Eleições da FPF: Michelle Ramalho ganha a cadeira presidencial.
A dança das cadeiras na Federação Paraibana de Futebol (FPF) teve um desfecho, depois da saída e o retorno do presidente, o vice assumir e duas intervenções, agora o posto é ocupado por uma mulher que pretende dar sequência no cargo, durante os próximos 4 anos.
Em decisão acirrada e democrática, no último sábado (29), Michelle Ramalho foi eleita ao cargo máximo da FPF, porém antes da pose, a entidade passou alguns meses de incertezas e turbulências.
Os problemas na FPF começou com o regulamento do campeonato paraibano, que ocasionou diversas interpretações e ações na justiça. Porém o pior só veio à tona, no dia 9 de abril, um dia após a final da competição, onde o Botafogo/PB venceu o Campinense, em João Pessoa.
Foi deflagrada a Operação Cartola, uma investigação à supostas irregularidades no campeonato estadual, manipulações de resultados, compra de árbitros, alteração de súmula, entre outros esquemas. A operação foi conduzida pela Delegacia de Defraudações e Falsificações de João Pessoa (DDF-JP) e o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), juntamente com a Polícia Cívil e o Ministério Público.
A investigação que pegou todos de surpresa, no começo da operação foi disponibilizado algumas conversas telefônicas, que comprometiam os emissores e receptores, que apresentavam subornos para adquirir vantagens.
Os alvos da averiguações são: Os dirigentes da Federação Paraibana de Futebol (FPF), o Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB), a Comissão Estadual de Arbitragem do Futebol da Paraíba (Ceaf-PB), Árbitros e auxiliares da FPF, Clubes e dirigentes, além da ex-presidente da Federação, Rosilene de Araújo Gomes, foram recolhidos documentos e apreendidos com o intuito de ser analisados, para desarticular o suposto esquema.
A justiça entendeu que o presidente da FPF tinha envolvimento com os julgamentos no TJDF-PB, e que sugeriu, ai presidente do Tribunal, a conclusão do caso. No entanto, Lionaldo alegou que são 9 auditores mais o procurador geral que decidem as seções. No fim ficou definido a mesma interpretação do relator, e o caso foi parar no STJD.
Lionaldo Santos acabou afastado do cargo por decisão da justiça e depois foi punido, po 90 dias, pelo STJD.
Amadeu relatou que a FPF, TJDF-PB e Ceaf-PB são instituição autônomas, que as responsabilidades são individuais de cada órgão.
Ceaf-PB:
O presidente da Ceaf-PB, José Renato, foi considerado um dos líderes da organização criminosa, era o responsável pela escalas dos árbitros, mas foi identificado pela justiça que a escolha era feita de acordo com os interesses dos clubes e que o sorteio, apesar de ser transmitido ao vivo, já era predestinado.
Árbitros:
Os árbitros que deveriam ser imparcial, cobravam o seu valor, que variava de acordo com a importância do jogo, para favorecer determinado clube. Lucas Sá, delegado da Polícia Civil, ainda reiterou que comprovou episódios que o mesmo árbitro se vendeu e prometeu ajudar as duas equipes.
Campinense:
O caso em questão foi a final do campeonato paraibano, onde o árbitro Francisco Carlos do Nascimento, que teria se vendido ao Botafogo/PB e Campinense, os dois finalistas da competição. O presidente do Campinense William Simões, conversou com o mediador do juiz da partida, o massagista Danilo, onde parte do pressuposto que ele aceitou propina para ajudar a equipe de Campina Grande.
Botafogo/PB:
No Botafogo/PB, o presidente José Freire (Zezinho), o vice-presidente Guilherme Novinho, o vice-presidente de futebol Breno Morais, o diretor executivo Francisco Sales e o vice jurídico, Alexandre Cavalcanti, todos foram denunciados.
Os diretores botafoguense foram acusada de forjar um Boletim de Ocorrência ilusório, para isentar o clube em uma possível denúncia, onde foram jogados objetivos no gramado, no jogo entre Botafogo/PB e CSP, pelo campeonato paraibano deste ano.
