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O gigante do Gran Parque Central: Nacional do Uruguai

O Nacional, do Uruguai, sediado é um dos gigantes clubes sul-americanos e está na prateleira dos tricampeões da Copa Libertadores da América. Nascido da junção de outras associações, é uma instituição americana que surgiu dos povos que nasceram aqui após a colonização europeia. Da cidade de Montevidéu, capital do Uruguai, joga no Gran Parque Central, uma das sedes da primeira Copa do Mundo, em 1930, e tem o recorde de participações em Libertadores, junto ao seu rival, Peñarol.

Os Bolsilludos, como também são conhecidos, estão no grupo F, junto a Racing Club, da Argentina, Estudiantes de Mérida, da Venezuela, e Alianza Lima, do Peru. Antes da parada por conta da pandemia, foram jogadas duas rodadas da Copa, e o Decano venceu os dois jogos, ficando com seis pontos ao lado dos argentinos. Esse texto faz parte da série do Mercado do Futebol em que contamos mais sobre os times não-brasileiros presentes na Libertadores de 2020. Confira a última abaixo:

História

O Club Nacional de Football nasceu em 14 de maio de 1899, é um dos clubes mais antigos da América do Sul e, segundo sua torcida, o mais antigo do Uruguai, tendo a alcunha de decano. Mas essa é uma discussão que move carboneros, torcedores do Peñarol, e torcedores do Albion. O certo nessa história é que o Nacional surgiu de uma revolução no futebol local.

Criollos (em português, crioulos), filhos de espanhóis que nasciam em solo americano, eram impedidos de jogar futebol em vários clubes, entre eles Peñarol e Albion. Assim, um grupo de estudantes crioulos juntaram o Uruguay Athletic Club e Montevideo Football Club, o nome da equipe veio da ideia dele ser uma equipe uruguaia, por isso seu nome, Nacional. A primeira partida foi em 25 de julho de 1899 a primeira formação foi com Alejandro Cordero, Arturo Corradi, Jorge Ballestero, Félix N. Rosati, Carlos Carve Urioste, Bernardino Daglio, Jaime Gianetto, Sebastián Puppo, Domingo Prat, Juan Vallarino e Melitón Romero. Vale destacar que todos foram presidentes do clube.

Sua filiação à Associação Uruguaia de Futebol (AUF) foi em 1901. Seu primeiro título veio no ano seguinte, vencendo todos os jogos e conquistando o Uruguaio. O campeonato de 1903, que terminou em 1904, também foi vencido pelos Bolsos.

Na partida anual do Rio da Prata entre Argentina e Uruguai de 1903, o time do Nacional, então campeão uruguaio,
foi a seleção que ganhou pela primeira vez da Argentina na história por 3 a 2 (Wikipedia)

Em 1925, o clube fez uma das maiores excursões pelo continente europeu de um clube da América do Sul. A ‘Gira de 25’, impulsionada pela conquista do ouro uruguaio nas Olímpiadas de Paris em 1924, durou 190 dias e 38 partidas foram jogadas em nove países diferentes, França, Itália, Espanha, Países Baixos, Checoslováquia, Bélgica, Suíça, Áustria e Portugal. Desses jogos, o Nacional ganhou 26, empatou sete e perdeu cinco somente. Marcou incríveis 130 gols e sofreu 30.

Nacional em Paris durante sua excursão (Wikipedia)

Títulos

O Nacional é o clube com mais títulos na história do futebol uruguaio, são 159 títulos oficiais, 137 nacionais e 22 internacionais reconhecidos pela AUF. Os destaques ficam para os 47 Campeonatos Uruguaios. É a equipe com mais títulos, porém, se somarmos os títulos do Peñarol com o Central Uruguay Railway Cricket Club (CURCC), os carboneros somam 50. Assim como o decanato, fica o dilema.

A curiosidade aleatória é que Marcelo Gallardo conquistou seu único campeonato nacional como treinador
em seu primeiro trabalho, no Nacional do Uruguai, na temporada 2011-12 (El Tiempo de River)

Em títulos internacionais, além das três Libertadores (1971, 1980 e 1988) e dos três Mundiais, a equipe ainda soma 16 taças. São elas: duas Copas Competencia Rioplatense, quatro Copas de Honor Rioplatense o Cousenier, seis Copas Río de la Plata, uma Copa de Confraternidad Escobar-Gerona, uma Copa Interamericana e uma Recopa Sul-Americana.

Elenco do Nacional em seu primeiro título de Libertadores (Reprodução)

Cancha

O Gran Parque Cetral fica localizado no coração do Bairro de La Blaqueada, tem capacidade para 34 mil pessoas e tem um projeto de expansão para chegar a 40 mil lugares. É a cancha mais antiga da América e uma das 15 mais antigas do mundo. A história do futebol passa pela casa do Nacional. Foi lá que tivemos uma das partidas inaugurais da primeira Copa do Mundo, em 1930, entre Estados Unidos e Bélgica. Inaugurado em 1900, foi casa da Celeste Olímpica até a inauguração do Estádio Centenário.

São quatro setores: tribuna José María Delgado (Tribuna Norte), tribuna Atilio García (Tribuna Sul), tribuna Abdón Porte (Tribuna Oeste), tribuna Héctor Scarone (Tribuna Leste). Todas em homenagem a ídolos do Decano. O Estádio já teve três reconstruções. A primeira em 1923 por conta de um incêndio que sucumbiu as estruturas de madeira, a segunda em 1941 para construção de estruturas em cimento e a última finalizada em 2005 para uma modernização.

Gran Parque Central, casa do Nacional do Uruguai (Arquivo/Nacional)

Participações em Libertadores

O Nacional é um dos mais tradicionais quando se fala em Copa Libertadores da América. Apesar de não conquistar a América há 32 anos, é o recordista em participações, junto ao Peñarol, e um dos cinco tricampeões. Além do Bolso, Olímpia, São Paulo, Santos e Grêmio têm três Copas. O time do Gran Parque Central tem 48 participações, contando a atual, e a maior sequência vigente de participações seguidas. Desde 1997, o time não sabe o que é ficar fora da competição.

O Nacional ostenta também a segunda maior pontuação na tabela histórica da Libertadores. Atrás apenas de River Plate, os Tricolores, em 47 participações, têm 506 pontos, 165 vitórias, 104 empates e 118 derrotas. Marcou 542 gols e sofreu 418. Foram três conquistas: 1971, 1980 e 1988 e três vice-campeonatos: 1964, 1967 e 1969. Sua melhor participação nos últimos anos foi as quartas de final em 2016.

A comemoração do Nacional em sua segunda Libertadores, que comemora 40 anos neste 6 de agosto (Arquivo/Nacional)

Foto de capa: Wikipedia