamento louvável do elenco: todos deram entrevista coletiva juntos.

Nesta, deixaram claro que não haviam salários atrasados nem corrupção dos diretores, mas, sim, uma queda técnica de rendimento de natureza individual. Se comprometeram a se doarem no clássico e garantiram que o grupo estava unido e focado para o jogo. Segundo fontes, na conversa da torcida com os jogadores, um destes teria garantido “do Goiás a gente não perde”.

Sábado 10k pessoas foram incentivar a equipe que tanto criticaram, uma trégua em prol de um bem maior. A postura da torcida não poderia ter sido melhor. Já critiquei em outros textos algumas posturas em determinados jogos, mas neste não há o que falar. Durante todo o jogo a torcida estava incentivando e apoiando, sem vaias ou escândalos em jogadas cautelosas. Pura entrega. Apoio incondicional, até engolir a garganta, até escorregar no próprio suor, até os músculos paralisarem em dor. Tudo e todos pelo Vila.

O Vila começou com o mesma esquema tático de sempre, 433 ofensivamente e defensivamente 4-5-1. O Goiás jogou no habitual 433, mas com Gedoz jogando de ponta. O que aconteceu no jogo foi uma imposição física e tática do Tigre. Em todas as regiões do campo, caso um jogador falhasse, havia alguém na cobertura. O Vila controlou o meio de campo e conseguiu realizar transições seguras da defesa pro ataque, além de impedir que muitas do Goiás acontecessem. Na saída de bola esmeraldino, Hemerson adiantou a marcação, forçando ligações diretas que, em um meio de campo dominado, eram praticamente devoluções de bola para o mandante.

Mesmo assim, o Goiás criou chances e foi perigoso. No primeiro tempo, Michael teve duas oportunidades que exigiram muito de Pasinato. No segundo tempo, também houveram mais duas chances em que os atacantes pecaram na finalização e a bola acabou indo para fora. Deve-se destacar isso pois obviamente não foi uma partida perfeita do Vila e nem uma partida irreconhecível do Goiás.

Na verdade, o gol de Alan Mineiro no primeiro tempo foi uma lavada de alma. Já estava no final do primeiro tempo e o Goiás começando a gostar do jogo. O rei do clássico aproveitou lambança da zaga rival e finalizou firme no gol. O goleiro até chegou na bola, mas o chute foi mais forte do que o arqueiro conseguiu suportar. No segundo tempo, a mesma história: pressão dos dois lados, com imposição física do Vila, que dominava o meio de campo. Inclusive, esse domínio sobre o meio foi o que causou o segundo gol: o Vila perdeu uma oportunidade, o Goiás recuperou a bola, Cajá perdeu ela no meio para o zagueiro Heitor; passe para Alan Mineiro, que deixou Mateus Anderson na cara do gol e este rolou para o lado para Alex Henrique finalizar sem goleiro.

A partida seguiu na mesma fórmula, mas foi nesse momento entre o segundo e o terceiro gol as duas chances de gol do Goiás, o que esquentaria o jogo. O Vila manteve o foco e conseguiu liquidar a partida em tabelinha entre Alan Mineiro e Itaperuna, que cruzou para Helder marcar e pedir a conta do clássico.

O resultado do clássico tem consequências bem diferentes para cada time. O Goiás saiu do G4 e vai enfrentar o líder do campeonato abalado, mas ainda tem um dos melhores times da série B (há até quem diga que seja o melhor) e está pouco distante do G4. O Vila Nova faz as pazes com o torcedor, o que é fundamental, além de ter encostado no G4 e restabelecido a confiança do elenco e da torcida.  O saldo colorado sai bastante positivo.

Há uma beleza metafísica nesta vitória também. É plenamente possível explicar de forma material o resultado do jogo, mas o décimo quinto orçamento da série B enfrentar o primeiro e o resultado ser esse nos leva a pensar na força do extra-campo no futebol e também nos leva a admirar os homens dentro de campo, que mesmo em condições adversas trouxeram o resultado, e também os homens e mulheres do lado de fora, que moveram os jogadores nesse processo, apoiando sempre. Vila é assim. Contra tudo e contra todos. 25/08/2018. Histórico.

 

Tags: Vila Nova

Últimos Posts

Saiba quantos títulos Mayke conquistou no Palmeiras

Mayke definiu seu futuro nesta sexta-feira (25). O jogador vai assinar com o Santos até o fim de 2027, depois…

26 de julho de 2025

Milan sonda Agustín Giay, do Palmeiras

O Mundial de Clubes da Fifa virou vitrine para muitos jogadores do Palmeiras ganharem ainda mais destaque no futebol do…

26 de julho de 2025

Saiba o valor da proposta oficial do Palmeiras por Marcel Ruiz

Richard Ríos saiu do Palmeiras e já chegou em Portugal para vestir a camisa do Benfica-POR. E o Verdão já…

26 de julho de 2025