O vice de futebol, Breno Morais, em especial, foi o que mais teve acusações envolvendo o seu nome. É denunciado por tentar subornar o árbitro Francisco Carlos do Nascimento, conhecido como Chicão, e o auxiliar Tarcísio José, para beneficiar o Botafogo/PB na decisão diante do Campinense, na final do campeonato estadual.
Em outra conversa telefônica, Breno também está envolvido em outra investigação da Operação, desta vez o jogo é válido pela segunda fase da Copa do Brasil, o adversário é o Atlético-MG, em jogo único a renda seria dividida com 60% para a equipe vencedora e os 40% restante ficaria para a que fosse desclassificada da competição. A suspeita é que tenha sido alterado o valor do público e consequentemente da renda da partida. A conversa de Breno foi com Alex Fabiano, empresário de jogadores, e o mesmo informa que a partida entre CSA e São Paulo, a diretoria do clube alagoano teria feito o mesmo. O empresário também se tornou um dos investigados na Operação.
Depois de muito pedido da torcida para que os envolvidos renunciasse o cargo, Breno foi o único que deixou o posto, o Conselho deliberativo do clube reiterou o apoio aos dirigentes.
Após as apurações, os envolvidos prestaram seus depoimentos e deram suas versões diante do ocorrido.
São acusados também de desrespeitar o estatuto do torcedor. Torcedores que compraram seus ingressos achando que estava pagando por um resultado justo.
A Justiça paraibana acatou a denúncia do Ministério Público, em 11 de setembro, e tornou réus, José Renato ex-presidente da Ceaf-PB, Tarcísio José, auxiliar do quadro da FPF, os presidentes do Campinense, William Simões, e do Botafogo/PB, José Freire, mas conhecido como Zezinho, do Belo ainda teve o vice de futebol, Breno Morais, o vice-presidente Guilherme Novinho, diretor executivo Francisco Sales e o vice jurídico, Alexandre Cavalcanti, a determinação é que os dirigentes sejam afastados do seu ofício.
Apesar dos dirigentes botafoguenses, alegar não ter recebido nenhum comunicado oficial, os mesmos exonerar-se de seus respectivos cargos.
Todos os réus, tiveram que entregar a justiça seus passaportes, os mesmos não podem sair do estado, a não ser com consentimento da justiça, deve apresentar-se mensalmente no cartório judicial da vara, não podem se ausentar de suas residências no período das 21h às 5h, além de ser vetado de entrar em contato com testemunhas e investigados, e frequentar a entidade e eventos esportivos.
FPF:
A primeira medida tomada pela Federação diante da Operação, foi o afastamento do presidente da Ceaf-PB, José Renato, investigado e apontado como um dos líderes da organização criminosa. Foi nomeado, o coronel Marcos Sobreira e o major Juceilton que assumiram e daria continuidade no comando da Comissão de Arbitragem.
Com a turbulência na FPF, em maio, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu afastar o então presidente Amadeu Rodrigues, a Comissão Ética, colocou um auditor, licenciado do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o mineiro Flávio Boson Gambogi em seu lugar, como interventor.
A intervenção relâmpago de Flávio teve a duração de apenas um mês, umas dos primeiros serviços prestados, foi a retirada do coronel e do major da Ceaf-PB, fez mudanças nas datas para a competições das categorias de base, o evento que o interventor frequentou foi o jogo do campeonato brasileiro de futebol feminino, o confronto entre Botafogo/PB e São Gonçalo-CE, os outros serviços foram internos, fez suas avaliações e prestou sua análise para a CBF, entregando o cargo em junho, o que era para durar até o fim das investigações.
Com o término da intervenção, Amadeu Rodrigues voltou à assumir o posto, mas a justiça atendeu a orientação do Ministério Público encerrando a concessão de poder do mandatário.
