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Un día como hoy: o Uruguai conquistava a Copa do Mundo de 1950

Uma das histórias mais lembradas do futebol mundial completa 70 anos neste 16 de julho de 2020, o Maracanazo. Em uma tarde de 1950, Brasil e Uruguai jogavam a partida que valeria como a final da primeira Copa do Mundo sediada em solo brasileiro. O resultado foi a alegria dos visitantes e a tristeza dos locais.

Un día como hoy rememora grandes datas, jogos, feitos, aniversários e gols do futebol sul-americano. E o de hoje é mais que especial: 70 anos do tetracampeonato mundial do Uruguai (bicampeonato da Copa do Mundo) e também o marco do jejum da Celeste Olímpica, que nunca mais chegou à glória de um mundial.

Copa de 50

O Brasil sediou sua primeira Copa do Mundo em 1950, a segunda foi em 2014. Muito menor em número de participantes que a atual, o mundial de 50 teve apenas dez seleções em quatro grupos. Seriam 16, mas três desistiram pouco antes de a bola rolar. Ao todo, eram seis cidades-sede: Rio de Janeiro (Maracanã), São Paulo (Pacaembu), Belo Horizonte (Independência), Curitiba (Durival de Britto), Porto Alegre (Eucaliptos) e Recife (Ilha do Retiro).

O Brasil estava no grupo 1 com Yuguslavia, Suíça e México. O grupo 2 tinha Inglaterra, Estados Unidos, Chile e Espanha. O grupo 3 tinha Itália, Suécia e Paraguai. O grupo do Uruguai era o 4 e só teve uma partida, Uruguai e Bolívia. Os primeiros de cada chave avançavam para o quadrangular final. A Copa de 50 foi a única sem uma final propriamente dita. Brasil, Uruguai, Espanha e Suécia chegaram para a disputa dos três jogos finais.

Os dois favoritos eram os sul-americanos e após duas rodadas, veio a certeza de que o título ficaria no continente. O último jogo ganhou ares de final, apesar do regulamento não prever. O Brasil ganhou seu primeiro jogo por 7 a 1 da Suécia e o Uruguai empatou por 2 a 2 com a Espanha. A segunda rodada foi de vitória para ambos, Celeste Olímpica 3 a 2 nos suecos e outra goelada da seleção local por 6 a 1 nos espanhóis. A terceira rodada definiria tudo.

Maracanazo

Às 15 horas do dia 16 de julho de 1950, Brasil e Uruguai davam inicio ao jogo que ficaria para a história. No outro embate no mesmo horário, A Suécia conquistou seu terceiro lugar. Por jogar em casa e ter a torcida a seu favor, a Seleção Canarinha era favorita. 200 mil pessoas estavam presentes naquele jogo.

O Brasil entrou com Barbosa; Augusto, Juvenal e Bigode; Bauer, Danilo, Zizinho e Jair; Friaça, Ademir e Chico; treinador Flávio Costa. O Uruguai vinha com Roque Gastón Máspoli; Matías González e Eusebio Tejera; Schubert Gambetta. Obdulio Varela e Víctor Andrade; Alcides Ghiggia, Julio Pérez, Óscar Míguz, Juan Alberto Schiaffino e Rubén Morán; treinador Juan López.

Antes do jogo, o treinador uruguaio até pediu para a equipe jogar defensivamente para não perder de muito. Depois que saiu do vestiário, o capitão Varela chamou a equipe e disse que “Juancito es un buen hombre, pero ahora se equivoca”. E falou para o time não jogar atrás. Na subida para o campo, motivou a equipe dizendo que “muchacos, los de afuera son de palo” (frase em espanhol que significa que os de fora são inferiores tecnicamente).

O primeiro tempo foi 0 a 0 com o Uruguai se salvando como dava contra um Brasil que atacava. O empate era brasileiro por ter quatro pontos e o Uruguai apenas três. No começo do segundo tempo, Friaça abriu o placar, festa no Maracanã. O time visitante teve que acalmar o jogo, ‘cozinhando-o’, e em jogada de Ghiggia, Schiaffino empatou aos 21 minutos.

Gol do brasileiro Friaça o começo do segundo tempo (Arquivo Nacional)

A torcida e a imprensa locais queriam a vitória e o Brasil foi para cima mesmo que a igualdade lhe favorecesse. Aos 34 minutos, o Uruguai tomou a bola e foi para o ataque, era o gol do mundo. Varela lançou Ghiggia, que tabelou com Julio Pérez, já na área, o camisa 7 tinha duas opções: cruzar (como no primeiro gol) ou chutar. O goleiro Barbosa, convicto que o rival cruzaria, deu um passo para frente. Nisso, Ghiggia ‘cometeu o crime’.

O gol no primeiro pau calou o Maracanã até o final do jogo e pôs o 2 a 1 no placar. Todos os mais de 200 mil presentes estavam incrédulos. O favorito Brasil perdia a Copa do Mundo em casa. Há 70 anos, acontecia o Maracanazo.

Ghiggia comemorando e a bola no fundo do gol (Reprodução/Estadão)

Foto de capa: Instituto Moreira Salles