A arte da resiliência

Resiliência:fís propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica.
fig. Habilidade de se adaptar com facilidade às intempéries, às alterações ou aos infortúnios.


No futebol, resiliência pode ser traduzida como capacidade de sofrimento, ou seja, o modo como você suporta pressões incríveis e, quando parece que baixará a guarda, dá um golpe e mostra ainda mais força. É o popular “enverga mas não quebra”.

É assim que podemos traduzir a vitoriosa campanha do Volta Redonda na série D do campeonato brasileiro. Uma equipe que sabe o que quer e quando parece que está chegando em seu limite, mostra tranquilidade e maturidade para lidar com qualquer situação.

A coroação um trabalho muito bem desenvolvido pelo clube, que tem uma belíssima estrutura (de dar inveja a muitos clubes de divisões superiores) e um projeto claro desde o fim do ano passado.

Tudo começa com a contratação de Felipe Surian em Dezembro de 2015. Com um acesso da série D para C pelo Tupi (em 2013) na bagagem, o jovem técnico chega à Cidade do Aço credenciado e sob boa expectativa. Após boa pré-temporada e com o elenco que foi base para esse acesso montado, faz um ótimo campeonato carioca, onde já conseguimos perceber a cara do time: uma equipe batalhadora e organizada. Fez frente aos grandes, com vitórias contra Flamengo e Fluminense.

E se engana quem acha que esse Voltaço é feito só de transpiração: tem qualidade individual de sobra, bem acima da média da quarta divisão.

Mota, ou melhor, São Mota é o melhor goleiro da competição. Muito da classificação contra a forte URT se deve a atuação de gala do arqueiro em Patos de Minas, segurando o 1×1. Jogo onde a equipe, a ponto de sucumbir diante de tamanha pressão, mostrou mais do que nunca a capacidade de saber sofrer e, nas poucas chances que teve, ser cirurgica e conseguir encaminhar a classificação.

Como não ressaltar a brilhante volta de Dija Baiano, maestro da classificação, da ótima meia cancha com Marcelo, João Clériston, Marcos Junior e Luis Gustavo, dos guerreiros Osmar, Daniel Felipe, Márcio e Cristiano, que formaram a segunda melhor defesa da competição (a melhor da primeira fase) e claro, dos brigadores David e Rafael Pernão. Parabéns também a todos que em algum momento participaram da campanha como Tiago Amaral, Pedro Isidoro e muitos outros, todos, junto com comissão técnica e a torcida tricolor, que não parou de apoiar, merecem esse momento.

A vitória sobre o Fluminense de Feira nesse sábado poderia ter ocorrido de maneira muito mais fácil, mas a forma que ela veio ilustra perfeitamente a campanha da equipe do Rio de Janeiro: duas bolas na trave para a equipe baiana, Mota fazendo boas intervenções e frieza frente ao gol para selar a classificação, não poderíamos esperar algo melhor, agora é comemorar a vaga na Série C 2017!


A saga do tricolor de aço não para por aqui, depois de uma merecida comemoração será hora de focar novamente a série D: o adversário das semis será conhecido amanhã, e o título é perfeitamente possível. Afinal de contas, Surian tem em suas mãos uma equipe experiente, vencedora e que sabe sofrer quando for preciso, uma equipe resiliente.