Com a saída definitiva de Amadeu, o vice Nosman Barreiro assumiu. Porém foi realizada uma Assembleia geral com o intuito de realizar um impeachment, 16 clubes participaram da reunião, 3 se abstiveram do voto, 12 votaram a favor da saída de Nosman, apenas 1 concordou com sua permanência na presidência.
Mas alguém precisava assumir o comando, então foi designado pelos representantes dos clubes presentes, Arthur Ferreira e Eduardo Faustino. Porém Nosman se articulou para que a decisão não entrasse em vigor, enviou um requerimento a um determinado cartório da capital, a medida surtiu efeito momentaneamente.
Nosman alegou que sua destituição, era movida por interesses políticos de candidatos que tinham interesse em se candidatar ao cargo e que a Federação tem 62 clubes associados, ou seja, 12 clubes, sendo seis profissionais, não poderiam tomar está decisão.
A relação de Amadeu e Nosman seu vice, não era das melhores deste do início do mandato, isso deve-se, ao presidente ter cortado vínculo com a ex-presidente Rosilene Gomes, que apoiou sua candidatura.
Nosman confessou que a Operação Cartola foi notificada por ele, mas antes disso ele já havia entrada na justiça contra Amadeu, alegando que o presidente faltava com transparência.
As acusações contra Nosman também surgiu, suspeito de falsificar documentos com assinaturas do clubes, justamente para que o presidente apresentasse as prestação de contas de 2015, mas o caso só veio à tona um ano depois. Acusado também de desviar verbas da segunda divisão do campeonato paraibano, a denúncia foi feita por Amadeu e encaminhada a CBF, mas a entidade máxima do futebol brasileiro não o incriminou e afastou os dois, por isso ocorreu a primeira intervenção.
A destituição de Nosman foi por decisão do STJD, pelas palavras utilizadas por ele, quando Amadeu voltou ao comando da FPF, chamando a CBF de corrupta.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo César Salomão Filho, observou a necessidadede de alguém dar sequência ao trabalho na FPF e convocou João Bosco Luz, membro do Pleno do Tribunal, o auditor só deixaria o cargo após as eleições.
Pré-eleição:
Amadeu Rodrigues antes de ser afastado da FPF, tinha o pensamento de se reeleger, mas com a sua destituição, apoiou o seu ex-diretor executivo, Eduardo Araújo, que lançou sua candidatura em julho.
O Botafogo/PB por sua vez garantiu apoio à Eduardo Araújo.
Após uma reunião com clubes e ligas amadoras, ficou definido que as eleições ocorreriam no primeiro dia do mês de setembro, mas o interventor revogou o edital publicado por Nosman e marcou uma nova data, passou à ser no dia 29 de setembro.
Os pré-candidatos tinham até o dia 19 de setembro para catalogar a sua candidatura, para concorrer às eleições era necessário apresentar o apoio de 16 associados, sendo oito clubes profissionais e oito ligas amadoras ou não profissionais.
Até então as eleições seria com chapa única, já que necessitava de no mínimo oito assinaturas para legaliza-lá. Só tinha uma possibilidade da existir outra candidatura, se pelo menos duas equipes assinasse em duas chapas, o que é proibido pelo regulamento, e invalidada as assinaturas.
Nos acréscimos! No último dia para apresentar a candidatura, Michelle Ramalho surpreendeu e lançou-se como concorrente de Eduardo Araújo. A Auditora do STJD conseguiu a assinatura de de 9 clubes profissionais, Treze, CSP, Santos-PB, Serrano, Internacional-PB, Desportiva Guarabira e também Nacional de Patos e Femar, os dois últimos registraram apoio nas duas chapas. Oito ligas amadoras também apoiaram, sendo uma, Boa Vista, do mesmo modo assinou apoio aos dois candidatos.
Uma das cláusulas do estatuto, é que para compor o Colégio eleitoral e está apto à votar, a agremiação não poderia ter nenhuma pendência financeira com a CBF e a FPF.
Ambos solicitaram a anulação da chapa adversária:
Michelle Ramalho alegou que o apoio recebido pelo seu adversário, dos clubes Botafogo/PB e Campinense, não são legítimo, já que os representantes dos dois clubes foram afastados de seus cargos, por estarem sendo investigados na Operação Cartola. Indagou ainda que um dos vices de Eduardo, Valdir Cabral, ex-presidente do Serrano, não poderia fazer parte da chapa, pois ele ainda faz parte da direção do clube no setor financeiro, e isso vai contra as regras do estatuto, onde componente das agremiações não pode pleitear cargo na FPF, entre outras indagações da candidata.
Já Eduardo Araújo argumentou que a sua opositora tem o auxílio de 7 clubes amadores, pois o Boa Vista extinguiu sua assinatura na chapa e ainda que outras cinco ligas não estão habilitadas para votar. Citou também que sua oponente não registrou a candidatura no Coselho Fiscal, onde parentes dos candidatos ou vices, não são admitido de acordo com as regras.
Porém a comissão eleitoral aprovou as duas chapas. As eleições ocorreu na data prevista, no último sábado (29), de um lado, estava o advogado Eduardo Araújo, ex-diretor executivo da Federação. Do outro, a advogada Michelle Ramalho, auditora do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), disputava a cadeira presidencial.
Chapa: “Por um futebol ético e eficiente”
Presidente: Eduardo Araújo
Vices: Arlan Rodrigues (ex-presidente do Atlético de Cajazeiras), José de Moraes (ex-presidente do Spartax), Valdir Cabral (ex-presidente do Serrano).
O Eduardo Araújo, tem 31 anos, advogado, foi diretor executivo da FPF na gestão de Amadeu Rodrigues, mas deixou o cargo quando Nosman assumiu a entidade.
Chapa: “Unidos somos fortes”
Presidente: Michelle Ramalho
Vices: Nosman Barreiro Filho (filho de Nosman Barreiro), Marcílio Braz (ex-presidente do Conselho Fiscal da FPF), Thalyta Gomes (neta da ex-presidenta Rosilene Gomes).
Michelle Ramalho, tem 40 anos, a advogada é conselheira da OAB-PB e auditora do STJD.
Eleição FPF:
Das 45 equipes, algumas com direito a mais de um voto, apenas uma se absteve, foi a liga de Poço de José de Moura.
Ao término da votação, foi a hora de computar os votos, que apresentou igualdade, 25 para cada chapa. Seguindo o regulamento, deveria ocorrer uma nova votação, se continuasse em empate, o vencedor seria definido de acordo com a idade.
Com o empate Michelle Ramalho ganharia a disputa por ser mais velha que o seu adversário, mas não foi necessário, na segunda votação, a Auditora venceu, por 26 à 24.
Depois do resultado das eleições, ocorreu uma Assembleia para definir se a posse seria momentânea, por decisão dos clubes, a nova presidente assumiu a Federação Paraibana de Futebol.
Com isso o interventor João Bosco Luz, deixou a FPF. Michelle Ramalho deve presidir a entidade máxima do futebol pelos próximos 4 anos.
A Federação volta a ser comandada pela figura feminina, o que não acontecia desde de abril de 2014, quando Rosilene Gomes foi afastada do cargo, por ordem judicial, devido às eleições de 2010 ter suspeita de fraudes. Rosilene sucedeu o seu marido, Juraci Pedro Gomes, assumindo a Federação em 1989.
Rosilene que foi uma das que apoiou a candidatura Michelle, que tem como um dos vices a neta da ex-presidente, assim como Nosman Barreiro que foi vice-presidente da FPF com o auxílio de Rosilene e agora o seu filho é vice da chapa eleita.
A mudança que não muda! Rosilene Gomes mesmo afastada, está sempre interferindo, ainda que de forma indireta, em quem assume a presidência da Federação Paraibana de Futebol, teve o marido no cargo durante 6 anos, passou 24 anos no posto, com a sua saída, apoiou Amadeu Rodrigues que foi eleito e assumiu meses depois, em 2015, e agora novamente com o seu auxílio Michelle Ramalho comanda a entidade máxima do futebol do estado.